Lemmy Kilmister, o lendário líder do Motörhead, morreu nesta segunda-feira (28) aos 70 anos. O vocalista e baixista já vinha apresentando diversos problemas de saúde nos últimos anos, tendo precisado cancelar ou abreviar várias apresentações da banda. Segundo a página oficial do grupo no Facebook, foi um câncer extremamente agressivo que foi descoberto apenas dois dias antes de sua morte.

Lemmy fazia parte de uma casta rara, a de artistas que eram idolatrados. Não só por fãs e músicos dos mais diversos estilos, mas até por quem não gostava muito do som pesado e agressivo que ele desenvolveu com sua banda.

As razões para isso são várias, mas obviamente seu estilo de viver totalmente, na falta de melhor termo, rock 'n' roll, e sua extrema simpatia e generosidade para com fãs e músicos estão entre as principais.

Kilmister fundou o Motörhead em 1975, mas antes disso ele já era uma figura importante. Na década de 60, ele gravou com duas bandas pouco conhecidas – os Rockin' Vicars e o Sam Gopal, mas, principalmente, teve a honra de ser roadie de ninguém menos que Jimi Hendrix.

Na década seguinte, ele entrou para o Hawkwind, banda de space rock famosa por seu som viajante e pelo enorme apetite por aditivos dos mais diversos de seus integrantes. Apesar disso, nem eles conseguiram lidar com os excessos de Lemmy, que acabou expulso do grupo.

Ele então montou o Motörhead, um dos mais poderosos e agressivos power trios da história. Ao lado do guitarrista Fast Eddie Clarke e do baterista Philthy Animal Taylor (esse também recentemente falecido), o grupo foi dos únicos a conseguiu unir fãs de punk e heavy metal.

Essa formação durou até 1982 e deixou alguns dos maiores clássicos do rock pesado para a posteridade - especialmente os álbuns "Overkill" (1979), "Ace Of Spades" (1980) e o ao vivo "No Sleep 'Til Hammersmith" (1981), verdadeiros precursores de praticamente todas as tendências mais radicais de música pesada que surgiriam nos anos seguintes.

Lemmy seguiu com a banda com outras formações pelos anos que se seguiram - em 2015 eles celebraram seus 40 anos - lançando muitos discos (foram 23 de estúdio, sendo "Bad Magic", que chegou às lojas no final de agosto, o mais recente deles) e fazendo shows altíssimos para milhares de fanáticos ao redor do mundo.

No Brasil eles estiveram por diversas vezes. A primeira delas em 1989, época em que as turnês internacionais ainda eram raras por aqui.

O clima caótico daqueles dias no país inspiraram a criação da divertida "Going To Brazil", lançada em 1991. A derradeira vinda se deu em abril passado em um giro que já tinha inegável cara de adeus. O show do dia 25, dentro do festival Monsters Of Rock, em São Paulo, não aconteceu por conta de um problema de saúde do vocalista e baixista. Ele se recuperou para se apresentar em Curitiba e Porto Alegre e depois seguir tocando pelos meses seguintes. O último show do grupo - que contava com o guitarrista Phil Campbell desde 1984 e o baterista Mikkey Dee desde 1992 - aconteceu no último dia 11 em Berlim, na Alemanha.

Relembre o clipe de "Ace Of Spades":



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