"Depois da tempestade, vem a bonança" diz o ditado. Ditado que se aplica muito bem ao mundo da música. Exemplos mostram como algumas brigas chegam a estimular nossos artistas prediletos a criar novas obras, que algumas vezes se transforam em grandes sucessos.
Quando não criam sucessos, esses compositores escrevem algumas de suas obras mais pessoais, profundas e inspiradas.
Foi pensando nisso, que o Vagalume fez um apanhado dos barracos mais notórios na música, que acabaram rendendo canções marcantes. Casais, ex-namorados, amigos, inimigos... documentamos aqui relacionamentos difíceis, que geraram não apenas tapas e palavras ofensivas, mas também músicas que ficarão marcadas.
Confira os principais barracos da música:
Mariah Carey x Eminem
A música pode ser usada como um verdadeiro arsenal, em uma batalha de palavras. E isso ficou mais do que claro na briga entre os ex-namorados Eminem e Mariah Carey. Ex-namorados na versão do rapper, nunca confirmada oficialmente pela diva Pop.
Isso deixou Eminem, que já não é um pessoa de muitos amigos, enfurecido. Foi então que a guerra de palavras começou em sua música "Superman (feat. Dina Rae)", do disco "The Eminem Show": "Bitch if you died, I wouldn't buy you life/What you tryin' to be my new wife?/What you Mariah?" (Vagabunda se você morresse, não compraria uma vida pra você. O que você tá tentando ser, minha nova esposa? Qual é a sua Mariah?).
Isso aconteceu em 2002. Desde então, Eminem pediu desculpas, Mariah Carey aceitou, mas o rapper não conseguiu ficar longe de confusão.
Em 2009, Eminem lançou seu novo disco, "Relapse", e em "Bagpipes From Baghdad" reiniciou o confronto com Carey e ainda colocou seu atual marido no meio do fogo cruzado: "Mariah, what ever happened to us, why did we have to break up... Nick Cannon better back the fuck up. I'm not playing, I want her back, you punk" ("Mariah, o que aconteceu com a gente? Por que a gente se separou?... É melhor o Nick Cannon se afastar. Eu não tô brincando, eu quero ela de volta, seu moleque").
Mas, desta vez, Mariah Carey entrou de vez na briga depois de lançar o single "Obsessed", uma clara resposta para o rapper de Detroit: "Why you're so obsessed with me... You're delusional, you're delusional. Boy you're losing your mind. It's confusing yo, you're confused you know (Por que você está tão obcecado por mim?... Você está iludido, você é iludido. Garoto, você está ficando louco. Está confundindo você, você está confuso e você sabe).
Mas, quem pensava que tudo acabaria com as palavras de Mariah, enganou-se completamente. Na época destaque no Vagalume, "The Warning" foi a resposta que escancarou a briga para todo mundo ouvir. Mais claro do que Eminem foi com a nova letra, impossível: "Only reason I dissed you in the first place is because you denied seeing me. Now I'm pissed off... You think I'm scared of you? You gonna ruin my career you better get one" (A única razão pela qual eu te insultei da primeira vez foi porque você negou que saia comigo. Agora eu estou puto... Você acha que eu tenho medo de você? Se você vai arruinar minha carreira, melhor arrumar uma pra você).
Podemos dizer que eles são fortíssimos candidatos para um dos maiores barracos de todos os tempos da música?
Rihanna x Chris Brown
Depois de 1 ano da briga que estremeceu o mundo Pop, Rihanna e Chris Brown voltaram a suas carreiras e como era de se esperar, com música sobre o assunto.
"Grafitti", novo álbum de Brown, acabou sendo um desastre de vendas e o cantor chegou a culpar até as lojas de boicotarem seu lançamento. A crítica não ajudou muito também, detonando o novo material de Chris Brown, que acabou tendo um desempenho muito abaixo do esperado.
Enquanto isso, Rihanna lançou seu novo "Rated R" sob a expectativa de mostrar aos fãs uma música sobre a briga que acabou com um dos casais mais festejados da música.
Depois dos lançamentos, foi questão de tempo para reconhecer quais músicas refletiam sobre o fim do namoro. Pelo lado de Chris Brown, o recado não poderia ser mais claro na canção "Famous Girl": "I was wrong for writing Disturbia" ("Eu estava errado por escrever 'Disturbia" - referindo-se ao sucesso da ex-namorada). Porém, na mesma letra, Brown também acha espaço para expor seu lado mais sentimental: "Should've known you'd break my heart" ("Deveria saber que você quebraria o meu coração").
