Há 40 anos, o R.E.M. lançou o EP "Chronic Town", o segundo lançamento da banda e o primeiro a sair pela IRS Records, que os contratou depois que o single de estreia, "Radio Free Europe", de julho de 1981, causou uma boa impressão na imprensa e em quem se interessava por novidades de fora do mainstream, mesmo tendo saído por um minúsculo selo independente.
Com cinco músicas, o disquinho aprofundou essa relação de amor entre crítica e banda e deu início a um culto que, quase uma década depois, faria deles uma das maiores bandas do mundo.
Michael Stipe (voz), Peter Buck (guitarra), Mike Mills (baixo) e o baterista Bill Berry (que largou a banda em 1997) construíram uma carreira sólida e extremamente digna, fazendo as coisas ao seu modo e mesmo assim alcançando milhões de pessoas ao redor do planeta.
Até na hora de acabar eles foram diferentes. Pouco antes de começarem a gravar "Collapse into Now", lançado em março de 2011, Stipe, Buck e Mills já haviam decidido que aquele seria o álbum de despedida do grupo. Em setembro, o anúncio foi feito e uma das bandas mais queridas da história dava adeus sem maiores traumas ou brigas entre seus integrantes.
Tanto que eles se definem como uma banda ativa que só não grava discos ou faz shows - todos eles ainda são amigos e sempre discutem projetos relativos ao seu legado - como reedições de luxo - e também falando com jornalistas quando um novo disco de arquivo é lançado.
Nesse #TBT falamos de cinco discos importantes na história deles para celebrar as quatro décadas de "Chronic Town".
"Murmur" - 1983
Um dos mais importantes álbuns do rock moderno, a estreia do quarteto mostrava uma banda que ainda tinha influências do pós-punk, mas já apontava caminhos para onde o rock alternativo iria nos próximos anos. A guitarra cheia de influência do rock dos anos 60 de Buck e os vocais ininteligíveis de Stipe cativou os ouvintes das rádios universitárias e críticos.
A Rolling Stone o coroou como o grande álbum de 1983 - à frente de "Thriller", de Michael Jackson, e "Synchronicity", do Police, e ele também foi elogiadíssimo pela imprensa britânica.
"Murmur" não foi um grande sucesso de vendas logo de cara, ainda que tenha chegado no top 40 dos EUA e, anos depois, ganhado disco de ouro. Bizarramente, apesar de ter status de clássico há décadas, ele jamais foi lançado no Brasil, seja em vinil ou CD (assim como "Reckoning", o álbum posterior).
"Document" - 1987
Este quinto álbum foi o primeiro do quarteto a chegar ao top 10 dos EUA e também a causar um impacto maior em rádios e MTV graças aos singles "The One I Love" e "It's The End Of The World As We Know It (And I Feel Fine)".
O sucesso com os críticos também seguiu com força. "Document" entrou em todas listas importantes de melhores álbuns do ano (a brasileira Bizz o elegeu o número 1, mas de 1988, já que o LP demorou um pouco até ganhar edição nacional) e a Rolling Stone os colocou na capa com a chamada "a melhor banda de rock and roll da América". O sucesso mainstream passou a acenar e ficou claro que os dias de independência estavam chegando ao fim. Este foi o último trabalho deles na IRS Records.
"Green" - 1988
Se havia algum temor que o R.E.M. pudesse se perder dentro da poderosa Warner eles logo acabaram assim que "Green" chegou às lojas. Um disco que sabia ser enérgico ("Turn You Inside-Out") e delicado ("You Are The Everything"), pop ("Orange Crush", "Stand") e experimental ("The Wrong Child"), o sexto álbum do grupo chegou ao disco de platina e, mais uma vez, foi celebrado pelos críticos, ainda que a Rolling Stone, desta vez, tenha sido menos entusiasmada do que o normal.
"Automatic For The People" - 1992
Ok, "Out Of Time" (1991) foi o disco que levou o R.E.M. para o nível seguinte, o de superestrelas, graças ao hit eterno "Losing My Religion". Mas aquele era um álbum um tanto irregular, ainda que longe de ser ruim ou mesmo muito abaixo da média. Mas foi este o álbum que mostrou que eles iriam fazer as coisas ao seu modo. Afinal, quem se recusaria a sair em turnê no momento em que se tem uma das músicas e discos mais tocados em todo o mundo.
