Quem diz que o meu canto é impuro por olhar além das fronteiras, desconhece de alguma maneira passado, presente e futuro. Não ando em cima do muro, nem me levam ao sabor dos ventos. não tenho arrependimentos porque cantar é muito mais. Todos e todas são iguais tal qual os quatro elementos". Em toda a cantiga que faço de cantador e violeiro, há um pajador e guitarreiro mesclando rima e compasso. O mundo se agranda no espaço e o céu se faz amplidão, milonga é coração, verdade e sentimento. Que compõe os elementos do universo da canção. Canto na pampa e no sertão, chapadas e igarapés, cateretês, chamames, trago junto com o violão. Canto a tristeza do peão e a saga dos campesinos. do continente latino corre sangue nas veias. De um "gaucho" que estradeia, construindo o seu destino. Pelos rincões mais distantes onde nascem as lonjuras, sempre cantei de alma pura, alegrei meus semelhantes. Me vi naqueles semblantes, na dor que desespera, gente expulsa da terra arrancada com a raiz. N'outra ponta do país um país de outras eras. E assim se despede um guitarreiro formado na escola da vida, aprender é sempre a medida para ensinar por inteiro. Pois não me sinto estrangeiro nem sequer por um segundo, todo o solo é fecundo por tudo que acredito. E é pori isso que insisto: minha pátria é todo o mundo!