Um ricaço fazendeiro pras bandas do Tietê Tinha uma filha bonita, mais linda que a flor do ipê Quando ela ia no pasto dava gosto a gente vê O gado lhe rodeava, suas mãos vinha lambê Se um bezerro adoecia De tudo ela fazia, ai pro bichinho não morrê
O capataz da fazenda por ela tinha paixão E muitas vezes tentou ganhar o seu coração E ela sempre com jeito lhe respondia que não Quando foi um certo dia ele fez uma traição Querendo aproveitar dela Matou a pobre donzela, ai sem dó e sem compaixão
Na fazenda tinha um boi que a moça tinha criado Com leite de mamadeira por ser bezerro enjeitado Para despistar seu crime, aquele homem malvado Deixou o chifre do boi de sangue avermelhado Foi falar com o patrão Que seu boi de estimação, ai sua filha tinha matado
O fazendeiro chorando a morte da filha amada Mandou depressa os peões buscar o boi na invernada O boi entrou na mangueira cercado pela peonada Pressentindo sua morte virou uma fera acuada Igual felino sagaz Investiu no capataz, ai lhe dando várias chifradas
Pra salvar o capataz a peonada correu E ele agonizando contou tudo que se deu O que ele revelou a todos surpreendeu Nas derradeiras palavras foi esse o pedido seu Não matem o pobre boi Que Deus do céu me perdoe, ai quem matou ela fui eu
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositores: Francisco Gottardi (Sulino), Jose Alonso Guilherme ECAD: Obra #28205 Fonograma #9201877