(Eu penso enquanto mateio E mateando a gente pensa Será que morreu a crença Da indiada do pastoreio? Com três séculos e meio, Fazendo pátria e querência Ou será que a incompetência De uns, e a má fé de outros, Tiraram dos índios potros Até o ar de independência?)
Aprendi, na mocidade, Algo que ninguém me tira: Que não há meia mentira Tampouco meia verdade E nem meia liberdade Pois não pode ser cortada! Quem acha o rumo da aguada Não morre de sede à míngua E quem fala meia língua Termina dizendo nada
(Já é hora da indiada, Que a velha capitania, Dentro da Democracia Voltasse o que foi outrora Gaúchos de ontem, agora, Sempre o mesmo sentinela A pátria verde-amarela Nasceu aqui nestes planos, E os velhos taitas pampeanos Nunca se apartaram dela)
Meu grito de revolta Neste descontrole imenso Mas é um alerta ao bom senso E é sempre a melhor escolta Para que o pais dê volta Por si só, e siga sozinho, O patrocínio daninho, De fora, nós não queremos Deus permita, superemos Solitos nossos caminhos
(Dentro da filosofia, À qual sempre nos filiamos Quando pátria nos tornamos Na essência e na ideologia O gaúcho de hoje em dia Tem a mesma dimensão, E guardada a proporção Entre presente e passado, É o mesmo pastor-soldado Do início da formação)
Se as distâncias encolheram, As inquietudes ficaram Se os tempos se transformaram, As ânsias permaneceram E os centauros não morreram, No sentir e no pensar O impulso de gauderiar Latente, se transfigura Na defesa da cultura Que ninguém pode esmagar
(Aí está o gaúcho atual Muito mais do que pilchado Alerta e concientizado De todo o seu potencial A transformação social Foi feita, ele permanece, Tem consciência, não esquece, Conhece a luz que procura E sabe que a noite escura Termina quando amanhece)
É hora depois da espera, Que haja uma volta por cima O povo, matéria prima, Merece uma primavera E os que manejam a esfera Encontrem uma maneira Pra que a Nação Brasileira Não vá a tranco e solavanco Pulando de banco em banco Como coruja em tronqueira
Compositores: Jayme Caetano Braun, Pedro Marques Ortaca (Pedro Ortaca) ECAD: Obra #218569 Fonograma #13071