Ao invés disso, eles preferiram gravar mais um trabalho e, aí sim, tudo deu certo. "Automatic For The People" vendeu tanto quanto o seu antecessor, foi adorado pelos críticos e é, ao lado de "Murmur", o álbum deles que mais presença marca em listas de "melhores de todos os tempos".
"Automatic..." também teve sua parcela de grandes singles: além da balada "Everybody Hurts", daquelas que já nasceram clássicas, "Man On The Moon" e "The Sidewinder Sleeps Tonight", que nunca foi tocada ao vivo - eles também não saíram em turnê para divulgar o disco e a música não apareceu nos setlists dos giros seguintes.
"Live at The Olympia" - 2009
De maneira simplificada podemos dividir os discos do R.E.M. em três blocos de cinco: a fase independente, os lançados pela Warner com Bill Berry na formação e os cinco finais, como trio. Desses, a fase final é a menos compreendida e a mais irregular. O experimental "UP", pode não ter vendido muito, acenando que a era do megaestrelato havia chegado ao fim, mas mostrava que sim, "um cachorro com três patas ainda é um cachorro", como disse Stipe. "Reveal" (2001) e "Around The Sun" já foram mais complicados, o segundo em particular, tido como o mais fraco que eles fizeram.
As gravações deixaram Buck tão péssimo que por pouco ele não abandonou o grupo. No fim, prevaleceu a ideia de que se fosse para encerrar a carreira eles deveriam partir com um trabalho digno do legado que eles tanto lutaram para conquistar.
"Accelerate" (2008) se mostrou um trabalho mais do que digno apostando na velha "volta às raízes". Um disco curto e direto (11 faixas em 35 minutos) gravado em apenas um mês que tomou forma de um jeito original.
Antes de entrar em estúdio, o grupo marcou uma série de ensaios abertos ao público em Dublin, Irlanda. Ali, por cinco noites o R.E.M testou as novas músicas e promoveu uma viagem aos seus primórdios. Ou seja, foram ao passado ao mesmo tempo que apontavam para o futuro.
No total, eles tocaram 39 músicas, sendo 22 dos chamados "IRS Years", incluindo quatro, das cinco, do EP "Chronic Town", justamente o lançamento que motivou este #TBT.
Lançado sem muito alarde em 2009, este CD duplo deveria ter sido mais popular e, ainda hoje, é um item mais obscuro na discografia deles que merece ser descoberto. Buck, Mills e Stipe ainda lançariam mais um álbum, o bom, mas pouco memorável, "Collapse Into Now", feito já quando a decisão de encerrar a carreira estava tomada.
Com cinco músicas, o disquinho aprofundou essa relação de amor entre crítica e banda e deu início a um culto que, quase uma década depois, faria deles uma das maiores bandas do mundo.
Michael Stipe (voz), Peter Buck (guitarra), Mike Mills (baixo) e o baterista Bill Berry (que largou a banda em 1997) construíram uma carreira sólida e extremamente digna, fazendo as coisas ao seu modo e mesmo assim alcançando milhões de pessoas ao redor do planeta.
Até na hora de acabar eles foram diferentes. Pouco antes de começarem a gravar "Collapse into Now", lançado em março de 2011, Stipe, Buck e Mills já haviam decidido que aquele seria o álbum de despedida do grupo. Em setembro, o anúncio foi feito e uma das bandas mais queridas da história dava adeus sem maiores traumas ou brigas entre seus integrantes.
Tanto que eles se definem como uma banda ativa que só não grava discos ou faz shows - todos eles ainda são amigos e sempre discutem projetos relativos ao seu legado - como reedições de luxo - e também falando com jornalistas quando um novo disco de arquivo é lançado.
Nesse #TBT falamos de cinco discos importantes na história deles para celebrar as quatro décadas de "Chronic Town".
"Murmur" - 1983
Um dos mais importantes álbuns do rock moderno, a estreia do quarteto mostrava uma banda que ainda tinha influências do pós-punk, mas já apontava caminhos para onde o rock alternativo iria nos próximos anos. A guitarra cheia de influência do rock dos anos 60 de Buck e os vocais ininteligíveis de Stipe cativou os ouvintes das rádios universitárias e críticos.
A Rolling Stone o coroou como o grande álbum de 1983 - à frente de "Thriller", de Michael Jackson, e "Synchronicity", do Police, e ele também foi elogiadíssimo pela imprensa britânica.
"Murmur" não foi um grande sucesso de vendas logo de cara, ainda que tenha chegado no top 40 dos EUA e, anos depois, ganhado disco de ouro. Bizarramente, apesar de ter status de clássico há décadas, ele jamais foi lançado no Brasil, seja em vinil ou CD (assim como "Reckoning", o álbum posterior).