Rihanna talvez tenha sido mais clara ainda, ao admitir em entrevista à CNN que a música "Cold Case Love" Love dizia tudo sobre o fim com Chris Brown. Um trecho da letra diz: "I'm torn apart and you know what you did to me was a crime" ("Eu estou em pedaços e você sabe o que fez a mim é um crime").
A situação é lembrada até hoje como um divisor de águas na carreira de Chris Brown e Rihanna. E mesmo com uma briga feia como foi essa, tudo acabou, para o bem da música, com novas canções para os fãs dos dois cantores.
Mark Hoppus x Tom DeLonge (Blink-182)
O fim do Blink-182 em 2005 não foi lá muito amistoso. Por meio do empresário da banda, Tom DeLonge avisou os outros integrantes Mark Hoppus e Travis Barker que estava fora do trio. Logo após, Tom criou seu próprio grupo, Angels and Airwaves.
Com o fim do Blink-182, Mark e Travis seguiram seu próprio caminho, com o Plus 44. E logo de cara, o novo projeto deu o que falar.
Isso porque a primeira música lançada pelo novo grupo, "No, It Isn't" parecia retratar claramente o fim do Blink-182.
Confira alguns dos trechos que supostamente falam sobre o relacionamento de DeLonge e Hoppus após o término do trio: "Please understand, This isn't just goodbye, This is I can't stand you" ("Por favor entenda, que isso não é apenas um adeus, isso é 'eu não te suporto'" - sentimento de Hoppus por DeLonge). Também: "A thousand faces we'll choose to ignore" ("Milhares de faces que escolhemos ignorar" - uma possível referência aos fãs do grupo).
Em entrevistas, Hoppus admitiu que a letra falava sobre o fim do grupo, apesar de no começo usar o título da canção para negar o fato - "No, It Isn't".
Britney Spears x Justin Timberlake
Um dos barracos mais famosos da história da música reuniu o príncipe e a princesa do Pop, no início dos anos 2000. Não é segredo para ninguém que Justin Timberlake foi o primeiro grande amor na vida de Britney Spears.
Foi durante o início de relacionamento com Justin que a cantora desfilava todo seu ar de "princesinha indefesa", ao dizer que permaneceria virgem até o dia de seu casamento.
O namoro acabou durando dois anos e após seguirem caminhos separados, muito se falou das possíveis traições por parte de Britney.
Não demorou muito para Justin Timberlake lançar seu primeiro CD solo, "Justified", que continha no primeiro single um possível recado a sua ex. Em "Cry Me A River", o cantor escancara nas letras o que seria a traição: "You don't have to say, what you did, I already know, I found out from him. Now there's just no chance, for you and me, there'll never be" ("Você não precisa dizer, o que fez, eu já sei, eu descobri por ele. Agora não há chances, para nós dois, nunca haverá").
Praticamente confirmando a versão de Justin, Britney lançou em seu álbum "In The Zone", a canção "Everytime". As letras soam como um verdadeiro pedido de desculpas ao ex: "I may have made it rain, Please forgive me, My weakness caused your pain and this song is my sorry" ("Eu posso ter feito chover, por favor me perdoe. Minha fraqueza causou sua dor e esta canção é meu pedido de desculpas").
Mesmo com o ato de humildade de Britney por meio de sua música, Justin não quis saber de conversa e o antigo casal acabou não reatando.
Courtney Love X Dave Grohl (Foo Fighters)
Não é segredo para ninguém que Dave Grohl, ex-baterista do Nirvana e líder do Foo Fighters, não gosta nem um pouco de Courtney Love, viúva de Kurt Cobain.
Muito se falou da situação quando Grohl lançou o primeiro disco do Foo Fighters, em 1995. O seguinte trecho da letra "I'll Stick Around" seria sobre Love: "Como pode ser, eu sou o único que consegue ver sua loucura ensaiada". O comportamento da vocalista da banda Hole nunca agradou os ex-integrantes do Foo Fighters, Krist Novoselic e, claro, Dave Grohl.
E mais de 10 anos depois da morte de Kurt, ele volta a colocar o dedo na ferida, mas desta vez mais claramente. Em entrevista para o jornal inglês The Guardian, Grohl admitiu que "Let It Die", faixa do disco "Echoes, Silence, Patience & Grace", fala dos seus sentimentos sobre o relacionamento de Kurt e Love. O trecho que seria sobre o casal diz: "A simple man and his blushing bride. Intravenous, intertwined" (Um homem simples e sua noiva envergonhada, intravenosos, interligados).
