Pitty - SETEVIDAS
Pitty
Pitty SETEVIDAS
Depois de dar um tempo para se dedicar ao projeto Agridoce, Pitty finalmente voltou a lançar um disco com seu nome na capa. E a boa notícia é a de que essa pausa para um respiro só fez bem para ela. "SETEVIDAS" é um álbum que tem a cara de sua cantora estampada em todas a suas faixas, mas que ao mesmo tempo traz novos elementos em suas composições que ela nunca havia explorado.

Obviamente "SETEVIDAS" ainda tem muito do rock alternativo dos anos 90, um som que sempre estará no DNA da cantora, mas ele também abre espaço para outras sonoridades.

Pitty
A maior surpresa nesse sentido talvez seja a presença de elementos do rock psicodélico, e mesmo progressivo, em faixas como "Lado de Lá", ou a escolha por uma produção que pode apostar tanto na sujeira quanto na riqueza de detalhes e efeitos - ás vezes até em uma mesma faixa.

Dessa forma, Pitty fez um álbum que pode muito bem ser o mais rico de sua carreira. Por outro lado ele também parece ser um disco menos radiofônico. Ou seja, quem estiver atrás de algo como "Me Adora" definitivamente não encontrará aqui. Mas no final, isso não deverá ser um grande problema para ela.

Afinal, como os Titãs mostraram em seu mais recente álbum, o clima atual não está mesmo para coisas muito dóceis e o público que consome rock brasileiro já percebeu isso. Dessa forma Pitty também pode se dar por satisfeita por ter feito um disco que reflete bem o Brasil contemporâneo.

Ouça "Setevidas" com Pitty presente no álbum de mesmo nome.






Mariah Carey - Me. I Am Mariah... The Elusive Chanteuse
Mariah Carey
Mariah Carey Me. I Am Mariah... The Elusive Chanteuse
Depois de muitas idas e vindas o aguardado novo trabalho de Mariah Carey finalmente viu a luz do dia. E de cara é preciso dizer que o álbum além de não decepcionar - algo muitas vezes esperado em projetos de gestação complicada - chega mesma a surpreender.

Portanto já fica a dica para que os admiradores casuais da cantora, e também aqueles que simplesmente não gostam dela, deem uma chance ao álbum. O aviso é dado porque muita gente pode ter decidido não ouvi-lo por causa do seu título (algo como "Eu. Sou Mariah... A cantora que se esquiva").

Mariah Carey
Na verdade, tanto se falou do nome do álbum - que alguns sites e jornais consideraram um dos piores de todos os tempos - que o que realmente importa, a sua música, parece ter ficado para segundo plano. E isso é no mínimo injusto para com a cantora que fez aqui um disco que, em boa parte de suas faixas, é marcado por sua simplicidade e pelo controle de excessos.

Sim, é claro que o álbum tem aqueles momentos "diva" com vocais exagerados. Há também algumas outras músicas com produção moderna que, mesmo competentes, não acrescentam muito ao pacote.

Apesar disso, ao final da audição, o que ficará na cabeça do ouvinte, são as boas baladas, o clima saudavelmente retrô e para cima de faixas como "#Beautiful (Feat. Miguel)", as músicas influenciadas pelo melhor da soul music dos anos 60 e 70 ea excelente cover de "One More Try" que deve ter deixado seu autor, George Michael bastante orgulhoso. Resumindo, é um álbum que tem todas as condições de recolocar Mariah no topo.

Ouça "#Beautiful" com Mariah Carey do álbum Me. I Am Mariah... The Elusive Chanteuse





Neil Young - A Letter Home
Neil Young
Neil Young A Letter Home
As cabines onde qualquer um podia entrar e gravar na hora um disquinho com a sua voz, foram uma grande sensação no século passado.

Desde que surgiram nos anos 40, elas mantiveram-se relativamente populares até meados da década de 70, quando alguns modelos ainda podiam ser encontrados em parques de diversão.

Foi numa dessas que, reza a lenda, Elvis Presley entrou para gravar uma música para sua mãe e acabou descoberto.

Jack White, esse grande entusiasta do vinil e de tecnologias do passado, tem uma dessas cabines em pleno funcionamento na sua Third Man Records em Nashville. Pois foi exatamente nela que Neil Young decidiu gravar todo um álbum, o segundo de material alheio lançado por ele recentemente - "Americana" de 2012 tinha apenas versões para canções tradicionais.

"A Letter Home" traz o veterano canadense basicamente acompanhado de seu violão cantando uma série de canções que, de uma forma ou de outra, o marcaram. São covers de, entre outros, Bob Dylan, Willie Nelson, Gordon Lightfoot, Tim Hardin e Bruce Springsteen.

Neil Young
Neil Young Neil Young na cabine que foi usada para a gravação do álbum
Curiosamente a maioria esmagadora delas foi lançada quando ele já era um músico profissional - geralmente esse tipo de álbum/homenagem tende a trazer canções que o artista ouviu quando era criança e em seus anos de formação.

O resultado final obviamente é de baixa fidelidade - até porque a Voice-o-Graph - o nome da tal cabine de gravação - não tem muitos recursos. Dessa forma apesar de ter sido gravado em 2014, o disco soa como um disco de 78 rotações feito há décadas.

Se o ouvinte conseguir atravessar esse "pequeno detalhe", irá descobrir um álbum feito com enorme emoção e carinho.

Mas que fique bem claro: esse é um disco feito mais para os fãs de carteirinha do que para o ouvinte casual.

Veja Neil Young gravando "Needle Of Death" de Bert Jansch na Voice-o-Graph: