Na beira do Tietê, na margem do rio Fiz uma fogueira pra me esquentar do frio Minha cabeça voa, gira o meu juízo É que a cada instante eu sou poluído
Por fumaça de cigarro, usina e combustão Que sai de escape de carro e de caminhão Envolvido pelo ar estou sufocado Por mais que eu lute mais sou dominado
Em São Paulo, em São Paulo Morro e vivo por você
Beirando a Praça da Sé, em meio à multidão É tanta gente estranha, tanta solidão Muitos passos apressados de um cidadão São muitos pés calejados de pisar no chão
Cada qual com sua tristeza, sua alegria Com a sua pacatez, sua rebeldia Tantos olhares atentos, rostos espelhados São tantos trabalhadores e desempregados
Na Paulista da pra ver o topo da montanha Os selvagens embrenhados nessa selva urbana Primatas embriagados pelo consumismo E pela selvageria do capitalismo
Montado em feras de aço mastigam a vida Galopam sobre o dinheiro nessa avenida Sou um robô programado para ser um escravo O meu cérebro memória já ficou pirado