Ainda em entrevista, o líder do Foo Fighters disse: "Eu vi pessoas perderem tudo para drogas e desilusões amorosas (...). Isso aconteceu mais de uma vez em minha vida, mas o caso mais notável é Kurt. E existem muitas pessoas que eu fiquei furioso em minha vida, mas a mais notável delas é Courtney. Então, é bem óbvio para mim que essas correlações irão aparecer de vez em quando".
John Lennon x Paul McCartney
Aqui temos uma "via de duas mãos". Depois do fim dos Beatles, John Lennon e Paul McCartney passaram um tempo se estranhando. Lennon em particular estava em sua fase mais raivosa e visceral, sentimentos esses que as dolorosas sessões de psicanálise a que se submeteu ajudaram a liberar.
Foi com os nervos à flor da pele então que Lennon gravou "How do You Sleep?", um violento ataque ao seu ex-companheiro com versos como "A única coisa que você fez foi 'Yesterday'" ou "sua música para mim soa como muzak (ou música de elevador)".
Na hora de gravar a canção, Lennon ainda contou com mais um antigo companheiro de sua antiga banda, George Harrison, enquanto Ringo Starr, que participou do disco, mas não dessa música, sentiu-se claramente incomodado, pedindo que ele parasse com aquilo.
Agora o que motivou tamanho descontrole? Por incrível que pareça uma música de Paul McCartney, a bem mais sutil "Too Many People", na qual ele, de forma velada, criticava pessoas que tentavam doutrinar as outras, já que na época Lennon passava mais tempo em passeatas pela paz e a favor de líderes e organizações de esquerda do que no palco ou estúdio. Como o mundo dá voltas, hoje em dia é McCartney quem dedica seu tempo a inúmeras causas ecológicas e sociais.
O último round dessa briga se deu com "Let Me Roll It", onde Paul McCartney basicamente fez uma paródia de uma típica canção de seu ex-companheiro de banda. Só que a tal "paródia" ficou tão boa que John acabou usando o riff dela em uma canção posterior, selando assim o fim dessa fase negra na relação entre os dois, que aos poucos reataram a amizade, ainda que nunca mais tenham gravado nada juntos.
Keith Richards x Mick Jagger
Que as duas cabeças dos Rolling Stones vivem numa eterna relação de amor e ódio é mais do que sabido. E nunca essa relação esteve tão abalada quanto na segunda metade dos anos 80.
Tudo começou quando Mick Jagger resolveu lançar um disco solo em 1985, deixando o resto da banda na mão no meio das gravações do que viria a ser "Dirty Work". O clima entre eles ficou péssimo, tanto que no Live Aid (o festival organizado para arrecadar dinheiro para os famintos da África) eles se apresentaram separadamente.
Quando finalmente o disco da banda saiu, Jagger disse que não iria sair em turnê. Ao invés disso ele gravou mais um disco solo (universalmente malhado) e, para horror de Richards, fez alguns shows no Japão e Austrália, com o repertório basicamente composto por clássicos dos Stones.
A Keith Richards só restou então ele mesmo gravar um disco solo. "Talk is Cheap" de 1988 foi bastante elogiado com sua mistura de rock, soul, blues e baladas. Mas o que mais chamou a atenção mesmo foi a canção "You Don't Move Me". Um claro ataque ao seu companheiro de banda (Porque você acha que não tem amigos/Você enlouqueceu a todos eles).
Como aparentemente é regra nesses casos, após a descarga de energia, o bom senso volta a tomar conta das pessoas; um ano depois, para a surpresa de todos, os Rolling Stones estavam de volta com um novo disco e a maior turnê de suas vidas. Já a opinião sincera de Mick Jagger sobre a canção e os ataques do guitarrista nós nunca saberemos, já que ele assumiu a posição do sábio diplomata. O que escuta tudo e ri com desfaçatez. Talvez por saber que, no final das contas, ele é quem está no comando.
Marilyn Manson e outros x New Radicals
O New Radicals foi uma das grandes promessas não cumpridas do pop recente. Cria do multi-instrumentista Gregg Alexander, o único disco lançado por eles era repleto de grandes canções pop e prometia um belo futuro.
