Uma das maiores vozes do século 20, senão a maior, Aretha Franklin gravou muito em seus mais de 60 anos de carreira. São mais de 40 álbuns, fora as coletâneas, discos ao vivo e projetos especiais.
Ou seja, é um percurso complicado para quem quer ouvi-la com um pouco mais de profundidade. Para os que não conhecem bem a sua história e querem ter uma primeira ideia, a dica é escutar uma de suas várias compilações.
Uma boa é o álbum duplo que junta seus 30 maiores sucessos registrados em sua época de ouro da Atlantic.
Ali é possível entender as razões que deram a ela o título de "Rainha do Soul" , com suas interpretações rascantes e/ou emotivas e o talento para tornar músicas alheias em canções próprias. Depois disso vale a pena escutar alguns de seus álbuns de carreira. Abaixo listamos cinco que estão entre os melhores que ela registrou:
I Never Loved a Man the Way I Love You - 1967
O primeiro álbum na Atlantic, antes ela havia gravado mais de uma dezena de trabalhos na Columbia, é também um dos discos mais importantes da história da música pop do século 20.
Depois de anos gravando para uma companhia que não sabia bem como trabalhá-la - o que resultou em trabalhos de estilos, e qualidade, variados - ela finalmente se encontrou no R&B cru e nas baladas dilaceradas e encontrou no produtor Jerry Wexler e nos músicos do estúdio FAME, localizado em Muscle Shoals no Alabama.
Aretha, raramente compunha, mas aqui ela tem crédito de co-autora em quatro faixas, incluindo na celebrada "Dr. Feelgood (Love Is A Serious Business)". Não que isso importe. Como já dissemos, Franklin sabia dar vida própria para as músicas que cantava e aqui isso se comprova na faixa-título, em "" e, especialmente em "Respect".
Essa, imaginava-se, já havia ganhado a sua versão definitiva na voz de seu autor, o igualmente lendário Otis Redding, mas Franklin adicionou toda uma gama de significados quando a gravou, transformando-a em um hino tanto pela causa dos direitos civis quando do feminismo. A música chegou ao primeiro lugar da parada americana.
Lady Soul - 1968
O terceiro álbum pela Atlantic repetia a fórmula do sucesso anterior (entre "I Never Loved A Man" e esse, ela lançou o pouco conhecido "Aretha Arrives") misturando faixas mais pesadas, baladas, blues e R&B. O material também é variado, e tem músicas que contaram com ela como compositora, covers e canções inéditas de outros compositores
"Chain Of Fools", que virou um enorme hit, foi escrita por Don Covay para Otis Redding gravar, mas o produtor Jerry Wexler entendeu que ela ficaria melhor na voz de Aretha.
O outro clássico imortal do álbum é "(You Make Me Feel Like) A Natural Woman" composta por Carole King (que a regravou brilhantemente em 1971). Assim como "I Never Loved A Man...", esse também foi considerado um dos 100 melhores álbuns de todos os tempos pela edição americana da Rolling Stone.
"Aretha Live At The Fillmore West - 1971
Não é preciso ser um grande conhecedor de soul music, para saber que o estilo ganha, e muito, no palco. Assim, vale muito escutar esse disco que flagra a cantora no auge de sua forma cantando em uma das casas de shows mais emblemáticas de sua era - O Fillmore West, espécie de Meca da era hippie.
O álbum pode não ser tão celebrado quanto os trabalhos ao vivo de James Brown ("Live at Apollo" de 1963) ou Sam Cooke ("Live at the Harlem Square Club, 1963" lançado em 1985), mas não fica atrás deles em emoção e força.
Como estaria se apresentando para uma plateia majoritariamente branca e roqueira, Franklin achou melhor caprichar em um repertório mais "roqueiro" com covers de Beatles, Simon and Garfunkel, Stephen Stills e Bread e em material de sua autoria de maior peso e intensidade. Para completar, ela chamou ninguém menos que Ray Charles para uma participação especial. O encontro dos dois em "Spirit In The Dark" é simplesmente antológico.
