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Ao longo de 2025, a inteligência artificial deixou de ocupar um espaço periférico na indústria musical para se tornar um dos assuntos centrais do debate global.

O ano marcou um ponto de virada definitivo, quando músicas criadas parcial ou integralmente por sistemas de IA ultrapassaram o campo da curiosidade tecnológica e passaram a disputar atenção, audiência e espaço simbólico com artistas humanos, gerando entusiasmo, controvérsia e reações contundentes dentro do mercado fonográfico.

Os primeiros meses do ano já deram sinais de que algo havia mudado.

Projetos musicais desenvolvidos com inteligência artificial começaram a ganhar repercussão significativa junto ao público e à imprensa, com algumas faixas alcançando números expressivos de streaming e viralização nas redes sociais.

O caso mais emblemático foi o de artistas completamente artificiais, concebidos a partir de modelos de linguagem e síntese vocal, que passaram a ser promovidos como nomes “oficiais” da indústria.

OS SUCESSOS NAS PARADAS MUSICAIS

Pela primeira vez, músicas geradas por IA não apenas circularam em plataformas digitais, como também conquistaram espaço em paradas tradicionais, incluindo rankings da Billboard, quebrando um tabu histórico sobre o que poderia ou não ser considerado um artista elegível às métricas do mercado.

A cantora Xania Monet, por exemplo, criada com tecnologia de IA pelo artista Telisha “Nikki” Jones, foi a primeira artista totalmente gerada por IA a entrar em uma parada de rádio da Billboard.

A sua faixa "How Was I Supposed to Know?" estreou no Adult R&B Airplay da Billboard e também figurou em outros rankings como Hot Gospel Songs.



Já o artista completamente artificial Breaking Rust teve sua faixa "Walk My Walk" no nédito número 1 da Billboard Country Digital Song Sales.

Esse desempenho foi histórico já que foi a primeira vez que uma música gerada por IA chegou ao topo de um chart major nos EUA.

REAÇÕES DIVIDIDAS

Esse avanço acelerado trouxe reações imediatas.

Parte do meio musical se posicionou de forma crítica, alertando para riscos relacionados à perda de identidade artística, à precarização do trabalho criativo e ao uso não autorizado de vozes, estilos e composições como matéria-prima para treinar algoritmos.

Outros artistas, produtores e executivos, no entanto, adotaram um discurso mais pragmático, defendendo a IA como uma ferramenta criativa inevitável, comparável a revoluções tecnológicas anteriores que também foram recebidas com desconfiança antes de serem assimiladas pela indústria.

O debate ganhou contornos políticos e institucionais no Reino Unido, onde músicos consagrados protagonizaram um dos protestos mais simbólicos do ano.

Em reação a propostas de mudanças nas leis locais que poderiam flexibilizar o uso de obras protegidas por direitos autorais no treinamento de sistemas de IA, artistas britânicos lançaram um álbum coletivo composto essencialmente por faixas silenciosas.

“Is This What We Want?” reuniu mais de 1.000 artistas britânicos em torno desta causa.

Participaram nomes como , Damon Albarn (Blur e Gorillaz, Annie Lennox e muitos outros.

Declarações públicas de Sir Elton John, Paul McCartney e Dua Lipa contra propostas de lei vistas como “exploração de trabalho criativo” também ganharam destaque na imprensa internacional.

A MÚSICA FEITA COM IA NO BRASIL

No Brasil, a discussão também ganhou força, impulsionada por fenômenos virais que misturam gêneros populares e vozes simuladas.

Um dos casos mais comentados foi “A Sina de Ofélia”, versão em pagode do hit internacional "The Fate of Ophelia" de Taylor Swift.

A faixa criada com o auxílio de inteligência artificial e utilizando timbres que remetem a artistas brasileiros conhecidos, sendo eles supostamente Luisa Sonza e Dilsinho.

No Vagalume, por exemplo, a notícia sobre a "Sina de Ofélia" foi um das mais lidas no final do ano.

O sucesso da faixa nas redes sociais e plataformas digitais expôs tanto o fascínio do público por esse tipo de experimento quanto as lacunas legais e éticas ainda existentes no país em relação ao uso de imagem e voz de artistas por meio de tecnologia.



Ao final de 2025, ficou claro que a inteligência artificial não é mais uma promessa distante ou uma curiosidade de laboratório, mas uma força concreta moldando a produção, a distribuição e o consumo de música.

Entre recordes em paradas, protestos organizados, debates jurídicos e sucessos virais, 2025 entrou para a história como o momento em que a indústria musical foi obrigada a encarar, de forma definitiva, os impactos criativos, econômicos e culturais da IA — um debate que promete se intensificar nos próximos anos.

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