Infelizmente, tudo ficou no quase por causa de uma só música, o mega-hit "You Get What You Give", que tomou conta do planeta no fim dos anos 90 com sua mensagem de que a autenticidade era fundamental no ser humano.
No fim da canção o compositor citava vários nomes de pessoas que ele considerava "falsas", como Beck, Courtney Love, Marilyn Manson e os garotos do Hanson.
Alexander disse ter colocado esses nomes na canção como uma isca para ver se a mídia iria se preocupar mais com a mensagem que ela trazia ou se todos iriam se preocupar só com essa picuinha entre artistas.
Nem é preciso dizer que toda a atenção se voltou para os últimos versos da música (os que citam os artistas). Marilyn Manson disse que se ofendeu não pela música, mas por ser citado na mesma sentença que Courtney Love e que por causa disso iria "arrebentar a cabeça de Gregg se ele cruzasse o seu caminho". O próprio Gregg disse que se desculpou com Beck quando casualmente se encontrou com ele em um supermercado, dizendo que ele não tinha nenhum problema pessoal com o cantor. Gregg também trabalhou com o Hanson depois de alguns anos.
E o que foi feito dos New Radicals? Bom, Alexander disse ter se se decepcionado com o showbis e toda a vaidade que circundava esse meio e simplesmente se retirou. Hoje, ele produz e compõe para artistas como Enrique Iglesias e Ronan Keating e ganhou até um Grammy por ter composto "The Game Of Love (feat. Michelle Branch)", o dueto de Santana com Michelle Branch.
Lobão x Caetano Veloso
O que acontece quando o maior falastrão do rock brasileiro resolve atacar o maior falastrão da MPB? Uma briga das boas, é claro.
Lobão se dizia cansado de abrir o jornal e ver a toda hora a opinião do Caetano Veloso sobre todo e qualquer assunto. Após anos discutindo com seu colega pela imprensa, ele resolveu criar "Mano Caetano", canção propositadamente prolixa e que faz inúmeras e divertidas referências ao compositor baiano.
Como era de se esperar, Caetano obviamente não ia ficar quieto. Na verdade ele já havia respondido de forma mais ou menos sutil aos ataques de Lobão em sua "Rock'n'raul", que por sua vez já era também uma resposta um tanto tardia à sua relação um tanto tumultuada com Raul Seixas.
Mas enfim, após declarar que havia gostado e até chorado ao ouvir "Mano Caetano", compôs em resposta "Lobão Tem Razão", de título auto-explicativo e que selou a paz entre os dois.
Lynyrd Skynyrd x Neil Young
Aqui temos mais um caso de "ação e reação". O canadense Neil Young sempre gostou de criar uma polêmica entre um hit folk e outro. Uma das maiores se deu com a canção "Southern Man" de 1970, uma crítica violenta ao racismo que ainda imperava no sul dos Estados Unidos. Não satisfeito ele voltou à carga dois anos depois com "Alabama" e a imortal frase "Alabama vocês têm o resto do país para ajudá-los. O que está indo errado?".
Como era de se imaginar nos estados sulistas as broncas não pegaram muito bem. Ainda mais no início dos anos 70 que marcou o apogeu do "Southern Rock", praticado por nomes como os Allman Brothers e o Lynyrd Skynyrd.
Coube a esses últimos responderem à Neil Young com uma canção que se tornaria um dos grandes clássicos do rock: "Sweet Home Alabama", que dizia entre outras coisas que "os homens do sul não precisam de Neil Young por perto".
Hoje já se sabe que apesar dessas brigas, havia uma admiração mútua entre os dois lados. Até porque os membros do Skynyrd eram liberais e anti-racistas. A bronca veio mais do fato de Young ter dado a entender que todo branco do sul era por definição segregacionista.
A rivalidade entre os dois acabaria de forma triste em 1977 quando o avião que trazia o Lynyrd Skynyrd caiu matando dois membros da banda e deixando os outros feridos.
Foi quando começou a circular a lenda de que o vocalista Ronnie Van Zant, foi enterrado vestindo uma camiseta de Young. Tal fato levou um grupo de fãs a tentar desenterrar o corpo do músico para ver se a história procedia. A missão não foi bem sucedida e por conta disso a família do cantor resolveu mandar os restos mortais do músico para um lugar não divulgado.
Independentemente disso, qualquer pessoa pode ver Van Zant usando uma camiseta do canadense. É só olhar a capa de "Street Survivors", o disco lançado pouco depois da morte de Van Zant, onde ele está com uma camiseta do álbum "Tonights The Night". Coincidentemente ou não, um dos mais sombrios da carreira de Neil Young.
