Toada Distante O moço que veio de longe Abriu a cancela bem devagar Tinha a poeira da estrada E muitas histórias para contar Falava das águas, das cheias Do frio que havia pras bandas de lá A seca rodeava seus olhos E todo um silêncio pra se escutar Iê boi, quem vem lá?
Quando a tarde caía Na estrada se ouvia o gado passar A Serra, a noite, os bichos Aquele mugido e um chocalhar O moço olhava pro céu Buscava uma estrela, querendo encontrar Vendo a Lua de perto Um cinza prateado, sertão e luar Iê boi, quem vem lá?
Depois, bebia silêncios Mirava distâncias, a imaginar Fazia rabiscos no chão Dizendo: Menino, aqui vou ficar Viola, gente reunida Domingo juntava pra lhe escutar Cantava tanta saudade Mas outras saudades queriam cantar Iê boi, quem vem lá?
E assim o tempo passou O moço ficou, fez acostumar Andava toda a vizinhança Nem tudo é pra sempre e pode acabar O filho, a mãe, a esposa O trilho da vida, onde vai dar? Seus olhos buscavam respostas A estrada de novo a lhe perguntar Iê boi, quem vem lá?
Das dores e das distâncias O moço sabia como lidar O peito guardava segredos Partida faz parte, pior parte que há Um dia o moço se foi Não lembro a data, nem quero lembrar O moço que veio de longe Abriu a cancela bem devagar Iê boi, quem vem lá?
Compositor: Pedro Munhoz Barbosa Filho (Pedro Munhoz) ECAD: Obra #32074940 Fonograma #34214110