Black Sabbath - 13
Antes de mais nada, convém lembrar que esse é o primeiro álbum do Black Sabbath em 18 anos - o último álbum de inéditas a sair com o nome deles na capa foi o esquecível "Forbidden". Nesse mesmo tempo, entre 1970 e 1988, a banda lançou 13 álbuns. Portanto, clichês do tipo "o melhor disco da banda em duas décadas" não fazem muito sentido aqui.
Se o assunto então for discos do Black Sabbath com Ozzy Osbourne nos vocais, seremos obrigados a voltar até 1978, ano do também não muito bem sucedido "Never Say Die".
Desde então, os caminhos da banda e do seu ex-vocalista tomaram rumos bem diferentes. Ozzy seguiu como estrela de primeira grandeza e construiu uma carreira solo de altos e baixos, mas sempre bem sucedida. Já o guitarrista Tony Iommi ficou com o nome da banda, com a qual lançou discos que variam do bom ("Heaven And Hell" e "Mob Rules", com os vocais de Ronnie James Dio) ao dispensável (basicamente o resto, ainda que alguns dos álbuns tenham seus defensores).
Isso para dizer que este era um álbum antes de tudo necessário para dar uma sensação de encerramento na carreira desta banda, que é, seguramente, uma das mais importantes da história do rock. Um grupo que passou anos sendo vítima de escárnio dos críticos até se tornar influência fundamental para gerações e gerações de músicos - e não só os que se dedicam ao rock pesado, para quem eles escreveram toda a cartilha.
Isso não significa que jamais teremos outro trabalho do agora trio, mas não apostem muito nisso. O que importa é que "13" é um álbum decente. Muito decente, aliás. Claro que não podemos compará-lo com o insuperável material gravado por eles entre 1970 e 1975.
Mas, se colocado frente a frente com os três últimos álbuns que Ozzy gravou com o grupo ou com boa parte de seus trabalhos solo, o novo disco está no mínimo no mesmo patamar.
Se existe um responsável por esse bom desempenho, ele atende pelo nome de Rick Rubin, o produtor que, antes de tudo, sempre foi um grande fã do grupo. Foi ele quem forçou Ozzy, Iommi e o baixista Geezer Butler a reouvirem seus primeiros discos de forma que eles recuperassem não só a velha chama, como o estilo que os tornou únicos.
Ele ainda precisou lidar com vários problemas que surgiram no meio do caminho. E não falamos de probleminhas, mas da descoberta de que Tony estava com câncer - o que atrasou todo o cronograma da banda -, a saída do baterista original Bill Ward, descontente com o contrato que lhe foi oferecido (no disco quem o substituiu foi Brad Wilk, do Rage Against The Machine) e mais uma ou duas recaídas de Ozzy.
"13", em sua versão standard, tem oito faixas, o mesmo número que quase todos os discos clássicos deles, algo que seguramente não é coincidência.
Ele também não parece ter sido feito com muita preocupação com o rádio, com suas faixas longas e climáticas, que também remetem aos anos de ouro do grupo.
No final das contas, o bom mesmo é ver que aqui cada um fez o que era esperado de si. Iommi criou mais uma série de grandes riffs, Ozzy criou grandes e potentes melodias para emoldurar as canções e Geezer Butler completou tudo com suas tradicionais letras que lidam com uma gama de assuntos que vão bem além do ocultismo, que muitos acreditam ser o único assunto a que ele se dedica. Caminhando para chegar ao topo das principais paradas do planeta, "13" se mostra um belo exemplo de sucesso comercial, artístico e de marketing.
Confira "God Is Dead?" com o Black Sabbath, presente no álbum "13":
Beady Eye - BE
Quem também está de volta é o Beady Eye, também conhecido como o "Oasis sem Noel Gallagher". Se você é dos que pensam assim, aqui vai a boa notícia. Neste disco, a banda conseguiu ir um pouco além e dá sinais de que está construindo uma identidade própria.
É claro que a voz de Liam Gallagher é por demais característica e o som da banda continua ainda devedor do rock inglês dos anos 60 e 70, mas "BE" dá sinais de que a banda pode ir além, e o responsável por isso foi a providencial e inesperada chamada do produtor Dave Sitek para pilotar o trabalho.
