É madrugada, ao primeiro cantar do galo Já se ouve os estalos dos gravetos no galpão É o movimento da peonada do meu pago Preparando o mate amargo ao pé do fogo de chão E quando aponta a luz da barra do dia Já começa a sinfonia num coral do passaredo É um presente da divina natureza Mostrando toda beleza pra quem levanta mais cedo
É bem assim nas estâncias do meu paqo O campo largo que passeia em cada olhar Um bom cavalo, liberdade, terra boa Deus abençoe quem nasceu pra camperear
Um cão que late, convidando para a lida Enquanto a gata, escondida, dá-lhe um pulo no jirau Tem um alarido de um bando de periquitos Bem na hora em que os cabritos cambeteiam nos peraus Lã na mangueira, a vaca fica mugindo Parece ficar pedindo liberdade pra o terneiro Um parelheiro come o milho, satisfeito E um cochincho abre o peito bem no meio do terreiro
É bem assim nas estâncias do meu pago...
Dia de chuva tem gaiteiro e tem cantiga E a saudade que castiga bem na voz do cancioneiro Se misturando pelo eco nas campinas Com o berro da brasina lá no fundo do potreiro Esta é a vida da peonada nas estâncias Só conhece a importância quem já foi peão campeiro Raça de guapo que não tem medo do touro E ganha a vida no lombo destes potros caborteiros
Compositores: Salvador Ferrando Lamberty (Salvador Lamberty), Sergio Renato Moreira Gularte (Sergio Gularte) ECAD: Obra #4718865