Após várias passagens pelo Brasil, quem é fá dos Red Hot Chili Peppers já sabe que a banda não é daquelas que gosta de simplesmente entregar o que o público espera. É certo que eles irão tocar "Can't Stop" no começo depois de uma jam instrumental, e que "Give It Away" vai aparecer no final. Já o que é tocado entre esses dois pontos pode variar bastante e nem sempre é o que os fãs que só os conhecem dos hits radiofônicos ou que estão acostumados com shows do tipo "apoteóticos" esperam.

Obviamente, essa opção artística cria momentos de dispersão no espetáculo, e o clima é bem diferente daqueles vistos nas performances de Foo Fighters e Bon Jovi, para focarmos em dois headliners desse Rock in Rio. Mas a banda parece estar ciente desse risco e feliz por fazer essa opção artística.

Já quem está preparado para embarcar na viagem proposta pelo veterano quarteto, tende a sair recompensado de suas apresentações. Afinal é sempre ótimo ver um grupo de músicos tão coesos e entrosados, que se permitem improvisar e ainda tocar canções menos óbvias e covers durante os shows. Em resumo, os Chili Peppers tocam para 100 ml pessoas como se estivessem em um salão.

A apresentação que terminou há pouco não teve "Under The Bridge", "Otherside" ou "Breaking The Girl", para ficarmos em três canções muito queridas por aqui. Em compensação a raríssima "Sikamikanico", que eles nunca tinham tocado ao vivo, achou um lugar no setlist. O vocalista Anthony Kiedis disse que era o presente de aniversário deles para Josh Klinghoffer, que mesmo tendo se tornado guitarrista da banda, nunca perdeu o seu lado de fã - ele está sempre os estimulando a desenterrar algumas canções.

Outra boa surpresa da noite foi a fiel cover para "Just What I Needed" do The Cars, em homenagem a Rick Ocasek, o líder da banda morto recentemente. Klinghoffer também tocou na volta do bis "I Don't Wanna Grow Up" de Tom Waits e mais conhecida aqui na versão dos Ramones.

Entre os hits, eles ainda mostraram "Californication", "Aeroplane" (outra boa sacada) e "By The Way". Essas foram ouvidas entre algumas músicas mais recentes e outras surpresas como "", outra que não aparece frequentemente nos shows, ou "Hey".

A banda entregou assim, o que já era esperado, em um show que pareceu ter sido levado com maior empolgação que os dois mais recentes deles por aqui (em 2017 no próprio Rock in Rio e no ano passado no Lollapalooza).

Veja trechos do show:

"Can't Stop"



"Californication"