A escolha surpreende por Sitek ser integrante do TV On The Radio e ter feito seu nome produzindo as bandas do Brooklin nova-iorquino, mais notadamente os Yeah Yeah Yeahs. Ou seja, a praia dele é rock universitário e intelectualizado, algo bem distante do universo hooligan de Liam Gallagher, que chegou a dizer que não fazia a menor ideia de quem era Sitek e só aceitou o nome dele como produtor por querer exatamente sair da sua área de conforto.
Com o disco pronto, o que dá para falar é que a experiência foi no geral bem-sucedida. Ainda que boa parte do álbum soe previsível, algo não necessariamente ruim, há muita coisa no trabalho que surpreende pelo inusitado. Entre esses bons momentos está o single "Second Bite Of The Apple", com clima psicodélico e um ótimo arranjo de metais.
"BE" ao final prova que Liam Gallagher (ao lado), e também Andy Bell e Gem Archer, que aqui têm tanto destaque quanto o vocalista, têm o que dizer. Aos poucos, eles vão dando sinais de que um dia conseguirão se livrar da sombra do Oasis, por mais difícil que isso possa parecer.
Ouça "Second Bite Of The Apple" com o Beady Eye presente no álbum "BE":
Sandy - Sim
Se ser ex-astro mirim já é complicado, imagine então também ser um ex-astro teen. Que Sandy tenha conseguido chegar à idade adulta, com a carreira nos trilhos e com sua sanidade intacta já é razão mais do que suficiente para lhe dar uns pontos de crédito.
Se em seu disco anterior a cantora viu uma maior necessidade em romper com seu passado apostando em um trabalho mais próximo da MPB e com baladas de luxo, aqui ela parece estar mais desencanada e com a preocupação de fazer um bom disco de música pop.
"Aquela Dos 30", o single lançado no ano passado como forma de marcar a chegada dos seus trinta anos, já mostrava que uma "nova Sandy", mais bem-humorada, estava surgindo. A canção, acompanhada por um piano contagiante e um arranjo com citações ao indie rock e ao pop dos anos sessenta, foi uma das boas surpresas de 2012.
Naturalmente, temos aqui algumas canções ao estilo que a consagrou. Mas o melhor do álbum está em faixas como "Ninguém É Perfeito" ou a igualmente boa "Escolho Você".
Ouça "Escolho Você" com Sandy, presente no disco "Sim":
Big Time Rush - 24/Seven
Se Sandy já passou pela sua crise de idade, os jovens do Big Time Rush, todos com 22/23 anos, ainda podem levar a carreira de ídolos de adolescentes sem maiores preocupações.
Este é o terceiro disco do grupo surgido a partir da popular série da Nickelodeon e vem com as canções que fazem parte da quarta temporada do programa de televisão. Ele traz o que se espera desse tipo de trabalho: música pop simples, dançante e extremamente bem produzida, sem maiores invencionices, mas de apelo e competência incontestáveis.
Por outro lado, é bom salientar que parte dessas músicas contam com a coautoria de um ou mais membros da banda, mostrando que os garotos estão tomando mais as rédeas dos seus discos. Outro ponto a favor está no som mais orgânico do disco, com uma maior presença de guitarras em contraponto ao som mais próximo da dance music que caracterizava os últimos lançamentos do quarteto.
Ouça "Like Nobody's Around com o Big Time Rush, presente no álbum "24/Seven":
Sleeping With Sirens - Feel
Seguramente, a grande surpresa da parada americana desta semana foi a entrada direto na terceira colocação do terceiro álbum deste grupo que faz uma mistura de punk, pop e rock alternativo. Isso porque o disco anterior deles não tinha ido além da 78ª posição (ainda que um EP do ano passado os tenha levado ao Top 20).
"Feel" é perfeito para quem curte o rock com tinturas pop que toca nas nossas "rádios rock" - aquela mistura de pegada "nervosa" e melodias assobiáveis com elementos da música eletrônica e hip hop surgindo ocasionalmente.
