No meu destino de peão eu sofro muito por dentro Pois sinto que sinto o centro de grandes transformações Aos golpes a evolução tira-me tudo o que quero E para ser bem sincero me julgo um peão no direito De guardar dentro do peito as coisas que mais venero
Rodeios, tropas, repontes de gado campos a fora Som de barbela e de espora, me atraçando os horizontes
Repechos, várzeas, aprontes para uma lida campeira Sou peão que na vida inteira tem por únicos regalos Mulher, guitarra e cavalos e a estrada por companheira
Mas não só pressentimentos rodam meus dias atuais Já vejo as horas finais até dos divertimentos Ramadas, carreiramentos e os domingos nos bolichos Deixaram de ser cambichos da gauchada de agora Que anda a toa estrada afora sem luxos e sem caprichos
Por isso tenho direito de resguardar o que quero E aquilo que mais venero rejuntar dentro do peito A evolução não rejeito apenas o que eu anseio É que ela não ache o meio de transformar-me por dentro
Pois meu coração é o centro de um permanente rodeio.
por nelson de campos
Compositores: Jose Hilario Ajalla Retamozo (Brigadiano), Pedro Marques Ortaca (Pedro Ortaca) ECAD: Obra #5538235 Fonograma #42762701