Por eu ser o primeiro herdeiro Dois bezerros do meu pai ganhei O meu velho carreiro estimado Nessa lida também me criei No terreiro da nossa fazenda Os bezerros eu mesmo amansei Fiz a canga de pau roxinho Os canzis da cor de matinho E as brochas de couro trancei
Com vinte anos formei a boiada Cinco juntas de boi pareado O meu carro fiz de sucupira De cabreúva um eixo torneado Os fueiros veio da capoeira E os cocão ficou bem ajustados De taboca eu fiz uma esteira Foi tirada numa sexta-feira Na minguante do ano passado
A idade está me tombando E então deixei a profissão A boiada soltei lá no pasto E meu carro guardei o galpão Me orgulho de ser um carreiro E mantive nossa tradição Com saudades do tempo que foi E nas festas de carros de boi Muitas vezes eu fui campeão
Minha vida passei carreando E dei descanso pra minha boiada Muitas vezes dormindo escuto O chocalho de uma guiada E acordo gritando com os bois Abro os olhos e não vejo nada Mas se ouvir o meu carro cantando É este carreiro que está mudando Lá pra derradeira morada
Compositores: Almezino de Souza Lima (Almezino), Luis Soares da Rocha ECAD: Obra #13398382 Fonograma #11577212