Ouça "Alone (Feat. Machine Gun Kelly)" com o Sleeping With Sirens, do álbum "Feel":
Antes de mais nada, convém lembrar que esse é o primeiro álbum do Black Sabbath em 18 anos - o último álbum de inéditas a sair com o nome deles na capa foi o esquecível "Forbidden". Nesse mesmo tempo, entre 1970 e 1988, a banda lançou 13 álbuns. Portanto, clichês do tipo "o melhor disco da banda em duas décadas" não fazem muito sentido aqui.
Se o assunto então for discos do Black Sabbath com Ozzy Osbourne nos vocais, seremos obrigados a voltar até 1978, ano do também não muito bem sucedido "Never Say Die".
Desde então, os caminhos da banda e do seu ex-vocalista tomaram rumos bem diferentes. Ozzy seguiu como estrela de primeira grandeza e construiu uma carreira solo de altos e baixos, mas sempre bem sucedida. Já o guitarrista Tony Iommi ficou com o nome da banda, com a qual lançou discos que variam do bom ("Heaven And Hell" e "Mob Rules", com os vocais de Ronnie James Dio) ao dispensável (basicamente o resto, ainda que alguns dos álbuns tenham seus defensores).
Isso para dizer que este era um álbum antes de tudo necessário para dar uma sensação de encerramento na carreira desta banda, que é, seguramente, uma das mais importantes da história do rock. Um grupo que passou anos sendo vítima de escárnio dos críticos até se tornar influência fundamental para gerações e gerações de músicos - e não só os que se dedicam ao rock pesado, para quem eles escreveram toda a cartilha.
Isso não significa que jamais teremos outro trabalho do agora trio, mas não apostem muito nisso. O que importa é que "13" é um álbum decente. Muito decente, aliás. Claro que não podemos compará-lo com o insuperável material gravado por eles entre 1970 e 1975.
Mas, se colocado frente a frente com os três últimos álbuns que Ozzy gravou com o grupo ou com boa parte de seus trabalhos solo, o novo disco está no mínimo no mesmo patamar.
Se existe um responsável por esse bom desempenho, ele atende pelo nome de Rick Rubin, o produtor que, antes de tudo, sempre foi um grande fã do grupo. Foi ele quem forçou Ozzy, Iommi e o baixista Geezer Butler a reouvirem seus primeiros discos de forma que eles recuperassem não só a velha chama, como o estilo que os tornou únicos.
Ele ainda precisou lidar com vários problemas que surgiram no meio do caminho. E não falamos de probleminhas, mas da descoberta de que Tony estava com câncer - o que atrasou todo o cronograma da banda -, a saída do baterista original Bill Ward, descontente com o contrato que lhe foi oferecido (no disco quem o substituiu foi Brad Wilk, do Rage Against The Machine) e mais uma ou duas recaídas de Ozzy.
"13", em sua versão standard, tem oito faixas, o mesmo número que quase todos os discos clássicos deles, algo que seguramente não é coincidência.
Ele também não parece ter sido feito com muita preocupação com o rádio, com suas faixas longas e climáticas, que também remetem aos anos de ouro do grupo.
No final das contas, o bom mesmo é ver que aqui cada um fez o que era esperado de si. Iommi criou mais uma série de grandes riffs, Ozzy criou grandes e potentes melodias para emoldurar as canções e Geezer Butler completou tudo com suas tradicionais letras que lidam com uma gama de assuntos que vão bem além do ocultismo, que muitos acreditam ser o único assunto a que ele se dedica. Caminhando para chegar ao topo das principais paradas do planeta, "13" se mostra um belo exemplo de sucesso comercial, artístico e de marketing.
Confira "God Is Dead?" com o Black Sabbath, presente no álbum "13":
Beady Eye - BE
Quem também está de volta é o Beady Eye, também conhecido como o "Oasis sem Noel Gallagher". Se você é dos que pensam assim, aqui vai a boa notícia. Neste disco, a banda conseguiu ir um pouco além e dá sinais de que está construindo uma identidade própria.
É claro que a voz de Liam Gallagher é por demais característica e o som da banda continua ainda devedor do rock inglês dos anos 60 e 70, mas "BE" dá sinais de que a banda pode ir além, e o responsável por isso foi a providencial e inesperada chamada do produtor Dave Sitek para pilotar o trabalho.
