Nilson Chaves
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Cantador Aluado

Nilson Chaves

Maniva


Cantador aluado extra terrestre
Sabedor dos segredos milenares
Viajei pela terra e pelos mares
sou centauro do mar e do agreste
Com a coragem de bons cabras da peste
Tenho o dom do profano e do sagrado
Na galera de Deus sou respeitado
Por cantar tão antigos sons eternos
Prateando os sertões fazendo invernos
Nos dez pés de martelo agalopado.

Sigo a estrela que toca minha lira
As visões refletidas num lampejo
As diversas versões de um só desejo
Cada um sabe o sonho que lhe inspira
Nostradamus o profeta não previra
Cantador quanto canta alumiado
Sua nave encandeia a todo lado
Com requebros de Elvis num rompante
A platéia lhe aplaude delirante (nos dez pés...)

Se maior é o arpejo da pureza
Do Dalai no seu mantra pelo mundo
A ternura de um Chaplim vagabundo
Digo a todos em alfa com firmeza
Sabe mais do que nós a natureza
Que o poeta em seu verso inspirado
Não carece discurso ou leriado
Os arcanos confirmam sobre a mesa
Que a essência da arte é a beleza (nos dez pés..)

Instalado entre luzes no terreiro
Quero aqui fazer esta homenagem
As cabeças cortadas são visagens
Virgolino está vivo todo inteiro
No arruado do céu ele é porteiro
Como todo o anjo mal aposentado
Diz que foi nessa vida injustiçado
Lampião foi um dia um bom menino
Como tantos famintos nordestinos (nos dez pés)

Qundo canto do mistério a profundeza
Cesse tudo que a razão me alumie
Amo a luta do povo e a alegria
A força do amor sempre é riqueza
Para vencer os vikings e a tristeza
Não impoprta o presente ou o passado
Se todo meu canto já foi tomado
Por milhões de romeiros beradeiros
Pelo grito engasgado dos roceiros (nos dez pés..)

Lendo as linhas da vida há vidência
O improviso é um dom paranormal
Aderaldo para mim é genial
Pela luz que banhou sua existência
Fez do sol nordestino referência
Informática dos tempos digitados
E por isso reclamo ser lembrado
Como Beatles, Bethoven e Noel...
Para ele também tira o chapéu (nos dez pés)

Os meninos de rua são tocantes
Com seu cheiro de cola e gasolina
Mulheres são mortas nas esquinas
Pelo mal dos amargos enervantes
O poder das culturas dominantes
Poluindo o planeta baqueado
Exterminio de bebês já programados
Cucarachas são o lixo marginal
Dão suas vidas pela divida ancestral (nos dez pés)

Inimigo atento sempre alado
Paladino de araqué do oprimido
De país da liberdade travestido
Paraíso do mundo disfarçado
Quem entrar neste time tá ferrado
A charanga do céu toca um dobrado
Mas quem dança fica longe abirobado
Na toada, no xote ou no baião
Só pentágono para lhe dar indigestão (nos dez pés)

Chico mendes, Fonteles e Margarida,
Acordam do sono na floresta
Encontram o Brasil numa só festa
Num canto liberto pela vida
Monte santo era a terra prometida
Todo o povo feliz e bem forrado
Divididos na terra sem mandado
Todo o verde num branco santo dai-me
Nas manchetes do New York Time (nos dez pés)

Compositores: Jose Guaracy Cosmo Rodrigues (Guaracy Rodrigues), Francisco Narcelio de Araujo (Acaua)
ECAD: Obra #2807182 Fonograma #985200

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