---

Birdy - Beautiful Lies
Apesar de ter um nome imponente e digno de uma popstar, ou uma aristocrata, a jovem Jasmine van den Bogaerde preferiu adotar o singelo nome Birdy em sua carreira musical.

Apesar dela ter apenas 19 anos, "Beautiful Lies" já é o seu terceiro álbum e chega repleto de expectativas - até pelo fato dos dois anteriores terem sido muito bem sucedidos em diversos mercados.

O novo trabalho mostra que a artista está em permanente evolução, e faz crer que estamos diante de um talento raro.

Birdy faz música pop, mas não exatamente do tipo mais radiofônico (e certamente nada descartável). Uma rápida audição no disco, nos faz crer que ela andou ouvindo muita música britânica e os discos de Kate Bush para compor, ao lado de uma série de parceiros e produtores, essa série de canções misteriosas e cativantes.

O resultado final é quase sempre bem interessante e pessoal, mas se for o caso de colocá-la em um nicho, podemos recomendá-la para fãs de Florence + The Machine ou Lana Del Rey, mas não só.

"Beautiful Lies" estreou no quarto lugar da parada britânica e é um daqueles álbuns com potencial para seguir cativando o público por mais um tempo e, de quebra, abrir novos mercados. Fica então a torcida para que ela penetre também no mercado americano, onde ela é bem recebida, mas ainda não conseguiu o mesmo sucesso que tem em sua terra natal, Austrália, e outros países europeus.

Ouça "Wild Horses" com Birdy presente no álbum "Beautiful Lies"

---

ZAYN - Mind Of Mine
Se Zayn Malik queria demonstrar independência e deixar claro que sua carreira solo não seria mera continuação de seus tempos de One Direction, ele certamente conseguiu.

Mind Of Mine pode não ser um disco perfeito, mas ele com certeza surpreende e em momento algum é um trabalho preguiçoso.

O maior acerto aqui, foi a busca por algo menos imediato, com uma aposta maior em faixas climáticas que, por vezes, beiram o experimental.

ZAYN foi talentoso, e também esperto, ao fazer um disco calcado no chamado R&B futurista, que aos poucos se firma como o grande som desta década. Assim, ele conquistou também o respeito dos críticos, que se mostraram bem impressionados com o que ouviram.

Apesar de ter sido composto e produzido por uma enorme variedade de pessoas, o trabalho resulta homogêneo, íntegro. Ou seja, sente-se a presença do cantor aqui que se preocupa em dar um toque pessoal em todas essas canções.

O trabalho estreou no topo da parada britânica, e deve fazer bonito também na americana. Mais importante, ele marca a chegada de um novo artista, que em quase nada se assemelha àquele que conhecíamos até bem pouco tempo.

Em resumo, a se julgar pelo visto aqui, ZAYN conseguirá seguir os passos de Justin Timberlake, Robbie Williams e outros poucos felizardos: a de cantores que conseguiram se desvencilhar da imagem de membro de boy-band e construir uma carreira longa, bem sucedida e de prestígio. Nada mal para quem ainda tem apenas 23 anos.

Ouça "It's You" com ZAYN presente no álbum "Mind Of Mine"

---

Legião Urbana - Legião Urbana - 30 anos
Esse relançamento na verdade deveria ter saído no ano passado, quando de fato o álbum completou três décadas. No final, o lançamento acabou adiado e sem um de seus maiores atrativos, a inédita "" que acabou envolvida em um embate entre o herdeiro de Renato Russo e os membros sobreviventes Dado Villa-Lobos e Macelo Bonfá.

Felizmente eles ainda tinham bastante material extra um disco bônus, a maior justificativa para os fãs reinvestirem seu dinheiro nesse álbum que chega agora à sua quarta edição em CD.

Sobre o álbum original não há muito a falar. Hoje ele já está firmado como um clássico não só do rock brasileiro, como de nossa música como um todo. "Legião Urbana" foi um dos discos que levaram o nosso pop para um novo patamar ao traduzir para nós a linguagem do rock de vanguarda britânico.

Aqui Russo e cia. ainda estavam bastante ligados no punk, e no pós-punk. As influências de Joy Division, Gang Of Four, PIL e também do Killing Joke - nas canções mais "tribais", são visíveis, assim como os ecos de Clash, Ramones e Sex Pistols nas faixas mais pesadas. A diferença mesmo estava na sensibilidade pop da banda - que se faria sentir com mais força em "Dois", o disco seguinte - e no discurso de Russo, que aqui mostra-se menos direto e messiânico do que posteriormente. Ou seja, um trabalho que mantém-se atual e interessante, e, cosia rara no caso deles, aberto a descobertas.

A ideia de relançar os discos com faixas bônus era um sonho de Renato Russo. Pouco antes de morrer, em 1996, ele sempre falava como adoraria ver novas edições de seus trabalhos com faixas extras. Pena que só agora, 20 anos depois!, seu sonho comece a se tornar real.

Obviamente esse material é de maior interesse para fãs mais fiéis, e são esses que irão se divertir com as versões demo ou que foram preteridas durante as gravações por outros takes aqui presentes.

De cara nota-se que a escolha de trabalhar com o produtor e jornalista José Emílio Rondeau se mostrou acertada.

Ele certamente não tinha a experiência e o conhecimento técnico de Marcelo Sussekind, que produziu algumas das demos aqui presentes, mas certamente entendia melhor o que se passava na cabeça daqueles brasilienses.

Ainda assim, o material de longe mais interessante nesse disco 2, são justamente as demos gravadas pelo grupo em sua cidade natal - as gravações que foram tocadas pela rádio Fluminense FM e abriram caminho para tudo o que veio depois. A se lamentar apenas que eles não tenham colocado todas as faixas daquela fita nesse relançamento - a versão original de "A Dança" é arrepiante, mas o que temos aqui já diverte bastante e faz torcer para que o restante dos álbuns do grupo ganhem tratamento semelhante.

Ouça o disco bônus que acompanha a nova edição de "Legião Urbana"