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E lá vamos nós com mais um especial com os melhores e mais interessantes lançamentos da última quinzena. Mais uma vez, a lista apresentada é bastante eclética, indo desde os consagrados Demi Lovato e Rod Stewart até nomes que nem todos conhecem, como é o caso das Savages (ao lado), ou do trabalho musical da atriz e comediante Clarice Falcão. Divirtam-se e até daqui a quinze dias!Demi Lovato - Demi
Sem dúvida o grande lançamento da música pop nas últimas duas semanas, Demi Lovato voltou com tudo neste que é o seu quarto álbum de estúdio.
Como manda a tradição, o disco equilibra-se entre canções dançantes e baladas de tom mais sério, estas mostrando uma faceta mais amadurecida da cantora. O conjunto se mostra eficiente e feito sob medida para o enorme fã-clube da cantora. Os críticos, apesar de algumas reservas, também demonstraram boa vontade para com o CD, que deve ter um bom desempenho comercial.
Ouça "Heart Attack" com Demi Lovato, presente no álbum "Demi":
O Grande Gatsby - Trilha-Sonora
O filme de Baz Luhrmann, que estreia no Brasil no mês que vem, está sendo massacrado pelos críticos, ao contrário do público, que está sendo mais receptivo com a adaptação cinematográfica do clássico da literatura norte-americana. Já a sua trilha-sonora teve melhor sorte.
O álbum, que teve produção executiva de Jay-Z, foi elogiado pela imprensa e estreou no segundo posto da parada da Billboard, o que faz prever que o álbum pode vir a se tornar uma daquelas trilhas que ganham vida própria.
A sacada de transportar a música pop dos dias de hoje para outras eras não é exatamente nova - a própria trilha de "Moulin Rouge", também de Luhrmann, já brincava com a ideia. A diferença aqui é que temos uma espécie de "via de mão dupla" em que o hip-hop, a música eletrônica e outros sons contemporâneos são usados para embalar uma história passada nos anos 20.
Contando com a presença de pesos-pesados como Beyoncé, Florence Welch, Lana Del Rey (ao lado), Fergie e Emeli Sandé (numa divertida releitura de "Crazy In Love (feat. Jay Z)", de Beyoncé, em ritmo de ragtime), a trilha de O Grande Gatsby se mostra um artigo raro, um álbum com grande apelo comercial e artisticamente íntegro.
Ouça "Young And Beautiful" com Lana Del Rey, da Trilha-Sonora de "O Grande Gatsby":
Rod Stewart - Time
De tempos em tempos, Rod Stewart parece lembrar-se de que já foi um dos mais viscerais e completos cantores de toda a história do rock. Isso se deu há muitos anos, mais ou menos entre 1969 e 1975, quando ele acabou seduzido pelo estilo de vida de Los Angeles, onde modelos, mansões e muita decadência são a palavra de ordem. Talvez inspirado pelas memórias que tiveram que vir à tona enquanto escrevia sua bem sucedida autobiografia lançada no ano passado, Rod resolveu botar a mão na massa e fazer um disco onde ele, e não o produtor, é a figura que dá as cartas.
Foi assim que nasceu "Time", um álbum no qual quase todas as faixas contam com a sua co-autoria e que é o seu melhor LP em muitos e muitos anos. Aqui não temos o Rod Stewart de terno e gravata que canta standards do cancioneiro americano ou temas natalinos, mas sim o velho cantor fã de soul, rock e baladas de cortar o coração.
O álbum pode não ser tão bom quanto seus primeiros discos solo ou os que gravou com os Faces - até porque isso é quase impossível. Mas ele serve para colocar Stewart na pauta do dia. Não à toa, teve crítico falando que, guardadas as devidas proporções, esse era um retorno tão bem-vindo e inesperado quanto o de David Bowie.
Ouça "It's Over" com Rod Stewart, presente no álbum Time:
Clarice Falcão - Monomania
Por incrível que pareça, a última quinzena viu o lançamento de dois discos com o nada comum título "Monomania". O primeiro deles é esse simpático primeiro álbum de Clarice Falcão, que vocês provavelmente conhecem como atriz do coletivo de humor "Porta dos Fundos".