Quando não criam sucessos, esses compositores escrevem algumas de suas obras mais pessoais, profundas e inspiradas.
Foi pensando nisso, que o Vagalume fez um apanhado dos barracos mais notórios na música, que acabaram rendendo canções marcantes. Casais, ex-namorados, amigos, inimigos... documentamos aqui relacionamentos difíceis, que geraram não apenas tapas e palavras ofensivas, mas também músicas que ficarão marcadas.
Confira os principais barracos da música:
Mariah Carey x Eminem
A música pode ser usada como um verdadeiro arsenal, em uma batalha de palavras. E isso ficou mais do que claro na briga entre os ex-namorados Eminem e Mariah Carey. Ex-namorados na versão do rapper, nunca confirmada oficialmente pela diva Pop.
Isso deixou Eminem, que já não é um pessoa de muitos amigos, enfurecido. Foi então que a guerra de palavras começou em sua música "Superman (feat. Dina Rae)", do disco "The Eminem Show": "Bitch if you died, I wouldn't buy you life/What you tryin' to be my new wife?/What you Mariah?" (Vagabunda se você morresse, não compraria uma vida pra você. O que você tá tentando ser, minha nova esposa? Qual é a sua Mariah?).
Isso aconteceu em 2002. Desde então, Eminem pediu desculpas, Mariah Carey aceitou, mas o rapper não conseguiu ficar longe de confusão.
Em 2009, Eminem lançou seu novo disco, "Relapse", e em "Bagpipes From Baghdad" reiniciou o confronto com Carey e ainda colocou seu atual marido no meio do fogo cruzado: "Mariah, what ever happened to us, why did we have to break up... Nick Cannon better back the fuck up. I'm not playing, I want her back, you punk" ("Mariah, o que aconteceu com a gente? Por que a gente se separou?... É melhor o Nick Cannon se afastar. Eu não tô brincando, eu quero ela de volta, seu moleque").
Mas, desta vez, Mariah Carey entrou de vez na briga depois de lançar o single "Obsessed", uma clara resposta para o rapper de Detroit: "Why you're so obsessed with me... You're delusional, you're delusional. Boy you're losing your mind. It's confusing yo, you're confused you know (Por que você está tão obcecado por mim?... Você está iludido, você é iludido. Garoto, você está ficando louco. Está confundindo você, você está confuso e você sabe).
Mas, quem pensava que tudo acabaria com as palavras de Mariah, enganou-se completamente. Na época destaque no Vagalume, "The Warning" foi a resposta que escancarou a briga para todo mundo ouvir. Mais claro do que Eminem foi com a nova letra, impossível: "Only reason I dissed you in the first place is because you denied seeing me. Now I'm pissed off... You think I'm scared of you? You gonna ruin my career you better get one" (A única razão pela qual eu te insultei da primeira vez foi porque você negou que saia comigo. Agora eu estou puto... Você acha que eu tenho medo de você? Se você vai arruinar minha carreira, melhor arrumar uma pra você).
Podemos dizer que eles são fortíssimos candidatos para um dos maiores barracos de todos os tempos da música?
Rihanna x Chris Brown
Depois de 1 ano da briga que estremeceu o mundo Pop, Rihanna e Chris Brown voltaram a suas carreiras e como era de se esperar, com música sobre o assunto.
"Grafitti", novo álbum de Brown, acabou sendo um desastre de vendas e o cantor chegou a culpar até as lojas de boicotarem seu lançamento. A crítica não ajudou muito também, detonando o novo material de Chris Brown, que acabou tendo um desempenho muito abaixo do esperado.
Enquanto isso, Rihanna lançou seu novo "Rated R" sob a expectativa de mostrar aos fãs uma música sobre a briga que acabou com um dos casais mais festejados da música.
Depois dos lançamentos, foi questão de tempo para reconhecer quais músicas refletiam sobre o fim do namoro. Pelo lado de Chris Brown, o recado não poderia ser mais claro na canção "Famous Girl": "I was wrong for writing Disturbia" ("Eu estava errado por escrever 'Disturbia" - referindo-se ao sucesso da ex-namorada). Porém, na mesma letra, Brown também acha espaço para expor seu lado mais sentimental: "Should've known you'd break my heart" ("Deveria saber que você quebraria o meu coração").
