Jason Mraz - Yes!
O quinto álbum de estúdio de Jason Mraz, que pôde ser ouvido no Brasil uma semana antes de seu lnçamento com exclusividade aqui no Vagalume, mostra que o cantor e compositor continua em ótima forma e bastante inspirado.
"Yes!" é um álbum de grande beleza e melancolia e é indicado especialmente para quem quer ouvir um disco mais calmo, com arranjos simples e melodias elaboradas.
O álbum, o primeiro eminentemente acústico do cantor, foi gravado com as garotas do Raining Jane, um quarteto de folk-rock angeleno.
A parceria entre os dois já tinha dado liga em 2008, quando eles fizeram juntos a boa "A Beautiful Mess". Ainda assim, a ideia de gravar todo um álbum com elas, não deixava de ser arriscada. Felizmente no final a colaboração se mostrou bem sucedida para ambas as partes.
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De forma geral bem recebido pela crítica, o álbum, ao menos nas primeiras audições, é daqueles que não têm um hit imediato aos moldes de "I'm Yours" ou "I Won't Give Up" - as duas canções de Mraz que chegaram ao top 10 americano. Isso significa que esse é um daqueles discos que precisam ser ouvidos por inteiro e com calma, para que cada ouvinte encontre a canção que lhe fale mais.Para quem quer uma ajuda com isso, recomendamos "Best Friend" ou a cover de "It's So Hard To Say Goodbye To Yesterday", canção lançado em 1975 por G.C. Cameron, que se tornou mais conhecida dezesseis anos depois, quando foi regravada pelo Boyz II Men.
Ouça ""Love Someone" com Jason Mraz presente no álbum Yes!:
Sia - 1000 Forms Of Fear
Não é muito comum ver um artista conhecido por fazer sucesso em pistas de dança e rádios mais comerciais lançando um álbum chamado "1.000 Formas de medo", o que só prova que a australiana Sia não é uma artista comum.
A verdade é que ainda que ela tenha um público bem jovem, a cantora já é uma veterana de 38 anos e, felizmente, ela não tenta disfarçar esse fato agindo e compondo como se tivesse 15 ou 20 anos a menos. Portanto, "maturidade" é uma palavra chave para se entender melhor esse álbum.
Isso não significa que esse seja um álbum sisudo e feito com o intuito de alienar sua base de fãs. Não, "1000 Forms Of Fear" é, acima de tudo, um álbum de música pop, mas um disco pop que ousa desafiar o ouvinte.
Apesar de disputar o mesmo espaço que todas mega-estrelas da música atual, Sia Furler gosta de brincar com a ideia da fama, ao dizer que ser uma celebridade não é algo que lhe interesse. Sabe-se lá se isso é apenas um golpe de marketing para se diferenciar da concorrência, ou algo do tipo. Ainda assim, não se tem muito conhecimento de artistas que tenham saído na capa da Billboard com um saco de papel na cabeça ou tocado de costas em alguns dos programas de TV mais populares dos EUA.
Voltando ao álbum, "1000 Forms Of Fear" é um disco um tanto esquizofrênico, onde letras pesadíssimas - alcoolismo, depressão, suicídio são alguns dos temas - convivem com melodias, refrãos e arranjos de grande apelo popular.
Essa veia de hitmaker dela, já é bem conhecida, basta dizer que Sia compôs para ou colaborou com praticamente todo o primeiríssimo time do pop contemporâneo.
A dúvida agora é saber se ela poderá seguir como uma "famosa anônima". É só lembrar que mesmo que só dê entrevistas e faça shows ou aparições televisivas quando bem entender, o trabalho estreou no topo da parada americana.
Ao mesmo tempo, desde 2012 que não se via um álbum chegar ao número 1 com tão poucas cópias vendidas - cerca de 52 mil segundo a Billboard. Ou seja, o tal "manifesto anti-fama" não deixa de estar funcionando, ainda que de forma modesta.
Mas o lance é deixar os números de lado, já que "1000 Forms Of Fear" é fácil fácil, um dos melhores discos de música pop deste ano.
Ouça "Chandelier" com Sia presente no álbum "1000 Forms Of Fear"
Morrissey - World Peace Is None...
Existem algumas certeza na música pop. Uma delas é a de que de tempos em tempos Morrissey fará mais um "retorno triunfal". Esse já é o terceiro ou quarto desde 1988 quando lançou seu primeiro disco desde o final dos Smiths.
"World Peace Is None Of your Business" põe fim a um jejum de cinco anos sem um álbum de inéditas. Nesse tempo o cantor se viu sem contrato, precisou cancelar shows e turnês tanto por problemas de "logística" quanto de saúde e, no lado bom, lançou sua autobiografia.
Esse livro se transformou em um grande sucesso de público e crítica, mesmo que por alguns momentos ele seja francamente enfadonho.
Voltando a "World Peace...", o disco se mostra bem mais variado do que se poderia esperar. É óbvio que a voz e o estilo de criar melodias de Morrissey são por demais característicos para, a essa altura do campeonato, ainda surpreender. Ou seja, não vai ser agora que o pessoal que simplesmente não o suporta irá mudar de opinião.
Agora, quem gosta e o acompanha há tempos, certamente terá muito o que aproveitar aqui, exatamente pelas novidades que há pouco falamos. As letras, por exemplo, estão mais abrangentes do que o normal, deixando um pouco as canções sobre desilusão amorosa de lado. Assim o cantor parte para a crítica social (a faixa título), escreve um manifesto contra o machismo ("I'm Not a Man") e, claro, segue em sua defesa ferrenha aos direitos dos animais - em "The Bullfighter Dies".
No lado musical, a maior surpresa fica para a grande quantidade de faixas onde a influência latina é visível. São solos de violões com corda de nylon inspirados na música flamenca, trompetes mariachis, castanholas e até um tango - prestem atenção no solo de acordeon em "Earth Is The Loneliest Planet".
Mas há também espaço para a psicodelia ("Istanbul") e para uma das canções mais inacreditavelmente pop já feitas por ele - a animada "Kiss Me a Lot".
A torcida agora é para a que Moz se recupere e possa desfrutar mais de mais essa "ressurreição".
Ele havia voltado aos palcos em maio, mas novamente foi obrigado a cancelar todos os shows que estavam marcados nos EUA por causa de um novo, e não explicado, problema de saúde.
Ouça "Istanbul" com Morrissey do álbum "World Peace Is None Of your Business"