Reparem naquele homem Maltrapilho e pé no chão, Ali de chapéu na mão, Pedindo esmola na praça. Reparem bem na desgraça, Da estampa rude do pobre Borracho, tenteando uns cobres Pra encharcar de cachaça
Aquele homem, agora Meio “tantã” da cabeça Por incrível que pareça Usou anel de doutor Já teve o céu do condor, Depois despachou no cacho, Rolando perau abaixo No poço fundo da dor
E acorrentado à cachaça Está no fundo do poço Entalado até o pescoço Sem uma réstia de luz Pois “faz goela de avestruz” O borracho, quando empina O frasco da cangebrina Que a mão trêmula conduz
Quando se abre a garrafa, A “Mala Suerte” se solta, O mundo gira na volta Em “derredor” do gargalo, O homem cai do cavalo E, por ginete que seja Troca de ponta e rasteja, Quebrando a cara no pealo.
Começam na encruzilhada As quatro estradas do “ermão” Uma vai para a prisão; Outra cheia de mistérios, Para o hospício dos loucos E a quarta, mais curta um pouco, Direto pro cemitério
Mas em qualquer dos acminhos Vai extraviando na trilha Os amigos, a família E tudo o mais que tiver. E acredite, quem quiser, Até a honra de macho Ele vomita borracho Nalgum boteco qualquer.
Por isso reparem bem Naquele homem na praça, Na escravidão da cachaça, Maltrapilho e pé no chão, E peçam em oração Ao padroeiro Santo Onofre, Pelo borracho que sofre Ali de chapéu na mão.
Compositores: Pedro Marques Ortaca (Pedro Ortaca), Jose Luiz Souza Villela ECAD: Obra #1451440 Fonograma #1304099