O disco ganhou duas versões expandidas. A primeira, de 2006, tem um CD a mais com faixas não usadas no álbum e takes alternativos. Já os fãs mais fiéis podem ir atrás da edição quádrupla em quatro CDs que junta também o show de King Curtis que abriu o shows (foram três em março de 1971) e cuja banda acompanhou a cantora.
"Amazing Grace" - 1972
Como disse Mick Jagger hoje quando soube da morte da artista, "onde quer que você estivesse, Aretha te levava para a igreja". Nesse caso podemos falar que literalmente, já que "Amazing Grace", ainda hoje o álbum de música gospel mais vendido da história dos EUA, foi gravado em um templo batista, com a cantora voltando às suas origens.
O álbum duplo, que em 1999 ganhou uma edição especial com a íntegra das gravações, é um trabalho de amor e pode ser apreciado de forma indistinta, seja o ouvinte crente na fé cristã ou não.
"Who's Zoomin' Who" - 1985
Verdade seja dita, essa lista poderia ser completada com mais álbuns gravados por ela entre 1967 e 1972, já que ali está o período de ouro dela, mas também seria um pouco injusto negligenciar tudo o que ela fez posteriormente. Daí então a sugestão para que se ouçam esse álbum, onde ela tentou se adequar aos anos 80, de forma, no geral, competente.
Vale lembrar que nessa época, outra grande cantora da grande era da soul music havai conseguido se reerguer, falamos de Tina Turner.
Logo, fazia todo o sentido do mundo que se tentasse colocar Franklin novamente em voga, afinal as duas tinham muito em comum, incluindo a preferência pelo canto mais feroz do que o contido.
"Who's Zoomin' Who" foi produzido pelo baterista Narada Michael Walden e por Dave Stewart dos Eurythmics. O ponto alto do trabalho, diga-se, é justamente "" gravada com a dupla inglesa. O resto do disco fica entre o bom e o passável, já que a produção tipicamente oitentista deixa atrapalha um pouco.
O álbum foi considerado um dos 100 melhores dos anos 80 pela Rolling Stone e ganhou um disco de platina, o único dela para um trabalho de estúdio. Ele ainda chegou no 13° lugar da parada americana, seu melhor desempenho no top 200 em 13 anos e uma marca que não foi superada por nenhum de seus discos posteriores.
Ou seja, é um percurso complicado para quem quer ouvi-la com um pouco mais de profundidade. Para os que não conhecem bem a sua história e querem ter uma primeira ideia, a dica é escutar uma de suas várias compilações.
Uma boa é o álbum duplo que junta seus 30 maiores sucessos registrados em sua época de ouro da Atlantic.
Ali é possível entender as razões que deram a ela o título de "Rainha do Soul" , com suas interpretações rascantes e/ou emotivas e o talento para tornar músicas alheias em canções próprias. Depois disso vale a pena escutar alguns de seus álbuns de carreira. Abaixo listamos cinco que estão entre os melhores que ela registrou:
I Never Loved a Man the Way I Love You - 1967
O primeiro álbum na Atlantic, antes ela havia gravado mais de uma dezena de trabalhos na Columbia, é também um dos discos mais importantes da história da música pop do século 20.
Depois de anos gravando para uma companhia que não sabia bem como trabalhá-la - o que resultou em trabalhos de estilos, e qualidade, variados - ela finalmente se encontrou no R&B cru e nas baladas dilaceradas e encontrou no produtor Jerry Wexler e nos músicos do estúdio FAME, localizado em Muscle Shoals no Alabama.
Aretha, raramente compunha, mas aqui ela tem crédito de co-autora em quatro faixas, incluindo na celebrada "Dr. Feelgood (Love Is A Serious Business)". Não que isso importe. Como já dissemos, Franklin sabia dar vida própria para as músicas que cantava e aqui isso se comprova na faixa-título, em "" e, especialmente em "Respect".
Essa, imaginava-se, já havia ganhado a sua versão definitiva na voz de seu autor, o igualmente lendário Otis Redding, mas Franklin adicionou toda uma gama de significados quando a gravou, transformando-a em um hino tanto pela causa dos direitos civis quando do feminismo. A música chegou ao primeiro lugar da parada americana.