"Document" - 1987
Este quinto álbum foi o primeiro do quarteto a chegar ao top 10 dos EUA e também a causar um impacto maior em rádios e MTV graças aos singles "The One I Love" e "It's The End Of The World As We Know It (And I Feel Fine)".
O sucesso com os críticos também seguiu com força. "Document" entrou em todas listas importantes de melhores álbuns do ano (a brasileira Bizz o elegeu o número 1, mas de 1988, já que o LP demorou um pouco até ganhar edição nacional) e a Rolling Stone os colocou na capa com a chamada "a melhor banda de rock and roll da América". O sucesso mainstream passou a acenar e ficou claro que os dias de independência estavam chegando ao fim. Este foi o último trabalho deles na IRS Records.
"Green" - 1988
Se havia algum temor que o R.E.M. pudesse se perder dentro da poderosa Warner eles logo acabaram assim que "Green" chegou às lojas. Um disco que sabia ser enérgico ("Turn You Inside-Out") e delicado ("You Are The Everything"), pop ("Orange Crush", "Stand") e experimental ("The Wrong Child"), o sexto álbum do grupo chegou ao disco de platina e, mais uma vez, foi celebrado pelos críticos, ainda que a Rolling Stone, desta vez, tenha sido menos entusiasmada do que o normal.
"Automatic For The People" - 1992
Ok, "Out Of Time" (1991) foi o disco que levou o R.E.M. para o nível seguinte, o de superestrelas, graças ao hit eterno "Losing My Religion". Mas aquele era um álbum um tanto irregular, ainda que longe de ser ruim ou mesmo muito abaixo da média. Mas foi este o álbum que mostrou que eles iriam fazer as coisas ao seu modo. Afinal, quem se recusaria a sair em turnê no momento em que se tem uma das músicas e discos mais tocados em todo o mundo.
Ao invés disso, eles preferiram gravar mais um trabalho e, aí sim, tudo deu certo. "Automatic For The People" vendeu tanto quanto o seu antecessor, foi adorado pelos críticos e é, ao lado de "Murmur", o álbum deles que mais presença marca em listas de "melhores de todos os tempos".
"Automatic..." também teve sua parcela de grandes singles: além da balada "Everybody Hurts", daquelas que já nasceram clássicas, "Man On The Moon" e "The Sidewinder Sleeps Tonight", que nunca foi tocada ao vivo - eles também não saíram em turnê para divulgar o disco e a música não apareceu nos setlists dos giros seguintes.
"Live at The Olympia" - 2009
De maneira simplificada podemos dividir os discos do R.E.M. em três blocos de cinco: a fase independente, os lançados pela Warner com Bill Berry na formação e os cinco finais, como trio. Desses, a fase final é a menos compreendida e a mais irregular. O experimental "UP", pode não ter vendido muito, acenando que a era do megaestrelato havia chegado ao fim, mas mostrava que sim, "um cachorro com três patas ainda é um cachorro", como disse Stipe. "Reveal" (2001) e "Around The Sun" já foram mais complicados, o segundo em particular, tido como o mais fraco que eles fizeram.
As gravações deixaram Buck tão péssimo que por pouco ele não abandonou o grupo. No fim, prevaleceu a ideia de que se fosse para encerrar a carreira eles deveriam partir com um trabalho digno do legado que eles tanto lutaram para conquistar.
"Accelerate" (2008) se mostrou um trabalho mais do que digno apostando na velha "volta às raízes". Um disco curto e direto (11 faixas em 35 minutos) gravado em apenas um mês que tomou forma de um jeito original.
Antes de entrar em estúdio, o grupo marcou uma série de ensaios abertos ao público em Dublin, Irlanda. Ali, por cinco noites o R.E.M testou as novas músicas e promoveu uma viagem aos seus primórdios. Ou seja, foram ao passado ao mesmo tempo que apontavam para o futuro.
No total, eles tocaram 39 músicas, sendo 22 dos chamados "IRS Years", incluindo quatro, das cinco, do EP "Chronic Town", justamente o lançamento que motivou este #TBT.
Lançado sem muito alarde em 2009, este CD duplo deveria ter sido mais popular e, ainda hoje, é um item mais obscuro na discografia deles que merece ser descoberto. Buck, Mills e Stipe ainda lançariam mais um álbum, o bom, mas pouco memorável, "Collapse Into Now", feito já quando a decisão de encerrar a carreira estava tomada.