Quando o dia inteiro amanhece E depois de uma lua cheia O assombrado cego aparece E a viola logo ponteia
O assombrado cego Benedito Desponta e assusta a passarada Vingando a luz que falta aos olhos No riso louco que propaga
Eh, mô fio Eu te enxergo com o coração
Bom dia cego Benedito. - Bom dia, fio. Cego Benedito, eu tô pensando em ir embora pra outras terras e queria saber se tu acha certo. -E que que tu que que eu responda fiô? O que tu achar que é direito. - E é direito não deixar que se erre pra que se aprenda? E é direito deixar que se erre e se arrependa sem se aconselho? Eu não atino o que é direito por isso não respondo. Mas eu quero teu conselho. Se fosse eu o que é que tu faria? - Perguntaria a um cego amigo o que fazer. E o que este cego te responderia? - Exatamente o que acabei de responder, fiô.. Mas se tu ainda fosse eu e o cego respondesse exatamente o que acabou de responder? - Desistia de perguntar. E aí fio, eu pensava que realmente o que se quer saber não se pergunta. Arranca-se do seio da terra até sentir o cheiro. Se te agrada, fiô. Se te espanta vá. Mas não arranque essa cabeça do ombro pensando que assim vai ver mais alto. Não arrede essa perna do tronco pensando em chegar mais cedo, e não procure distante o que já tem do teu lado.
Compositores: Arlindo Carlos Silva da Paixao (Arlindo da Paixao), Oswaldo Viveiros Montenegro (Oswaldo Montenegro) ECAD: Obra #7712842