Rihanna talvez tenha sido mais clara ainda, ao admitir em entrevista à CNN que a música "Cold Case Love" Love dizia tudo sobre o fim com Chris Brown. Um trecho da letra diz: "I'm torn apart and you know what you did to me was a crime" ("Eu estou em pedaços e você sabe o que fez a mim é um crime").
A situação é lembrada até hoje como um divisor de águas na carreira de Chris Brown e Rihanna. E mesmo com uma briga feia como foi essa, tudo acabou, para o bem da música, com novas canções para os fãs dos dois cantores.
Mark Hoppus x Tom DeLonge (Blink-182)
O fim do Blink-182 em 2005 não foi lá muito amistoso. Por meio do empresário da banda, Tom DeLonge avisou os outros integrantes Mark Hoppus e Travis Barker que estava fora do trio. Logo após, Tom criou seu próprio grupo, Angels and Airwaves.
Com o fim do Blink-182, Mark e Travis seguiram seu próprio caminho, com o Plus 44. E logo de cara, o novo projeto deu o que falar.
Isso porque a primeira música lançada pelo novo grupo, "No, It Isn't" parecia retratar claramente o fim do Blink-182.
Confira alguns dos trechos que supostamente falam sobre o relacionamento de DeLonge e Hoppus após o término do trio: "Please understand, This isn't just goodbye, This is I can't stand you" ("Por favor entenda, que isso não é apenas um adeus, isso é 'eu não te suporto'" - sentimento de Hoppus por DeLonge). Também: "A thousand faces we'll choose to ignore" ("Milhares de faces que escolhemos ignorar" - uma possível referência aos fãs do grupo).
Em entrevistas, Hoppus admitiu que a letra falava sobre o fim do grupo, apesar de no começo usar o título da canção para negar o fato - "No, It Isn't".
Britney Spears x Justin Timberlake
Um dos barracos mais famosos da história da música reuniu o príncipe e a princesa do Pop, no início dos anos 2000. Não é segredo para ninguém que Justin Timberlake foi o primeiro grande amor na vida de Britney Spears.
Foi durante o início de relacionamento com Justin que a cantora desfilava todo seu ar de "princesinha indefesa", ao dizer que permaneceria virgem até o dia de seu casamento.
O namoro acabou durando dois anos e após seguirem caminhos separados, muito se falou das possíveis traições por parte de Britney.
Não demorou muito para Justin Timberlake lançar seu primeiro CD solo, "Justified", que continha no primeiro single um possível recado a sua ex. Em "Cry Me A River", o cantor escancara nas letras o que seria a traição: "You don't have to say, what you did, I already know, I found out from him. Now there's just no chance, for you and me, there'll never be" ("Você não precisa dizer, o que fez, eu já sei, eu descobri por ele. Agora não há chances, para nós dois, nunca haverá").
Praticamente confirmando a versão de Justin, Britney lançou em seu álbum "In The Zone", a canção "Everytime". As letras soam como um verdadeiro pedido de desculpas ao ex: "I may have made it rain, Please forgive me, My weakness caused your pain and this song is my sorry" ("Eu posso ter feito chover, por favor me perdoe. Minha fraqueza causou sua dor e esta canção é meu pedido de desculpas").
Mesmo com o ato de humildade de Britney por meio de sua música, Justin não quis saber de conversa e o antigo casal acabou não reatando.
Courtney Love X Dave Grohl (Foo Fighters)
Não é segredo para ninguém que Dave Grohl, ex-baterista do Nirvana e líder do Foo Fighters, não gosta nem um pouco de Courtney Love, viúva de Kurt Cobain.
Muito se falou da situação quando Grohl lançou o primeiro disco do Foo Fighters, em 1995. O seguinte trecho da letra "I'll Stick Around" seria sobre Love: "Como pode ser, eu sou o único que consegue ver sua loucura ensaiada". O comportamento da vocalista da banda Hole nunca agradou os ex-integrantes do Foo Fighters, Krist Novoselic e, claro, Dave Grohl.
E mais de 10 anos depois da morte de Kurt, ele volta a colocar o dedo na ferida, mas desta vez mais claramente. Em entrevista para o jornal inglês The Guardian, Grohl admitiu que "Let It Die", faixa do disco "Echoes, Silence, Patience & Grace", fala dos seus sentimentos sobre o relacionamento de Kurt e Love. O trecho que seria sobre o casal diz: "A simple man and his blushing bride. Intravenous, intertwined" (Um homem simples e sua noiva envergonhada, intravenosos, interligados).
