Duas tiras de borracha, resina de seringueira Bem atados na forquilha do galho da pitangueira A bolsa, cano de bota, donde sai a tiradeira Velho bodoque crioulo da minha infância campeira
As marcas da tua forquilha são legendas de um passado Em que vivi embodocado caçando tatu na toca Derrubando sabiá choca, sangue-de-boi, canarinho O que cruzasse meu caminho de São Luiz a Boçoroca
E te recordo saudoso ao relembrar-te bodoque E quando ponho em retoque certas lembranças que tomo Pedra enconchada no trono tenteando que algum pombaço Descesse de um bodocaço das grimpas do cinamomo
Por isso, meu velho amigo, foste guardião de minha infância Me lembro com arrogância teu garbo no meu pescoço Num deboche de índio moço no dia em que estava azedo Largava àquele piazedo saraivadas de caroço
E quem diria bodoque, meu companheiro de antanho Que agora deste tamanho conservo a devoção De trazer-te bem à mão pendurado a preceito Qual pica-pau sobre o peito no tronco do coração
Compositores: Noel Fabricio da Silva (Noel Guarany), Amauri Beltrao de Castro (Guaiaca) ECAD: Obra #264673 Fonograma #43065443