Logo mais, à meia-noite, os Rolling Stones lançarão "Hackney Diamonds". Este será o primeiro disco de músicas inéditas que a banda, formada em 1962, lança desde 2005. Não que eles tenham ficado todo esse tempo sem trabalhar. Longe disso. Como mostramos abaixo, Mick Jagger, Keith Richards, Ronnie Wood e o saudoso Charlie Watts, morto em 2021, podem não ter produzido como nas décadas de 60 e 70, mas fizeram sim muita coisa interessante. Confira!
O show em Copacabana para um milhão de pessoas em 18 de fevereiro de 2006
Com nada menos que 147 shows, a turnê para divulgar o álbum "A Bigger Bang" foi exaustiva. Não à toa, eles nunca mais fizeram algo em tamanha escala . Quando voltaram aos palcos, a partir de 2012, os Stones começaram a fazer pequenos, e mais constantes, giros. Nada consegue mostrar esse momento de gigantismo mais do que o show gratuito que eles fizeram na Praia de Copacabana para um público que passou de um milhão de pessoas. A banda só retornou ao Brasil em 2017.
O filme-concerto "Shine A Light", dirigido por Martin Scorsese, de 2008
Por um acaso do destino, esta semana está marcada pela chegada de novas obras de duas lendas do século 20. Além de "Hackney Diamonds", há também a estreia de "Assassinos da Lua das Flores", novo longa de Martin Scorsese nos cinemas.
A "maior banda de rock and roll do mundo" se encontrou com "o maior diretor do planeta em atividade" também durante a "Bigger Bang Tour". Mick Jagger sugeriu que ele registrasse o show de Copacabana, mas Scorsese tinha outros planos. Ele queria flagrar o grupo em um outro tipo de ambiente, um bem mais intimista.
O cineasta registrou o então quarteto em duas noites no Beacon Theater, em Nova Iorque. "Shine A Light", o filme resultante dessas filmagens, pode não ter a mesma qualidade de "The Last Waltz", com o show final da The Band, de 1977, que Martin dirigiu, nem o peso histporico de "Gimme Shelter", documentário sobre a turnê de 1969 da banda dirigido pelos irmãos Maysles, o que não o impede de ser um belo registro, mostrando a banda em plena forma, recebendo convidados especiais - Jack White e Buddy Guy entre eles - e tocando um repertório que tende a fugir do óbvio.
Os relançamentos de álbuns clássicos com faixas extras
Os Stones podem ter passado todo este tempo sem lançar um álbum realmente novo, o que não significa que os fãs ficaram quase duas décadas sem ouvir algo diferente. Cinco dos melhores discos da banda, incluindo duas grandes obras-primas, foram relançados com material extra.
Verdade seja dita, muitas dessas "gravações raras" foram retrabalhadas pela banda - é fácil identificar a voz "atual" de Jagger em alguns outtakes. De qualquer forma, dado o resultado final, não se nega que entre um "esboço legítimo" e uma gravação "mutante", a segunda opção é a preferível.
O primeiro disco que ganhou esse incremento foi "Exile On Main St.", o LP duplo de 1972, que costuma ser visto como o melhor álbum que a banda já fez e, por consequência, de todo o rock. Depois vieram "Sticky Fingers" (de 1971, e tão brilhante quanto o seu sucessor, ainda que o material bônus tenha sido menos impressionante).
Depois vieram "Some Girls", o ótimo trabalho de 1978, com mais um punhado de músicas ótimas de bônus, "Goats Head Soup" (de 1973), que era visto como "trabalho menor", e envelheceu muito bem, e "Tattoo You", o disco de 1981 que já era em si uma "colcha de retalhos", com material que estava nos arquivos e foram retrabalhados pela banda pouco antes do início da turnê de 1982.
