Pixie Lott - Pixie Lott
Apesar de ter apenas 23 anos, Pixie Lott já é praticamente uma veterana, sendo esse o seu terceiro álbum de estúdio. E ele demorou um bocado para ficar pronto, já que as gravações começaram em 2012.
Felizmente, esse tempo todo permitiu que ela aperfeiçoasse sua arte. Tanto que ele bem pode ser o ponto inicial de uma nova fase em sua carreira, que ainda segue pautada na música pop feita para dançar e tocar no rádio, mas que agora demonstra grande maturidade e prova que, a seguir nesse caminho, ela tem tudo para seguir por uns bons anos na indústria musical.
O fato que mais chama a atenção no álbum, que leva simplesmente o nome da cantora, é o seu clima retrô que permeia boa parte de suas faixas - que também tem algumas baladas e músicas com uma cara mais contemporânea. Óbvio que a ascensão de Amy Winehouse e Adele serviu para abrir todo um novo rumo para as cantoras britânicas, que passaram a buscar inspiração no passado, especialmente no soul feito pelas gravadoras Motown e Stax nos anos 60, na hora de gravarem seus discos.
Obviamente, Pixie não é uma "soul woman" como, digamos, Sharon Jones, mas o clima sessentista está presente em várias faixas desse trabalho, mesmo que sob produção modernizada, o que torna sua audição agradabilíssima para fãs e ouvintes casuais.
Interessante também é notar que Pixie não fez uso de uma das maiores muletas de nossos tempos: a tendência de encher as músicas com estrelas do pop e rap para alavancar as vendas de singles. Aqui, a única voz que se faz presente é a da cantora, e o disco só ganha com isso.
Curiosamente, a crítica não se animou muito com o disco, com muitos jornalistas achando que no fundo ele é só mais um trabalho genérico e sem muita personalidade como tantos outros que inundam semanalmente o mercado. Mas, uma escutada atenta ao álbum provará ao ouvinte mais atento que, na maioria de suas músicas, isso está longe de ser o caso.
Ouça "Lay Me Down" presente no álbum homônimo de Pixie Lott
Spoon - They Want My Soul
Quem também ficou um bom tempo sem lançar um novo trabalho foi o pessoal do Spoon, banda que desde a segunda metade dos anos 90 é sinônimo de rock independente de qualidade, capaz de ser simultaneamente ousado e acessível.
A se lamentar apenas o fato deles não serem tão populares por aqui, ainda que tenham feito uma bela apresentação em São Paulo em 2008.
"They Want My Soul" é o oitavo disco da banda e sai quatro ano depois do também recomendável "Transference".
Nesse disco notam-se várias influências que vão do rock e R&B dos anos 60 passando pela música eletrônica das décadas de 70 e 80 e a psicodelia. Tudo isso filtrado pela sensibilidade de quem certamente cresceu ouvindo o rock alternativo da década de 80.
Optando por ir direto ao assunto, 10 faixas em menos de 40 minutos, a banda de Britt Daniel mais uma vez comprova a razão de terem conseguido tanto respeito nesses quase vinte anos de estrada.
Se indie rock melódico, dançante e levemente experimental faz a sua cabeça, não deixe de conferir "They Want My Soul", um disco que certamente será lembrado como um dos melhores de 2014.
Ouça "Inside Out" com o Spoon presente no álbum "They Want My Soul"
Elvis Presley - That's The Way It Is
Aproveitando que a semana está meio fraca de álbuns realmente novos, vale então chamar a atenção para o mais novo relançamento de um bom, mas pouco lembrado, trabalho do eterno rei do rock.
Lançado originalmente em 1970, esse disco funcionou também como a trilha sonora do filme homônimo, que apresentou ao mundo a nova faceta de Elvis: um cantor maduro, capaz de cantar praticamente tudo - blues, rock, country, soul, pop, balada... - com grande carisma e desenvoltura.
Para quem não sabe, Presley passou praticamente toda a década de 60 longe dos palcos, dedicando-se mais à carreira cinematográfica. Foi só em 1969, depois da excelente repercussão do especial gravado para a rede de televisão NBC um ano antes, que ele voltou a fazer shows.
"That's The Way..." foi lançado em 1970 e trazia oito canções de estúdio - entre elas a versão para "Bridge Over Troubled Water", que nessa época ainda era uma canção recém-lançada e não o standard que viria a se tornar - e quatro gravadas ao vivo.
Já o filme de mesmo nome - que também será relançado nas próximas semanas em Blu-ray - trazia cenas de Elvis no palco e ensaiando com sua poderosa banda. Ele também serviu para que as pessoas que não podiam ir até Las Vegas vê-lo ao vivo tivessem ao menos um gostinho de suas fantásticas performances.
Essa nova edição do disco chega em duas versões. A mais simples - que deve sair no Brasil - traz dois CDs. O primeiro tem o álbum original, as versões de quatro de suas músicas como saíram em compacto e mais cinco outtakes.
O segundo traz a íntegra do show noturno do dia 11 de agosto e traz uma mistura de hits, canções mais recentes e covers de músicas contemporâneas. Para o fã não tão dedicado, esse pacote é mais do que recomendável, especialmente pelas faixas do segundo disco, que estão entre as melhores gravações ao vivo já lançadas do cantor morto em 1977.
Já os "elvismaníacos" terão que arrumar tempo e, principalmente dinheiro, para botar as mãos na edição "super deluxe". Essa traz simplesmente dez discos e acrescenta ao material já citado, a íntegra de outros cinco shows, mais um disco com gravações de ensaios e dois DVDs com o filme em sua versão original e na que foi remontada no início da década passada.
Ouça "Bridge Over Troubled Water" com Elvis Presley presente em "That's The Way It Is"