Demi Lovato - Confident
Apesar de só estar com 23 anos, Demi Lovato já goza do status de veterana e já enfrentou muita coisa em sua carreira que gente com muito mais tempo de estrada.
"Confident" mostra que a cantora segue evoluindo e no caminho certo. O álbum se intercala entre faixas mais agitadas e as baladas com influência do R&B - estas dando mais oportunidade para ela mostra sua extensão vocal. Lovato ajudou a compor sete das onze faixas presentes na edição standard do disco e conta com um bom time de colaboradores.
Entre esses, o destaque vai para as duas faixas que contam com o toque de Midas de Max Martin. Não a toa elas abrem o disco com força total, já que "Confident" e "Cool For The Summer" entram fácil em uma playlist com as melhores canções pop de 2015.
Entre as baladas, o destaque vai mesmo para "Father", faixa com forte influência da música gospel americana e com uma letra extremamente pessoal em que ela fala sobre seu pai, Patrick Lovato morto de câncer em 2013.
Como seus fãs sabem, Demi teve problemas com ele, e chegou a chamar de "abusivo" o relacionamento entre eles. Ainda assim, ela opta por perdoá-lo na canção.
De forma sincera e aberta Lovato encerra o disco de forma tocante e mostra estar pronta para dar mais um importante passo em sua vida e carreira.
Na semana passada o Vagalume publicou um guia sobre o álbum. Se você ainda não leu, corre lá!
Ouça a faixa-título de "Confident" de Demi Lovato
Jamie Lawson - Jamie Lawson
Interessante a trajetória de Jamie Lawson que só agora, aos 40 anos de idade, começa a sentir um pouco do gosto do sucesso. Lawson é um cantor e compositor britânico autor de boas canções de forte acento folk. Suas canções são, simples, melancólicas e, no geral, muito bonitas, ainda que não necessariamente originais.
Ao que tudo indicava ele estava fadado a ser um astro cult, daquele que lança discos de forma independente e toca em pequenos pubs e clubes. Felizmente, ele tinha um conhecido que acabou se tornando muito famoso.
Foi assim que um belo dia ele recebeu uma mensagem de texto de Ed Sheeran, pedindo para ele abrir um show secreto que iria fazer em Dublin. O astro ruivo disse que adorava a canção "Wasn't Expecting That" que Lawson havia postado no YouTube em 2011 e que ela o havia influenciado de forma decisiva.
A amizade entre os dois se fortaleceu e Sheeran não só levou o cantor para abrir seus shows na Austrália como fez dele o primeiro contratado de seu selo, o Gingerbread Man Records.
O curioso é que apesar de fazer uma música mais madura e adulta, Jamie está sendo bem aceito por um público bem mais amplo. Esse disco estreou no topo da parada britânica e recentemente ele se viu na surreal condição de ser a atração de abertura do One Direction na gigantesca O2 Arena em Londres. Ou seja, temos aqui não só um bom disco, como uma bela história de vida.
Ouça "Wasn't Expecting That" com Jamie Lawson presente em seu álbum homônimo
Jean-Michel Jarre - Electronica 1
O tempo acabou se mostrando favorável ao tecladista francês Jean-Michel Jarre, um dos pioneiros da música eletrônica e por vários anos sua principal cara.
Quem tem um pouco mais de idade deve se lembrar de assistir na televisão os seus concertos monstruosos, para (sem exagero) milhões de pessoas. Esses shows, repletos de efeitos visuais, onde até uma harpa feita de raios lazer era "tocada", podem ser considerados precursores das apresentações dos DJs superstar que vemos atualmente em todo o mundo.
Verdade seja dita, que boa parte do material gravado pelo músico a partir da segunda metade dos anos 80, era de qualidade duvidosa, apesar do seu enorme sucesso. Isso, e mais o descrédito da crítica acabaram fazendo com que discos realmente inovadores e mesmo experimentais como "Oxygéne" (1976) ou "Zoolok" (1984) acabassem sendo injustamente esquecidos.
Felizmente Jarre pôde se dar ao luxo de chegar quase aos 70 anos e ver que sua obra foi importante e deixou sim suas marcas. A prova maior é esse álbum feito todo por colaborações com vários nomes da história da música eletrônica.
Tudo aqui foi feito na base do "olho no olho". Ou seja, nada de trocas de MP3 feitas entre países. Não a toa as gravações levaram quase quatro anos, mas o resultado final compensou.
A lista de convidados é eclética e de primeira, prova de seu prestígio. Eles também englobam praticamente toda a história da música eletrônica.
Entre os veteranos temos Pete Towshend que além de guitarrista do The Who foi um dos primeiros rockstars a levar a sério os sintetizadores e uma das últimas gravações de Edgar Froese do Tangerine Dream morto recentemente.
A lista prossegue com Vince Clarke (Depeche Mode/Erasure), Laurie Anderson, Moby, 3D do Massive Attack, seus conterrâneos do Air e muito mais, em faixas no geral instrumentais, mas não só.
O interessante aqui é ver como a palavra chave do projeto é mesmo "colaboração". é raro ver um trabalho desse tipo onde uma ou outra parte não acabem diminuídas ou mesmo anuladas. No geral o que temos aqui é uma mistura bem dosada da música de Jarre com a de seus convidados.
Sendo assim, é óbvio que não se pode esperar um disco homogêneo. Mas, ao menos aqui, a diferença de clima entre as músicas merece ser louvada, até porque podemos ela nos permite ter em um só pacote uma espécie de curso básico sobre a história da música eletrônica.
Ouça "If..! (With Little Boots)" com Jean-Michel Jarre presente em "Electronica 1"