A escolha surpreende por Sitek ser integrante do TV On The Radio e ter feito seu nome produzindo as bandas do Brooklin nova-iorquino, mais notadamente os Yeah Yeah Yeahs. Ou seja, a praia dele é rock universitário e intelectualizado, algo bem distante do universo hooligan de Liam Gallagher, que chegou a dizer que não fazia a menor ideia de quem era Sitek e só aceitou o nome dele como produtor por querer exatamente sair da sua área de conforto.
Com o disco pronto, o que dá para falar é que a experiência foi no geral bem-sucedida. Ainda que boa parte do álbum soe previsível, algo não necessariamente ruim, há muita coisa no trabalho que surpreende pelo inusitado. Entre esses bons momentos está o single "Second Bite Of The Apple", com clima psicodélico e um ótimo arranjo de metais.
"BE" ao final prova que Liam Gallagher (ao lado), e também Andy Bell e Gem Archer, que aqui têm tanto destaque quanto o vocalista, têm o que dizer. Aos poucos, eles vão dando sinais de que um dia conseguirão se livrar da sombra do Oasis, por mais difícil que isso possa parecer.
Ouça "Second Bite Of The Apple" com o Beady Eye presente no álbum "BE":
Sandy - Sim
Se ser ex-astro mirim já é complicado, imagine então também ser um ex-astro teen. Que Sandy tenha conseguido chegar à idade adulta, com a carreira nos trilhos e com sua sanidade intacta já é razão mais do que suficiente para lhe dar uns pontos de crédito.
Se em seu disco anterior a cantora viu uma maior necessidade em romper com seu passado apostando em um trabalho mais próximo da MPB e com baladas de luxo, aqui ela parece estar mais desencanada e com a preocupação de fazer um bom disco de música pop.
Divulgação
"Sim" seguramente irá agradar aos admiradores de Sandy, mesmo porque ela é dona de um dos mais ardorosos fã-clubes do país, mas também pode, e deve, surpreender quem nunca prestou muita atenção à sua carreira."Aquela Dos 30", o single lançado no ano passado como forma de marcar a chegada dos seus trinta anos, já mostrava que uma "nova Sandy", mais bem-humorada, estava surgindo. A canção, acompanhada por um piano contagiante e um arranjo com citações ao indie rock e ao pop dos anos sessenta, foi uma das boas surpresas de 2012.
Naturalmente, temos aqui algumas canções ao estilo que a consagrou. Mas o melhor do álbum está em faixas como "Ninguém É Perfeito" ou a igualmente boa "Escolho Você".
Ouça "Escolho Você" com Sandy, presente no disco "Sim":
Big Time Rush - 24/Seven
Se Sandy já passou pela sua crise de idade, os jovens do Big Time Rush, todos com 22/23 anos, ainda podem levar a carreira de ídolos de adolescentes sem maiores preocupações.
Este é o terceiro disco do grupo surgido a partir da popular série da Nickelodeon e vem com as canções que fazem parte da quarta temporada do programa de televisão. Ele traz o que se espera desse tipo de trabalho: música pop simples, dançante e extremamente bem produzida, sem maiores invencionices, mas de apelo e competência incontestáveis.
Por outro lado, é bom salientar que parte dessas músicas contam com a coautoria de um ou mais membros da banda, mostrando que os garotos estão tomando mais as rédeas dos seus discos. Outro ponto a favor está no som mais orgânico do disco, com uma maior presença de guitarras em contraponto ao som mais próximo da dance music que caracterizava os últimos lançamentos do quarteto.
Ouça "Like Nobody's Around com o Big Time Rush, presente no álbum "24/Seven":
Sleeping With Sirens - Feel
Seguramente, a grande surpresa da parada americana desta semana foi a entrada direto na terceira colocação do terceiro álbum deste grupo que faz uma mistura de punk, pop e rock alternativo. Isso porque o disco anterior deles não tinha ido além da 78ª posição (ainda que um EP do ano passado os tenha levado ao Top 20).
"Feel" é perfeito para quem curte o rock com tinturas pop que toca nas nossas "rádios rock" - aquela mistura de pegada "nervosa" e melodias assobiáveis com elementos da música eletrônica e hip hop surgindo ocasionalmente.
Ouça "Alone (Feat. Machine Gun Kelly)" com o Sleeping With Sirens, do álbum "Feel":