Good Charlotte - Youth Authority
2016 está sendo marcado pela quebra do silêncio de algumas bandas que fizeram sucesso dentro do rótulo "pop punk" e estavam há algum tempo sem lançar material inédito. Depois do Simple Plan e do blink-182 quem retorna depois de seis anos é o Good Charlotte com este "Youth Authority".
O grupo havia entrado oficialmente em um "hiato por tempo indefinido" e os irmãos Joel e Benji Madden chegaram a montar um novo projeto - o Madden Brothers, que lançou um trabalho de estúdio em 2014.
Assim como no caso dos exemplos citados acima, aqui também temos uma banda preocupada acima de tudo em reconectar-se com seus antigos fãs, e os novos que porventura os tenha conhecido em algum momento mais recente.
Voltando ao presente, o disco de retorno vai agradar especialmente quem gostava deles na década passada e assim continuou. Quem nunca teve interesse na música do quinteto, provavelmente não irá mudar de ideia, e quem os curtia mas se enjoou não deverá mudar de opinião.
Por outro lado, o disco tem canções fortes o bastante para cativar uma nova geração de admiradores e garantir mais uns anos de estrada para os americanos.
As faixas têm produção adequada e sabem equilibrar o peso com a melodia. Quem curte esse tipo de som certamente irá achar bastante coisa aqui de seu agrado.
Ouça "Life Can't Get Much Better" com o Good Charlotte do álbum "Youth Authority"
Steven Tyler - We're All Somebody...
Há tempos que Steven Tyler, prometia lançar um disco solo dedicado à música country. Depois de muita espera finalmente aí está o disco do vocalista do Aerosmith.
Na verdade, "We're All Somebody From Somewhere" lembra mais os momentos roqueiros dos discos feitos pelos astros da música country contemporânea do que certos álbuns de rock feitos sob a influência da música de raiz dos EUA. O trabalho também não guarda semelhanças com o dos artistas que se encaixam naquele rótulo de difícil explicação chamado "americana".
O que temos aqui então é um disco que vai trazer lembranças da banda principal de Tyler, até porque sua voz além de fundamental para o Aerosmith é uma das mais marcantes de todo o rock. Mas Tyler apresenta alguns novos truques que fazem vale essa empreitada e não deixam o trabalho soar como um álbum de seu grupo feito sem os demais integrantes.
Para os críticos estrangeiros, um dos problemas dessa estreia, está em uma certa falta de foco - como se Tyler tivesse decidido gravar músicas das mais variadas para assim agradar a todo mundo e deixando o resultado final sem unidade.
A crítica tem sentido, por outro lado em um cenário onde as pessoas cada vez menos se preocupam em escutar, quanto mais comprar, um álbum, a estratégia faz certo sentido. No final "We're All Somebody From Somewhere" se mostra um disco simpático e divertido, ainda que possamos discutir se ele realmente precisava ter regravado "Janie's Got A Gun" ou encerrar o disco com uma cover de "Piece Of My Heart", imortalizada na voz de Janis Joplin.
Ouça "Red, White & You" com Steven Tyler de "We're All Somebody From Somewhere"
Michael Kiwanuka - Love & Hate
Há quatro anos o jovem Michael Kiwanuka chamou a atenção com seu disco de estreia. Ainda que não tenha emplacado nos EUA (e também no Brasil), o cantor se tornou famoso no Reino unido e em muitos países da Europa, tendo ganhado um disco de ouro em sua terra natal e uma indicação para o Mercury Prize.
Desde então, ele fez muitos shows e gravou com gente como Jack White e Dan Auerbach dos Black Keys. No final ele acabou se entendendo mesmo com Danger Mouse, que assumiu a produção deste trabalho.
"Love & Hate" promete levar o artista para um novo patamar. Além de ter acabado de estrear no topo da parada britânica, ele foi muito elogiado pela imprensa estrangeira (a respeitada revista Mojo deu raras cinco estrelas para ele) e esse sucesso todo é merecido.
Kiwanuka, agora com 28 anos, fez um disco daqueles que não são fáceis de se categorizar em sua mistura de soul, jazz, rock e orquestrações. O artista certamente ouviu bastante os discos de gene como Bill Withers. Shuggie Otis e outros artistas que partiam da música negra tradicional para chegar em uma sonoridade que não conhecia amarras.
"Love & Hate" mostra-se assim um trabalho fascinante e que fatalmente estará em diversas listas de grandes lançamentos de 2016.
Ouça "Black Man In A White World" com Michael Kiwanuka do álbum "Love & Hate"