Ainda em entrevista, o líder do Foo Fighters disse: "Eu vi pessoas perderem tudo para drogas e desilusões amorosas (...). Isso aconteceu mais de uma vez em minha vida, mas o caso mais notável é Kurt. E existem muitas pessoas que eu fiquei furioso em minha vida, mas a mais notável delas é Courtney. Então, é bem óbvio para mim que essas correlações irão aparecer de vez em quando".
John Lennon x Paul McCartney
Aqui temos uma "via de duas mãos". Depois do fim dos Beatles, John Lennon e Paul McCartney passaram um tempo se estranhando. Lennon em particular estava em sua fase mais raivosa e visceral, sentimentos esses que as dolorosas sessões de psicanálise a que se submeteu ajudaram a liberar.
Foi com os nervos à flor da pele então que Lennon gravou "How do You Sleep?", um violento ataque ao seu ex-companheiro com versos como "A única coisa que você fez foi 'Yesterday'" ou "sua música para mim soa como muzak (ou música de elevador)".
Na hora de gravar a canção, Lennon ainda contou com mais um antigo companheiro de sua antiga banda, George Harrison, enquanto Ringo Starr, que participou do disco, mas não dessa música, sentiu-se claramente incomodado, pedindo que ele parasse com aquilo.
Agora o que motivou tamanho descontrole? Por incrível que pareça uma música de Paul McCartney, a bem mais sutil "Too Many People", na qual ele, de forma velada, criticava pessoas que tentavam doutrinar as outras, já que na época Lennon passava mais tempo em passeatas pela paz e a favor de líderes e organizações de esquerda do que no palco ou estúdio. Como o mundo dá voltas, hoje em dia é McCartney quem dedica seu tempo a inúmeras causas ecológicas e sociais.
O último round dessa briga se deu com "Let Me Roll It", onde Paul McCartney basicamente fez uma paródia de uma típica canção de seu ex-companheiro de banda. Só que a tal "paródia" ficou tão boa que John acabou usando o riff dela em uma canção posterior, selando assim o fim dessa fase negra na relação entre os dois, que aos poucos reataram a amizade, ainda que nunca mais tenham gravado nada juntos.
Keith Richards x Mick Jagger
Que as duas cabeças dos Rolling Stones vivem numa eterna relação de amor e ódio é mais do que sabido. E nunca essa relação esteve tão abalada quanto na segunda metade dos anos 80.
Tudo começou quando Mick Jagger resolveu lançar um disco solo em 1985, deixando o resto da banda na mão no meio das gravações do que viria a ser "Dirty Work". O clima entre eles ficou péssimo, tanto que no Live Aid (o festival organizado para arrecadar dinheiro para os famintos da África) eles se apresentaram separadamente.
Quando finalmente o disco da banda saiu, Jagger disse que não iria sair em turnê. Ao invés disso ele gravou mais um disco solo (universalmente malhado) e, para horror de Richards, fez alguns shows no Japão e Austrália, com o repertório basicamente composto por clássicos dos Stones.
A Keith Richards só restou então ele mesmo gravar um disco solo. "Talk is Cheap" de 1988 foi bastante elogiado com sua mistura de rock, soul, blues e baladas. Mas o que mais chamou a atenção mesmo foi a canção "You Don't Move Me". Um claro ataque ao seu companheiro de banda (Porque você acha que não tem amigos/Você enlouqueceu a todos eles).
Como aparentemente é regra nesses casos, após a descarga de energia, o bom senso volta a tomar conta das pessoas; um ano depois, para a surpresa de todos, os Rolling Stones estavam de volta com um novo disco e a maior turnê de suas vidas. Já a opinião sincera de Mick Jagger sobre a canção e os ataques do guitarrista nós nunca saberemos, já que ele assumiu a posição do sábio diplomata. O que escuta tudo e ri com desfaçatez. Talvez por saber que, no final das contas, ele é quem está no comando.
Marilyn Manson e outros x New Radicals
O New Radicals foi uma das grandes promessas não cumpridas do pop recente. Cria do multi-instrumentista Gregg Alexander, o único disco lançado por eles era repleto de grandes canções pop e prometia um belo futuro.
Infelizmente, tudo ficou no quase por causa de uma só música, o mega-hit "You Get What You Give", que tomou conta do planeta no fim dos anos 90 com sua mensagem de que a autenticidade era fundamental no ser humano.
