Fifth Harmony - Reflection
Depois de bastante espera, finalmente o álbum de estreia das garotas do Fifth Harmony saiu, e ele tem tudo para não só agradar os que já eram fãs delas como também ampliar consideravelmente a sua audiência .
"Reflection" traz mais ou menos o que se espera de um bom disco de pop radiofônico do século 21: boas faixas, produtores ilustres - Dr. Luke e Harvey Mason, Jr. entre eles - e algumas participações especiais que enriquecem o trabalho sem ofuscar as estrelas principais - caso dos rappers Tyga e Kid Ink.
"Reflection" traz além das já conhecidas "Sledgehammer", "Bo$$" e "Them Girls Be Like", pelo menos outra meia dúzia de faixas com potencial para se tornarem singles de sucesso. Ou seja, até o final de 2015, é bem provável que a gente vá ouvir muito as músicas das garotas.
Se você gosta delas pode comprar ou ouvir sem medo. Se você não as conhece bem, mas curte o pop contemporâneo feito para as massas também pode arriscar, já que a mistura de pop tradicional, R&B, baladas e batidas dançantes que fazem parte desse álbum é muito bem feita.
Ouça "Sledgehammer" com o Fifth Harmony, presente no álbum "Reflection"
Bob Dylan - Shadows in The Night
Antes de mais nada é bom deixar claro que ainda que este seja um álbum de artista do mundo pop se aventurando pelo mundo do grande cancioneiro americano, ele é algo bem diferente de trabalhos semelhantes feitos recentemente por outros nomes desse universo.
Isso nem chega a ser uma novidade porque Bob Dylan já nos acostumou a jamais esperar o óbvio dele, e o próprio fato dele ter decidido lançar um disco desses à essa altura de sua trajetória já é bem surpreendente.
Afinal, se mesmo no auge de sua potência vocal, há quase 50 anos, a sua voz sempre foi assunto para discussão, o que dizer agora? Por isso sentiu-se certa estranheza quando foi revelado que ele lançaria um disco contendo apenas canções que foram gravadas em algum momento por Frank Sinatra. Afinal o que Dylan teria a acrescentar a esse repertório?
A resposta, por incrível que pareça, é muito. Primeiro que nota-se que ele se esforçou nessas interpretações que trazem os melhores vocais dele em uns bons 30 anos. Mas o que torna mesmo o disco fundamental, foi a forma com que o cantor escolheu gravar as músicas.
Não temos aqui orquestras e nem arranjos bombásticos ou orquestrados. Tudo é muito simples, com baixo acústico, guitarras e percussão usados discretamente e o pedal steel como instrumento proeminente.
O disco resultante mostra que ele realmente usou o álbum "Stardust" de Willie Nelson como inspiração para esse que é o seu 36° trabalho de estúdio. Nesse disco de 1978, o grande ídolo da música country também se aventurou pelo mundo dos standards de forma bastante pessoal. a diferença maior talvez esteja na escolha do repertório, já que Nelson investiu em canções bem mais conhecidas do que Dylan aqui.
Surpreende também saber que "Shadows in The Night" foi gravado, segundo o cantor que também produziu o trabalho, quase todo ao vivo no estúdio, com poucos overdubs e mixagem quase instantânea. Ou seja, depois de tudo isso, dizer que esse é um álbum muito recomendado chega a ser redundante.
Ouça "Stay With Me" com Bob Dylan presente no álbum "Shadows in The Night"
Diana Krall - Wallflower
Curiosamente, na mesma semana em que um astro do rock lança um disco de standards - Bob Dylan como vimos acima - temos por outro lado uma cantora que se dedica a gravar standards e clássicos do jazz lançando um álbum com covers de canções do mundo do rock.
Na verdade esse disco estava programado para sair no final do ano passado, mas Diana Krall caiu vítima de uma pneumonia fortíssima que fez com que sua gravadora adiasse a chegada do álbum às lojas, já que a cantora estava impossibilitada de divulgar o álbum.
Bruce Weber
Nesse disco, Krall regravou alguns clássicos do mundo pop, sendo que grande parte deles vieram dos anos 70. A maioria das escolhidas são até meio óbvias, o caso de "California Dreamin'" ou "I'm Not In Love".Felizmente, ela também abriu espaço para escolhas mais inesperadas como a faixa-título, uma canção mais obscura de Bob Dylan (olha ele aí de novo) ou "Operator (That's Not The Way It Feels)" pérola de Jim Croce.
Krall entrega esse repertório de forma digna, fazendo
uso de sua bela voz de contralto e dando preferência a arranjos mais simples e de grande beleza para emoldurar suas interpretações.
Para completar, o disco tem um presentinho bem especial para os fãs de Paul McCartney. Como estes devem saber, foi Krall quem tocou piano e fez os arranjos de "Kisses on the Bottom", o álbum de standards lançado pelo ex-Beatle em 2012.
"If I Take You Home Tonight" foi composta por ele e chegou a ser gravada, mas no final acabou excluída do disco. Krall se lembrou da canção enquanto preparava esse álbum e pediu a permissão do autor para gravá-la. Para a sorte dela, e nossa, ele deu o seu aval, agora é possível ouvir uma música que talvez nunca fosse ver a luz do dia.
Ouça a versão que Diana Krall fez para "Desperado" dos Eagles no álbum "Wallflower"