Lady Soul - 1968
O terceiro álbum pela Atlantic repetia a fórmula do sucesso anterior (entre "I Never Loved A Man" e esse, ela lançou o pouco conhecido "Aretha Arrives") misturando faixas mais pesadas, baladas, blues e R&B. O material também é variado, e tem músicas que contaram com ela como compositora, covers e canções inéditas de outros compositores
"Chain Of Fools", que virou um enorme hit, foi escrita por Don Covay para Otis Redding gravar, mas o produtor Jerry Wexler entendeu que ela ficaria melhor na voz de Aretha.
O outro clássico imortal do álbum é "(You Make Me Feel Like) A Natural Woman" composta por Carole King (que a regravou brilhantemente em 1971). Assim como "I Never Loved A Man...", esse também foi considerado um dos 100 melhores álbuns de todos os tempos pela edição americana da Rolling Stone.
"Aretha Live At The Fillmore West - 1971
Não é preciso ser um grande conhecedor de soul music, para saber que o estilo ganha, e muito, no palco. Assim, vale muito escutar esse disco que flagra a cantora no auge de sua forma cantando em uma das casas de shows mais emblemáticas de sua era - O Fillmore West, espécie de Meca da era hippie.
O álbum pode não ser tão celebrado quanto os trabalhos ao vivo de James Brown ("Live at Apollo" de 1963) ou Sam Cooke ("Live at the Harlem Square Club, 1963" lançado em 1985), mas não fica atrás deles em emoção e força.
Como estaria se apresentando para uma plateia majoritariamente branca e roqueira, Franklin achou melhor caprichar em um repertório mais "roqueiro" com covers de Beatles, Simon and Garfunkel, Stephen Stills e Bread e em material de sua autoria de maior peso e intensidade. Para completar, ela chamou ninguém menos que Ray Charles para uma participação especial. O encontro dos dois em "Spirit In The Dark" é simplesmente antológico.
O disco ganhou duas versões expandidas. A primeira, de 2006, tem um CD a mais com faixas não usadas no álbum e takes alternativos. Já os fãs mais fiéis podem ir atrás da edição quádrupla em quatro CDs que junta também o show de King Curtis que abriu o shows (foram três em março de 1971) e cuja banda acompanhou a cantora.
"Amazing Grace" - 1972
Como disse Mick Jagger hoje quando soube da morte da artista, "onde quer que você estivesse, Aretha te levava para a igreja". Nesse caso podemos falar que literalmente, já que "Amazing Grace", ainda hoje o álbum de música gospel mais vendido da história dos EUA, foi gravado em um templo batista, com a cantora voltando às suas origens.
O álbum duplo, que em 1999 ganhou uma edição especial com a íntegra das gravações, é um trabalho de amor e pode ser apreciado de forma indistinta, seja o ouvinte crente na fé cristã ou não.
"Who's Zoomin' Who" - 1985
Verdade seja dita, essa lista poderia ser completada com mais álbuns gravados por ela entre 1967 e 1972, já que ali está o período de ouro dela, mas também seria um pouco injusto negligenciar tudo o que ela fez posteriormente. Daí então a sugestão para que se ouçam esse álbum, onde ela tentou se adequar aos anos 80, de forma, no geral, competente.
Vale lembrar que nessa época, outra grande cantora da grande era da soul music havai conseguido se reerguer, falamos de Tina Turner.
Logo, fazia todo o sentido do mundo que se tentasse colocar Franklin novamente em voga, afinal as duas tinham muito em comum, incluindo a preferência pelo canto mais feroz do que o contido.
"Who's Zoomin' Who" foi produzido pelo baterista Narada Michael Walden e por Dave Stewart dos Eurythmics. O ponto alto do trabalho, diga-se, é justamente "" gravada com a dupla inglesa. O resto do disco fica entre o bom e o passável, já que a produção tipicamente oitentista deixa atrapalha um pouco.
O álbum foi considerado um dos 100 melhores dos anos 80 pela Rolling Stone e ganhou um disco de platina, o único dela para um trabalho de estúdio. Ele ainda chegou no 13° lugar da parada americana, seu melhor desempenho no top 200 em 13 anos e uma marca que não foi superada por nenhum de seus discos posteriores.