No fim da canção o compositor citava vários nomes de pessoas que ele considerava "falsas", como Beck, Courtney Love, Marilyn Manson e os garotos do Hanson.
Alexander disse ter colocado esses nomes na canção como uma isca para ver se a mídia iria se preocupar mais com a mensagem que ela trazia ou se todos iriam se preocupar só com essa picuinha entre artistas.
Nem é preciso dizer que toda a atenção se voltou para os últimos versos da música (os que citam os artistas). Marilyn Manson disse que se ofendeu não pela música, mas por ser citado na mesma sentença que Courtney Love e que por causa disso iria "arrebentar a cabeça de Gregg se ele cruzasse o seu caminho". O próprio Gregg disse que se desculpou com Beck quando casualmente se encontrou com ele em um supermercado, dizendo que ele não tinha nenhum problema pessoal com o cantor. Gregg também trabalhou com o Hanson depois de alguns anos.
E o que foi feito dos New Radicals? Bom, Alexander disse ter se se decepcionado com o showbis e toda a vaidade que circundava esse meio e simplesmente se retirou. Hoje, ele produz e compõe para artistas como Enrique Iglesias e Ronan Keating e ganhou até um Grammy por ter composto "The Game Of Love (feat. Michelle Branch)", o dueto de Santana com Michelle Branch.
Lobão x Caetano Veloso
O que acontece quando o maior falastrão do rock brasileiro resolve atacar o maior falastrão da MPB? Uma briga das boas, é claro.
Lobão se dizia cansado de abrir o jornal e ver a toda hora a opinião do Caetano Veloso sobre todo e qualquer assunto. Após anos discutindo com seu colega pela imprensa, ele resolveu criar "Mano Caetano", canção propositadamente prolixa e que faz inúmeras e divertidas referências ao compositor baiano.
Como era de se esperar, Caetano obviamente não ia ficar quieto. Na verdade ele já havia respondido de forma mais ou menos sutil aos ataques de Lobão em sua "Rock'n'raul", que por sua vez já era também uma resposta um tanto tardia à sua relação um tanto tumultuada com Raul Seixas.
Mas enfim, após declarar que havia gostado e até chorado ao ouvir "Mano Caetano", compôs em resposta "Lobão Tem Razão", de título auto-explicativo e que selou a paz entre os dois.
Lynyrd Skynyrd x Neil Young
Aqui temos mais um caso de "ação e reação". O canadense Neil Young sempre gostou de criar uma polêmica entre um hit folk e outro. Uma das maiores se deu com a canção "Southern Man" de 1970, uma crítica violenta ao racismo que ainda imperava no sul dos Estados Unidos. Não satisfeito ele voltou à carga dois anos depois com "Alabama" e a imortal frase "Alabama vocês têm o resto do país para ajudá-los. O que está indo errado?".
Como era de se imaginar nos estados sulistas as broncas não pegaram muito bem. Ainda mais no início dos anos 70 que marcou o apogeu do "Southern Rock", praticado por nomes como os Allman Brothers e o Lynyrd Skynyrd.
Coube a esses últimos responderem à Neil Young com uma canção que se tornaria um dos grandes clássicos do rock: "Sweet Home Alabama", que dizia entre outras coisas que "os homens do sul não precisam de Neil Young por perto".
Hoje já se sabe que apesar dessas brigas, havia uma admiração mútua entre os dois lados. Até porque os membros do Skynyrd eram liberais e anti-racistas. A bronca veio mais do fato de Young ter dado a entender que todo branco do sul era por definição segregacionista.
A rivalidade entre os dois acabaria de forma triste em 1977 quando o avião que trazia o Lynyrd Skynyrd caiu matando dois membros da banda e deixando os outros feridos.
Foi quando começou a circular a lenda de que o vocalista Ronnie Van Zant, foi enterrado vestindo uma camiseta de Young. Tal fato levou um grupo de fãs a tentar desenterrar o corpo do músico para ver se a história procedia. A missão não foi bem sucedida e por conta disso a família do cantor resolveu mandar os restos mortais do músico para um lugar não divulgado.
Independentemente disso, qualquer pessoa pode ver Van Zant usando uma camiseta do canadense. É só olhar a capa de "Street Survivors", o disco lançado pouco depois da morte de Van Zant, onde ele está com uma camiseta do álbum "Tonights The Night". Coincidentemente ou não, um dos mais sombrios da carreira de Neil Young.