Jerry Lee Lewis, o último grande nome da primeira geração do rock and roll que ainda estava vivo, morreu nesta sexta-feira (28), aos 87 anos. A causa da morte do "The Killer" não foi divulgada, mas ela chega dois dias depois de ter sido anunciada, e desmentida, por alguns veículos de imprensa.
O músico teve uma carreira longa, foram mais de 40 álbuns de estúdio, e uma vida marcada por muita polêmica. Essa fama, mais do que merecida diga-se, de um homem propenso a atrair confusão, acabou sendo uma bênção e um problema, como diz o clichê.
Se por um lado, Jerry Lee veio a encarnar definitivamente a rebeldia do rock and roll, isso também acabou travando o seu sucesso. Basta dizer que, mesmo sendo quase sinônimo de rock and roll, apenas seis de seus álbuns apareceram no top 40 norte-americano, todos eles lançados depois de sua fase áurea - que dura basicamente de 1957 a 1958.
Foi nesse curtíssimo período que ele colocou seu nome na história graças a dois compactos: "Whole Lot Of Shakin' Going On" e "Great Balls Of Fire". Além desses, os dois seguintes também são antológicos ainda que menos populares: "Breathless" e "High School Confidential", este o último a aparecer com destaque na lista dos singles mais vendidos dos EUA.
Mas o que teria causado uma queda tão repentina em um artista diferenciado e que, tudo levava a crer, caminhava para uma carreira de enorme sucesso? Se formos eleger um único motivo fatalmente cairá na descoberta de que, com 22 anos, ele já estava em seu terceiro casamento e sua atual esposa não só era sua prima, como, descobriu-se, que Myra Gale Brown tinha somente 13 anos na ocasião da cerimônia. A notícia veio à tona quando ele estava em turnê pela Inglaterra. Tão logo os fatos foram tornados públicos, o giro foi imediatamente cancelado e ele jamais recuperou a popularidade.
Não que ele tenha tentado melhorar as coisas para o seu lado. Basta dizer que, em 1976, ele foi preso por tentar invadir Graceland, a mansão de Elvis Presley para, supostamente, matar o Rei do Rock - ele negou a história dizendo que os dois eram bons amigos.
O que não se pode é relegar a carreira do músico aos seus dois maiores clássicos. Mesmo distante do mainstream, ele produziu música de muita qualidade. Seu álbum ao vivo, "Live at the Star Club, Hamburg", gravado no mesmo clube alemão onde os viraram uma banda de verdade, tocando inclusive músicas do repertório dele, é tido como um dos grandes discos ao vivo de todos os tempos.
Sua guinada para a country music também rendeu uma série de discos que merecem ser conhecidos, bem como alguns de seus trabalhos mais recentes - "Last Man Standing", de 2006, onde a realeza do rock se reuniu para gravar com ele - Mick Jagger, Jimmy Page, Neil Young, Bruce Springsteen e, errr, Kid Rock - é muito recomendável.
A vida de Lee Lewis foi tão intensa que, em 1989, ela já virou filme, o divertido "A Fera do Rock" ("Great Balls Of Fire" no original) com Dennis Quaid no papel principal e Wynona Ryder no de Gale Brown - o roteiro foi baseado na biografia de seu primo e ex-marido que ela escreveu. O casamento chegou ao fim em 1970 com ela não aguentando mais o alcoolismo e infidelidade do esposo.
Por falar em literatura, a vida dele já rendeu aquele que é tido como um dos melhores, se não o melhor, livro já feito sobre o mundo do rock: "Hellfire", de Nick Tosches (1982, inédito no Brasil). Para quem quiser ler em português, "Sua Própria História", biografia autorizada escrita por Rick Bragg é também uma ótima opção.
Ouça a coletânea "All Filler No Killer", considerada uma das mais completas dedicadas ao músico:
O músico teve uma carreira longa, foram mais de 40 álbuns de estúdio, e uma vida marcada por muita polêmica. Essa fama, mais do que merecida diga-se, de um homem propenso a atrair confusão, acabou sendo uma bênção e um problema, como diz o clichê.
Se por um lado, Jerry Lee veio a encarnar definitivamente a rebeldia do rock and roll, isso também acabou travando o seu sucesso. Basta dizer que, mesmo sendo quase sinônimo de rock and roll, apenas seis de seus álbuns apareceram no top 40 norte-americano, todos eles lançados depois de sua fase áurea - que dura basicamente de 1957 a 1958.
Foi nesse curtíssimo período que ele colocou seu nome na história graças a dois compactos: "Whole Lot Of Shakin' Going On" e "Great Balls Of Fire". Além desses, os dois seguintes também são antológicos ainda que menos populares: "Breathless" e "High School Confidential", este o último a aparecer com destaque na lista dos singles mais vendidos dos EUA.
Mas o que teria causado uma queda tão repentina em um artista diferenciado e que, tudo levava a crer, caminhava para uma carreira de enorme sucesso? Se formos eleger um único motivo fatalmente cairá na descoberta de que, com 22 anos, ele já estava em seu terceiro casamento e sua atual esposa não só era sua prima, como, descobriu-se, que Myra Gale Brown tinha somente 13 anos na ocasião da cerimônia. A notícia veio à tona quando ele estava em turnê pela Inglaterra. Tão logo os fatos foram tornados públicos, o giro foi imediatamente cancelado e ele jamais recuperou a popularidade.
Não que ele tenha tentado melhorar as coisas para o seu lado. Basta dizer que, em 1976, ele foi preso por tentar invadir Graceland, a mansão de Elvis Presley para, supostamente, matar o Rei do Rock - ele negou a história dizendo que os dois eram bons amigos.
O que não se pode é relegar a carreira do músico aos seus dois maiores clássicos. Mesmo distante do mainstream, ele produziu música de muita qualidade. Seu álbum ao vivo, "Live at the Star Club, Hamburg", gravado no mesmo clube alemão onde os viraram uma banda de verdade, tocando inclusive músicas do repertório dele, é tido como um dos grandes discos ao vivo de todos os tempos.
Sua guinada para a country music também rendeu uma série de discos que merecem ser conhecidos, bem como alguns de seus trabalhos mais recentes - "Last Man Standing", de 2006, onde a realeza do rock se reuniu para gravar com ele - Mick Jagger, Jimmy Page, Neil Young, Bruce Springsteen e, errr, Kid Rock - é muito recomendável.
A vida de Lee Lewis foi tão intensa que, em 1989, ela já virou filme, o divertido "A Fera do Rock" ("Great Balls Of Fire" no original) com Dennis Quaid no papel principal e Wynona Ryder no de Gale Brown - o roteiro foi baseado na biografia de seu primo e ex-marido que ela escreveu. O casamento chegou ao fim em 1970 com ela não aguentando mais o alcoolismo e infidelidade do esposo.
Por falar em literatura, a vida dele já rendeu aquele que é tido como um dos melhores, se não o melhor, livro já feito sobre o mundo do rock: "Hellfire", de Nick Tosches (1982, inédito no Brasil). Para quem quiser ler em português, "Sua Própria História", biografia autorizada escrita por Rick Bragg é também uma ótima opção.
Ouça a coletânea "All Filler No Killer", considerada uma das mais completas dedicadas ao músico: