Bailanta do Tibúrcio
Vou conta de uma bailanta
Que existiu no meu pontão
Indiada do queixo roxo
Que nunca frouxou o garrão
Vinho curtido em barril
E cachaça de borrachão
Os gaiteiros que eram buenos
Davam a mostra do pano
O Carlito, o Desidério,
O Felício e o Bebiano
Cambeando com o Juvenal
No velho estilo pampeano
Dona China passou ruge
Ajeitou bem o cocó
Cruzo o baguá passou
Lavou os pés no jaguá sem gó
Na bailanta do Tibúrcio
Balanceava o mocotó
Lembranças que são relíquias
Do meu tempo de guri
Os pares todos bailando
Coisa mais linda eu não vi
Um agarrado no outro
Pra mode de não caí.
E lá pela madrugada
Bem na hora do café
Dom Tibúrcio, mestre sala
Gritava batendo o pé
Agora levanta os homem
Para comer as "Muié"
Milho assado era o catête
Plantado de saraquá
Feijão preto debulhado
Abordoada de manguá
Bóia melhor do que essa,
Lhes garanto que não há
É lá no velho pontão
Linda terra de fartura
Queijo, ambrosia, melado
Bolo frito e rapadura
Batata desse tamanho
E mandioca dessa grossura.
Mas que tempo, aquele tempo
Que se vivia feliz
Só saudade restou
Lá no garrão do país
Da bailanta do Tibúrcio
Vertente, cerne e raiz.
Compositor: Pedro Marques Ortaca (Pedro Ortaca)
ECAD: Obra #2937 Fonograma #18931Ouça estações relacionadas a Pedro Ortaça no Vagalume.FM