Giorgio Moroder - Déjà Vu
Apesar do título dar a entender que esse é um álbum com clima de nostalgia, não se deixe enganar. Giorgio Moroder voltou aos estúdios para brigar de igual para igual com os grandes produtores do pop contemporâneo.
A opção por retornar ao mundo da música em um formato não retrô certamente foi corajosa e, de certa forma, digna de aplausos. o fato é que ele certamente poderia ter feito um disco de clima retrô com facilidade, até porque a sonoridade que ele criou nos anos 70 - seja nos discos de Donna Summer quanto em seus álbuns solo - seguem moderníssimas.
Mas o italiano Moroder sempre foi um cara que trabalhou visando o sucesso comercial. tanto que ele praticamente abandonou a carreira quando sentiu que não conseguiria mais manter a impressionante carreira de hitmaker que construiu até meados dos anos 80.
Podemos então analisar "Déjà Vu" por dois prismas. Não se pode negar que o produtor continua competente e antenado. E se a vontade era a de chegar ao público mais jovem a lista de convidados que ele arregimentou para o disco certamente é de primeira e impressiona.
Sia, Britney Spears, Charli XCX, Mikky Ekko e muito mais, deram sua contribuição para faixas competentes e modernas que podem tocar em qualquer rádio ou pista do planeta sem causar estranheza.
Por outro lado, os fãs do "velho Moroder", certamente sentirão falta do som que ele criou nos anos 70, aquelas verdadeiras sinfonias futuristas construídas apenas com sintetizadores.
Não que o disco não acene também para o passado. "74 Is The New 24" ou "Wildstar (Feat. Foxes)" - deliciosas em sua mistura de passado e futuro - lembram bastante a sua produção setentista e dão uma boa amostra para o pessoal mais novo de seu estilo único.
Giorgio certamente poderia ter feito um disco analógico e retrô - e conseguiria críticas maravilhosas com isso. Mas ele preferiu um caminho bem mais complicado, e, no geral foi bem sucedido com essa opção. é fato que muitas faixas aqui soam quase genéricas, sem que perceba-se seu toque pessoal, mas o disco tem vários singles de sucesso em potencial e deverá apresentá-lo para toda uma nova audiência.
Ouça "Déjà Vu (Feat. Sia)" com Giorgio Moroder presente no álbum de mesmo nome
Nate Ruess - Grand Romantic
Antes de ter estourado com o fun., o americano Nate Ruess já tinha causado boa impressão na crítica e círculos indies com o The Format - se você não os conhece vale a pena ir atrás dos discos.
Pelo visto, ele agora quer ser conhecido não só como pessoa de frente como o principal responsável por sua obra, daí a chegada desse disco solo, que, pelo visto, não deve ser encarado como um projeto paralelo, mas sim como uma espécie de novo marco. Se esse é o caso, Ruess começou essa nova fase em boa forma e faz prever um futuro interessante.
"Grand Romantic" é daqueles discos que se ouvem com prazer. Ainda que a voz dele não seja para todo mundo, as 12 faixas do álbum são no geral bem construídas, com melodias fortes e arranjos interessantes.
A produção de Jeff Bhasker é boa, ainda que um tanto exagerada - a ideia pelo visto foi a de explorar o potencial radiofônico dessas músicas. Isso deve fazer com que alguns ouvintes pensem que uma ambientação mais simples talvez fosse o ideal para essas canções.
Mas no final o saldo aqui é positivo. Ruess mostra talento e com uma carreira que segue em ascensão.
Ouça "AhHa" com Nate Ruess presente no álbum "Grand Romantic"
James Taylor - Before This World
Já faz tempo que ser fã de James Taylor significa ser paciente. O cantor e compositor que despontou no final dos anos 60 com suas canções doces e tristes demora cada vez mais para lançar novas composições.
Esse novo disco dele por exemplo, é apenas o quarto dele com material inédito a sair desde o início dos anos 90. Ainda que a espera tenha sido compensada com trabalhos ao vivo, natalinos ou de covers, há 13 anos que ele não lançava um álbum de inéditas. Dito isso o que temos aqui é o bom e velho James Taylor e isso pode ser bom ou mal.
Quem espera algum tipo de novidade ou reinvenção, por exemplo, pode esquecer. "Before This World" é um típico disco dele, com suas músicas acústicas, cantadas com aquela voz calma e o toque de violão inconfundível.
Por outro lado, as composições aqui se mostram fortes, entre as melhores feitas por ele em muito tempo, o que deve deixar seus muito admiradores bem satisfeitos - até porque eles sabem que, caso mantenha esse passo, o cantor lançará seu próximo disco quando completar 80 anos (ele está com 67).
Dessa forma o disco é mais indicado para os já convertidos, ainda que ele seja um trabalho que pode, e deve, ser apreciado, por quem não o conhece tão bem. Mas nesse caso convém escutá-lo depois de ter ouvido ao menos uma boa coletânea e o imprescindível "Sweet Baby James", o álbum de 1970 que não só o tornou uma superestrela como abriu caminho para que toda uma geração de cantores e compositores chegassem ao mainstream.
Veja James Taylor cantar "Montana" no programa de Jools Holland exibido pela BBC