A morte de Chuck Berr neste sábado (18) aos 90 anos, nos priva não só de um pioneiro, como de uma daquelas pessoas que ajudaram a moldar o nosso mundo. Bastando dizer que sem ele, é muito provável que as carreiras de Beatles, Rolling Stones ou Bob Dylan muito provavelmente não teriam acontecido.

Berry não gravava desde 1979 e toda sua obra icônica foi registrada entre o meio dos anos 50 e o começo dos 60, ainda assim, sua sombra sempre esteve presente em quase tudo que seria feito em termos de música pop baseada em guitarra dali em diante.

Afinal foi ele quem mostrou que era possível compor e gravar o seu próprio material, que tornou a guitarra Gibson objeto de desejo, instituiu o riff como unidade fundamental do rock, criou as primeiras letras mais inteligentes e complexas do gênero e cristalizou a imagem do roqueiro bad boy e marrento, que ajudaram a manter o gênero vivo nos mais de cinquenta anos que se seguiram.

Chuck Berry sabia que seu tempo estava se esvaindo e, por isso, fez questão de retornar ao estúdio para gravar um derradeiro álbum que sairá em algum momento de 2017. Enquanto o disco não sai, ouça cinco de suas canções mais fundamentais.

"Maybellene" - 1955
Seu primeiro single saiu quando ele já tinha 30 anos. A faixa chegou ao top 5 dos EUA (e ficou em primeiro na parada de R&B) e trazia todas as marcas registradas do músico: o riff marcante (o marco zero da guitarra no rock segundo a edição americana da Rolling Stone), a letra divertida e complexa versando sobre carros, garotas e impulso sexual e a mistura do R&B negro com a música country branca. Foi escolhida pela Rolling Stone a 18° melhor música já escrita.



"Roll Over Beethoven" - 1956

Outro clássico fundamental do rock and roll, essa foi gravada com sucesso pelos Beatles, que a escolheram para abrir o seu primeiro concerto em solo americano (em fevereiro de 1964) traz outra letra cheia de ironia e boas sacadas. Nela Berry pede para que Beethoven dance em sua tumba ao som do novo ritmo. Na lista da Rolling Stone, essa ficou no 97° lugar.



Rock And Roll Music - 1957
Se tivéssemos que escolher um "hino nacional" para o rock, é pouco provável que alguém fosse discordar caso "Rock And Roll Music" fosse a vencedora. Outra canção perfeita, em letra, música e execução, essa também foi regravada pelos Beatles (e também pelos Beach Boys que voltaram às paradas na década de 70 com uma cover dela) e chegou na oitava posição da parada americana. Na lista da 500 músicas da Rolling Stone ela ficou no 128° lugar.



"Sweet Little Sixteen" - 1958
Essa tem talvez a melhor melodia já composta por ele, tanto que Brian Wilson simplesmente copiou-a para escrever "Surfin' USA" para os Beach Boys anos depois. Berry ouviu e não ficou muito feliz, abrindo processo e ganhando um crédito de co-autor na canção. Na lista da RS ela está na 277ª colocação.



"Johnny B. Goode" - 1958
O maior clássico de Berry e outra de suas músicas que ficarão para a eternidade, essa chegou à segunda posição na Billboard e segundo a Rolling Stone, é a 8ª melhor canção de todos os tempos. Muito regravada, "Johnny B. Goode" ganhou versões de artistas dos mais diversos - dos Beatles a Peter Tosh, e de Jimi Hendrix ao Judas Priest.