(Negro de sorriso claro, como sinuelo de pampa, Que sintetizas na estampa longínquas reminiscências Negro que lembras dolências de alegrias e tristezas Que andaram nas correntezas dos rios de muitas querências)
Essa cordeona que abraças com ciumenta intimidade Traduz na sonoridade, quando teus dedos passeiam Madrugadas que clareiam, campos pelechando em flor Chinocas pedindo amor e potros que corcoveiam
E quando a cordeona espichas aberta como prá um pialo E o verso sai de a cavalo, sobre a cadência da nota Tua mirada remota se perde coxilha acima Como quem busca uma rima sem saber donde ela brota
(Tu sim, és poeta e o mundo, prá ti se torna pequeno E nem mil poetas moreno, expoentes de Academia Campereando noite e dia, o vocabulário gasto Podem dar cheiro de pasto como tu dás à poesia)
Negro de sorriso aberto como clarão de alvorada Abre essa gaita aporreada, e canta a mais não poder Canta negro até morrer, com força de mil gargantas Pois cantando como cantas ninguém te iguala em saber.
por nelson de campos
Compositores: Jayme Caetano Braun, Pedro Marques Ortaca (Pedro Ortaca) ECAD: Obra #53488 Fonograma #1882963