Roger Waters se defendeu publicamente de mais uma acusação de antissemitismo, como o uso de vestimentas que fazem alusão ao nazismo e a aparição do tradicional do porco inflável, desta vez pintado com símbolos que faziam alusão a Terceiro Reich e uma Estrela de Davi. Os shows aconteceram em Berlim nos últimos dias 17 e 18 e a polícia alemã abriu uma investigação sobre o assunto.

Em sua declaração, o ex-Pink Floyd apontou para algo óbvio para quem o acompanha há bastante tempo: ele sempre fez uso desses aparatos quando canta certas músicas de "The Wall", o trabalho conceitual lançado pelo Floyd em 1979, de maneira a criticar o fascismo - e como ele enxergava como certos concertos de rock estavam se tornando mais e mais parecidos com os comícios de Hitler na Alemanha nazista.

O que mudou nas últimas décadas é que Waters tornou-se um grande crítico da política internacional de Israel, em particular no que diz respeito á questão palestina. Ele não se apresenta por lá desde 2006, ano em que fez o único show de sua carreira no país, e já fez lobby para que outros artistas não se apresentassem ali.

A foto que abre esse texto é tirada do documentário sobre a turnê feita pelo compositor entre 2010 e 2013 quando ele tocou "The Wall" na íntegra. A vestimenta faz alusão também ao personagem Pink , interpretado por Bob Geldof no filme inspirado no álbum, de 1982 (abaixo)
Roger Waters


Veja a declaraão completa do músico:
Roger Waters

"Minha recente apresentação em Berlim atraiu ataques de má-fé daqueles que querem me caluniar e me silenciar porque discordam de minhas opiniões políticas e princípios morais.

Os elementos de minha performance que foram questionados são claramente uma declaração em oposição ao fascismo, injustiça e fanatismo em todas as suas formas. As tentativas de retratar esses elementos como algo diferente são dissimuladas e politicamente motivadas. A representação de um demagogo fascista desequilibrado tem sido uma característica dos meus shows desde The Wall, do Pink Floyd, em 1980.

Passei minha vida inteira falando contra o autoritarismo e a opressão onde quer que os veja. Quando eu era criança, depois da guerra, o nome de Anne Frank era frequentemente falado em nossa casa, ela se tornou um lembrete permanente do que acontece quando o fascismo não é controlado. Meus pais lutaram contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial, com meu pai pagando o preço final.

Independentemente das consequências dos ataques contra mim, continuarei a condenar a injustiça e todos aqueles que a cometem."