O Álbum "Blue & Lonesome", de 2016
Até que "Hackney Diamonds" enfim, se materializasse, os Stones fizeram algumas tentativas, infrutíferas pelo que se viu, de voltar ao estúdio. Eles sabem que não podem contar com todo o tempo do mundo, e a morte do baterista Charlie Watts em 2021 deixou isso mais do que claro, mas também não querem correr o risco de deixar de legado um último disco que seja, no máximo, mediano.
"Blue & Lonesome" surgiu quando o grupo passou três dias em dezembro de 2015 tocando uma série de clássicos e obscuridades do blues como forma de aquecimento antes de começarem a gravar, sem sucesso, material próprio.
Esses registros, feitos apenas por diversão, se mostraram bons o bastante para serem lançados oficialmente. Se "Blue & Lonesome" fosse o derradeiro álbum dos ingleses, ele fecharia essa história de maneira bastante poética, já que o primeiro disco deles, lançado em 1963, também era quase todo composto por covers de blues, soul e rock and roll.
Eles chegaram aos 50 anos de banda, e também aos 60!
Os Stones entraram para o Hall da Fama do Rock and Roll em 1989, como parte da "terceira turma", que também tinha os Beach Boys. Antes deles, apenas os Beatles, que entraram um ano antes, estavam na categoria "banda de rock com guitarras".
A longevidade da banda sempre esteve em pauta e não é de hoje. A clássica frase "não quero chegar aos 40 cantando 'Satisfaction'" é daquelas que sempre voltam para assombrar Mick Jagger, e, desde os anos 80, quando eles estavam de fato na faixa dos 40 anos, os jornalistas se perguntam até quando a banda poderia durar.
O fato é que os Stones tomaram para si essa missão e, conforme o tempo foi passando, o que era motivo de chacota, se transformou em respeito. Afinal, se não fosse por eles, outras bandas surgidas nos anos 70, 80, ou mesmo 90 e além, talvez não estivessem hoje em atividade, para não falar nos jornalistas que escrevem há décadas sobre música pop.
"Hackney Diamonds", é o 24° disco deles (pela contagem britânica) e sai seis décadas depois de "The Rolling Stones". O álbum está sendo saudado pela crítica como um grande triunfo e a banda já deu indicações de que irá cair na estrada para divulgá-lo. Ou seja, melhor momento do que este para dizer "Longa vida aos Rolling Stones" não há.
O show em Copacabana para um milhão de pessoas em 18 de fevereiro de 2006
Com nada menos que 147 shows, a turnê para divulgar o álbum "A Bigger Bang" foi exaustiva. Não à toa, eles nunca mais fizeram algo em tamanha escala . Quando voltaram aos palcos, a partir de 2012, os Stones começaram a fazer pequenos, e mais constantes, giros. Nada consegue mostrar esse momento de gigantismo mais do que o show gratuito que eles fizeram na Praia de Copacabana para um público que passou de um milhão de pessoas. A banda só retornou ao Brasil em 2017.
O filme-concerto "Shine A Light", dirigido por Martin Scorsese, de 2008
Por um acaso do destino, esta semana está marcada pela chegada de novas obras de duas lendas do século 20. Além de "Hackney Diamonds", há também a estreia de "Assassinos da Lua das Flores", novo longa de Martin Scorsese nos cinemas.
A "maior banda de rock and roll do mundo" se encontrou com "o maior diretor do planeta em atividade" também durante a "Bigger Bang Tour". Mick Jagger sugeriu que ele registrasse o show de Copacabana, mas Scorsese tinha outros planos. Ele queria flagrar o grupo em um outro tipo de ambiente, um bem mais intimista.
O cineasta registrou o então quarteto em duas noites no Beacon Theater, em Nova Iorque. "Shine A Light", o filme resultante dessas filmagens, pode não ter a mesma qualidade de "The Last Waltz", com o show final da The Band, de 1977, que Martin dirigiu, nem o peso histporico de "Gimme Shelter", documentário sobre a turnê de 1969 da banda dirigido pelos irmãos Maysles, o que não o impede de ser um belo registro, mostrando a banda em plena forma, recebendo convidados especiais - Jack White e Buddy Guy entre eles - e tocando um repertório que tende a fugir do óbvio.
