Hoje, dia 18 de dezembro, Keith Richards completa 80 anos, um "milagre" que muitos não acreditavam ser possível, dada a vida levada no limite, especialmente na década de 70, quando o nome dele sempre era o primeiro citado entre os "roqueiros com mais chance de morrer nos próximos meses".

Em uma entrevista recente, o guitarrista brincou com o assunto lembrando que quem dizia isso eram "os outros", e que ele sabia que estava aqui para uma jornada longa.

Rolling Stones
Verdadeira personificação do rock 'n' roll com seu espírito livre, não por acaso ele é sempre comparado a um pirata, Keith criou alguns dos riffs mais memoráveis da história do rock - "(I Can't Get No) Satisfaction", "Brown Sugar", "Jumpin' Jack Flash" e "Start Me Up", para ficarmos apenas nos mais óbvios, e ajudou a moldar os nossos tempos.

Abaixo relembramos cinco grandes momentos em que ele tomou o centro do palco, seja como vocalista eventual dos Stones ou em sua, ótima, mas não muito prolífica, carreira solo.


"Connection" - 1966

Rolling Stones
Faixa presente em "Between The Buttons", injustamente visto como um dos patinhos feios da discografia da banda, esta é a primeira faixa dos Stones a contar com Richards como voz principal, ainda que os vocais de apoio de Jagger tenham sido mixados quase que na mesma altura. Uma canção simpática, mesmo que longe de um clássico incontestável da banda, ela foi resgatada por Keith no final dos anos 80, quando fez shows divulgando seu primeiro álbum solo e, de tempos em tempos, pode ser ouvida no "momento Richards" dos shows dos Stones.



"Happy" - 1972

Rolling Stones
"Exile On Main St." além de ser com muita frequência escolhido o melhor álbum dos Stones, e por consequência da história do rock, é também o álbum mais "Keith Richards de toda a discografia do grupo com seu clima sujo e nada polido. "Happy" se tornou a canção símbolo do guitarrista - e a única com a voz dele a ser lançada em compacto. Desde seu lançamento ela é ouvida com frequência nos shows.



"You Don't Move Me" - 1988

Keith Richards
Nos anos 80 os Stones por pouco não chegaram ao fim. Em 1984 a banda assinou com a CBS que ofereceu a Mick Jagger a chance de também gravar como artista solo. Keith sentiu-se traído, achando que o vocalista iria abandonar o grupo. O cantor nega, mas como ele se comportaria se os dois álbuns que lançou na época tivessem sido um grande sucesso de público e/ou crítica?

Vendo que não podia ficar parado, Keith assinou com a Virgin para gravar como solista queimando a sua língua - no passado ele disse que jamais faria um LP sozinho porque ele soaria como um disco dos Stones sem Jagger.

De certa forma "Talk Is Cheap", de 1988, era isso mesmo, mas também pode ser considerado o melhor trabalho envolvendo os Rolling Stones na década de 80, com a exceção de "Tattoo You" (1981).

"You Don't Move Me", é o destaque deste que é certamente seu grande momento como artista solo. Um violento ataque a Jagger, ainda que Richards tente despistar quando perguntado sobre o assunto, a música versos nada sutis como "Você perdeu o sentimento / Não é tão atraente / Você não mexe mais comigo".

Nos 35 anos seguintes, Richards voltou as sus atenções para a banda. Ele só lançou mais dois discos solo - o mesmo número que Jagger, aliás.



"Slipping Away" - 1989

Rolling Stones
Pouco depois do lançamento de "Talk Is Cheap", os ânimos se acalmaram e Jagger e Richards fizeram as pazes, com Jagger certamente notando que a "entidade Rolling Stones" era muito maior do que os seus integrantes. "Steel Wheels", o álbum lançado para acompanhar a primeira turnê deles desde 1982 não era exatamente um clássico, mas também estava longe de ser um fracasso.

O que ficou claro é que, dali pra frente, Richards teria uma participação mais ativa nos discos também como cantor, colocando duas, ou até três faixas por álbum. A climática "Slipping Away" talvez seja a melhor entre todas que gravou desde então para a banda - ainda que a recente, "Tell Me Straight" (2023), não fique muito atrás.