O ano de 1971 foi daqueles únicos na história da música pop. Durante aqueles 12 meses, dezenas de discos dos mais diversos gênero, do folk ao soul, do rock ao funk, passando pelo jazz, blues e também pelo cenário brasileiro, francês, alemão ou africano, saíram e acabaram entrando para a história, influenciando não só as gerações futuras, mas também ajudando a moldar o espírito da época - a série da Apple "1971 - O Ano Em Que A Música Mudou Tudo" mostra um pouco desse período mágico. Neste #TBT, mostramos cinco destes discos - falando apenas dos que fizeram aniversário neste mês de julho, ou no final de junho.

Black Sabbath - "Master Of Reality" (lançado em 21 de julho)
Black Sabbath

Daqueles discos que entregam o recado em pouco tempo, são seis faixas e duas vinhetas em 35 minutos, esse é, certamente o disco mais maconheiro do quarteto que inventou o heavy metal (o seguinte, "Vol. 4", em compensação, seria movido à cocaína). A abertura, com "Sweet Leaf", sendo uma das grandes odes à erva já escritas. Daqui saíram também as clássicas "Children Of The Grave" e "Into The Void" e faixas muito queridas pelos fãs como "After Forever".

"Master" chegou ao quinto lugar no Reino Unido, e em oitavo nos EUA, o melhor resultado deles por lá, até a chegada de "13" (2013), que marcou o retorno de quase toda a formação original do grupo e chegou ao topo dos dois rankings.



"Maggot Brain" - Funkadelic (lançado em 12 de julho)
Funkadelic

Na longa discografia de George Clinton e seus conglomerados Parliament e Funkadelic, esta talvez seja a melhor porta de entrada para o funk psicodélico (o P-Funk) tramado pelo músico. "Maggot" abre com a épica faixa-título, um longo e emocionante solo de guitarra, tocado lindamente por Eddie Hazel, morto em 1992, em um só take. Clinton teria pedido para ele tocar como se tivesse acabado de saber que sua mãe havia morrido, o que explica todo o seu lirismo.

Mas "Maggot Brain" não é só isso, ele ainda tem várias canções de pegada mais pop, marcadas pela fusão da black music com o rock, casos de "Hit It And Quit It" e "Can You Get To That", e termina com uma grande piração de quase 10 minutos chamada "Wars Of Armageddon". A edição abaixo aumenta ainda o potencial de chapação do disco com mais três faixas extras.



"At Fillmore East" - The Allman Brothers Band (lançado em 6 de julho)
The Allman Brothers Band

O último trabalho lançado pela formação original da banda que colocou o rock feito no sul dos EUA no mapa e abriu novos caminhos para a música improvisada. Em um dia especial, como os aqui captados, os Allman Brothers alçavam voo e levavam o público junto com seu som cru, baseado no blues, mas sempre lírico. A banda não via problema em expandir suas canções para 10, 20 ou até 30 minutos. E convenhamos, não é fácil manter o público ligado por tanto tempo, mas eles conseguiam.

"At Fillmore East" saiu originalmente como um disco duplo, com repertório montado a partir dos quatro shows que eles fizeram na lendária casa de shows nova-iorquina em 12 e 13 de março de 1971. Edições posteriores aumentaram consideravelmente a duração original do disco, e há um box set com a íntegra de todos os concertos.

Infelizmente, o disco que botou a banda na primeira divisão do rock, também acabou sendo o último a contar com o extraordinário guitarrista Duanne Allman, que morreria em outubro daquele mesmo ano com apenas 24 anos, em um acidente de moto. Inacreditavelmente, o baixista Berry Oakley também se foi apenas um ano depois, com a mesma idade e nas mesmas circunstâncias.



"Blue" - Joni Mitchell (lançado em 22 de junho de 1971)
Joni Mitchell

Não é exagero dizer que nessas 10 faixas, estão a base para quase todos os discos "confessionais" de cantor e compositor já feitos desde então. Este é o quarto disco de Mitchell, e um trabalho quase que único em sua longa e excelente discografia. Ainda trabalhando em um formato folk/acústico, que ela abandonaria nos ano seguintes em favor de experimentos com o mundo do jazz, a cantora se desnudou em uma série de canções que ajudaram a moldar várias gerações de músicos e ouvintes.

Além de grande cantora e compositora, Mitchell também trouxe uma maneira nova de se tocar violão, graças ao seu uso de afinações diferentes das tradicionais - o site oficial dela traz um guia valioso para quem é guitarrista e quer se aventurar por esse caminho.