Os relançamentos de álbuns clássicos com faixas extras
Os Stones podem ter passado todo este tempo sem lançar um álbum realmente novo, o que não significa que os fãs ficaram quase duas décadas sem ouvir algo diferente. Cinco dos melhores discos da banda, incluindo duas grandes obras-primas, foram relançados com material extra.
Verdade seja dita, muitas dessas "gravações raras" foram retrabalhadas pela banda - é fácil identificar a voz "atual" de Jagger em alguns outtakes. De qualquer forma, dado o resultado final, não se nega que entre um "esboço legítimo" e uma gravação "mutante", a segunda opção é a preferível.
O primeiro disco que ganhou esse incremento foi "Exile On Main St.", o LP duplo de 1972, que costuma ser visto como o melhor álbum que a banda já fez e, por consequência, de todo o rock. Depois vieram "Sticky Fingers" (de 1971, e tão brilhante quanto o seu sucessor, ainda que o material bônus tenha sido menos impressionante).
Depois vieram "Some Girls", o ótimo trabalho de 1978, com mais um punhado de músicas ótimas de bônus, "Goats Head Soup" (de 1973), que era visto como "trabalho menor", e envelheceu muito bem, e "Tattoo You", o disco de 1981 que já era em si uma "colcha de retalhos", com material que estava nos arquivos e foram retrabalhados pela banda pouco antes do início da turnê de 1982.
O Álbum "Blue & Lonesome", de 2016
Até que "Hackney Diamonds" enfim, se materializasse, os Stones fizeram algumas tentativas, infrutíferas pelo que se viu, de voltar ao estúdio. Eles sabem que não podem contar com todo o tempo do mundo, e a morte do baterista Charlie Watts em 2021 deixou isso mais do que claro, mas também não querem correr o risco de deixar de legado um último disco que seja, no máximo, mediano.
"Blue & Lonesome" surgiu quando o grupo passou três dias em dezembro de 2015 tocando uma série de clássicos e obscuridades do blues como forma de aquecimento antes de começarem a gravar, sem sucesso, material próprio.
Esses registros, feitos apenas por diversão, se mostraram bons o bastante para serem lançados oficialmente. Se "Blue & Lonesome" fosse o derradeiro álbum dos ingleses, ele fecharia essa história de maneira bastante poética, já que o primeiro disco deles, lançado em 1963, também era quase todo composto por covers de blues, soul e rock and roll.
Eles chegaram aos 50 anos de banda, e também aos 60!
Os Stones entraram para o Hall da Fama do Rock and Roll em 1989, como parte da "terceira turma", que também tinha os Beach Boys. Antes deles, apenas os Beatles, que entraram um ano antes, estavam na categoria "banda de rock com guitarras".
A longevidade da banda sempre esteve em pauta e não é de hoje. A clássica frase "não quero chegar aos 40 cantando 'Satisfaction'" é daquelas que sempre voltam para assombrar Mick Jagger, e, desde os anos 80, quando eles estavam de fato na faixa dos 40 anos, os jornalistas se perguntam até quando a banda poderia durar.
O fato é que os Stones tomaram para si essa missão e, conforme o tempo foi passando, o que era motivo de chacota, se transformou em respeito. Afinal, se não fosse por eles, outras bandas surgidas nos anos 70, 80, ou mesmo 90 e além, talvez não estivessem hoje em atividade, para não falar nos jornalistas que escrevem há décadas sobre música pop.
"Hackney Diamonds", é o 24° disco deles (pela contagem britânica) e sai seis décadas depois de "The Rolling Stones". O álbum está sendo saudado pela crítica como um grande triunfo e a banda já deu indicações de que irá cair na estrada para divulgá-lo. Ou seja, melhor momento do que este para dizer "Longa vida aos Rolling Stones" não há.