Quando eu abro minha cordeona a tristeza sai de perto Ela parece um ventena berrando num campo aberto Pois ela guarda relinchos de maleva que se empaca E choramingos de guacho na hora de botar vaca
Se arreganho esta oito soco acariciando uma vaneira Fico louco de aporreado com as obunas da mangueira Do bojo da minha cordeona quando abro ela de verdade Salta grama de forquilha dos passos da liberdade
(Os meus dedos nessa hora são potros que nem eu domo Parecem dez pica-pau fuçando num cinamomo)
Me espicho quase uma braça e quando a saudade entaipa Ela se aninha no meus braços mesmo que bugio na gaita Se outro pegar minha cordeona peludeia e morre à míngua Que ela sai fazendo cósca, enfrenada embaixo da língua
Com ela eu esquilo as penas e sempre toso a martelo Pois tenho penas lanudas e outras que não dão velo Os meus dedos nessa hora são potros que nem eu domo Parecem dez pica-pau fuçando num cinamomo
Esse atropelo nos baixos duma rancheira marcada Ouço o tropel de um parelheiro que ganhou de cola hasteada Se acaso um grito de macho ouvirem num vaneirão É a alma do Rio Grande de a cavalo na minhas mãos
por nelson de campos
Compositores: Jose Joao Sampaio da Silva (Joao Sampaio), Pedro Marques Ortaca (Pedro Ortaca) ECAD: Obra #164927 Fonograma #38174