Só não esperem o escracho sem limites do grupo neste álbum. "Monomania" é repleto de canções de acento indie-folk e aposta bem mais no romantismo e na melancolia do que na sátira - ainda que o senso de humor da atriz/cantora/escritora permeie boa parte das faixas deste inspirado trabalho.
Ouça "Monomania" com Clarice Falcão, presente no álbum "Monomania":
Deerhunter - Monomania
Já este outro "Monomania" é um bicho completamente diferente. Filho da mente pra lá de complicada do líder Bradford Cox, um cara de sexualidade complicada que aos 31 anos diz ainda ser virgem, este é o sexto álbum que ele lança com o Deerhunter, uma das poucas bandas a ainda apontarem algum novo caminho dentro do chamado indie-rock.
O som da banda continua de difícil classificação, englobando muito ruído, altas doses de eco - ainda que em menor escala que nos álbuns anteriores -, e produção lo-fi.
Isso não significa que Cox tenha gravado um disco inaudível ou apenas para iniciados, ainda que ele obviamente não seja para todos os públicos. Isso porque ele é um bom autor de riffs e melodias, além de letrista inspirado. São essas qualidades que fazem com que "Monomania" se qualifique como forte candidato a figurar nas listas de grandes álbuns de 2013.
Ouça "Monomania" com Deer Hunter, presente no álbum "Monomania":
Joe Satriani - Unstoppable Momentum
O virtuoso guitarrista dá sequência a uma carreira que já passa dos vinte e cinco anos com seu 14° álbum de estúdio. Quem conhece o trabalho do músico já sabe o que esperar: rock instrumental com pegada hard rock, mas aberto a influências externas, seja jazz, world music ou mesmo a boa música pop.
A diferença entre Satriani e outros "shredders", os guitarristas que conseguem tocar dezenas de notas por segundo, é que ele sabe que às vezes é preciso pisar no freio e deixar o "feeling" falar mais alto do que a velocidade.
Ouça "A Door Into Summer" com Joe Satriani, do álbum "Unstoppable Momentum":
Vampire Weekend - Modern Vampires Of The City
Após três anos sem lançar um novo álbum, o Vampire Weekend está de volta. A banda, que conquistou o público indie e a crítica com sua mistura nada comum de indie rock, afrobeat e pop com influência de world music - tramado nos anos 80 por gente como Paul Simon -, não mudou muito, e isso, no caso deles, é algo bom, até porque o quarteto é dono de um som único no cenário atual. Some-se a isso a presença de uma balada com pinta de clássica, a bela "Step", e a evolução da banda na arte de criar grandes melodias e tem-se um disco para se ouvir de cabo a rabo com um sorriso no rosto.
Ouça "Step" com o Vampire Weekend, presente em "Modern Vampires Of The City":
Savages - Silence Yourself
Caso ainda não conheça, guarde bem o nome desta banda, porque essas garotas estão dando muito o que falar. Apesar de ter saído na semana passada, a impressão que se tem ao ouvir "Silence Yourself" é a de que um disco perdido do pós-punk mais militante do início dos anos 80 caiu em suas mãos.
Ou seja, é uma música séria, por vezes abrasiva, e com letras panfletárias, com nítidas influências de Slits e Siouxsie. O talento do grupo surge na hora de dosar esse lado amargo com momentos mais pop e mesmo dançantes.
Confira "Shut Up" com as Savages, presente no álbum "Silence Yourself":
Lady Antebellum - Golden
Este é o quarto álbum deste trio que consegue fazer sucesso nos mercados country e pop. Não à toa, nos Estados Unidos ele estreou no topo dessas duas paradas.
Claro que, para conseguir tamanha penetração, a música country do Lady Antebellum precisou ser diluída de forma a agradar o maior número possível de pessoas (e programadores de rádio). Esse tipo de estratégia naturalmente desagrada aos fãs mais ferrenhos do estilo, que preferem discos de artistas que prezam um certo "tradicionalismo" em suas gravações.
Mas é fato que, por baixo de toda a megaprodução que orna as faixas deste "Golden", é notável que o "sentimento de raiz" ainda bate no coração de Hillary Scott, Charles Kelley e Dave Haywood, e é esse apego que traz uma boa dose de alma a esse lançamento.
Ouça Downtown com o Lady Antebellum, presente no álbum Golden: