Projota
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Mataram um amigo meu

Projota

Muita Luz (Mixtape)


Mataram um amigo meu, isso foi quase agora
Senti que algo ruim tava acontecendo lá fora
Olhei pela janela, uma estrela brilhou mais forte
Sabia que esse não era um sinal de sorte

Telefonema afoito, atende eu preciso falar
Já era tarde, o olho arde, eu me pego a chorar
Onde é que eu tava, que eu não tava lá
Corte a minha carne, livre a dele, faça algo pra mudar

Deus, mataram um amigo meu, e ele tava errado
Disse o que não devia, deveu e então foi cobrado
Divida vão, leve o dinheiro, leve tudo
Devolva uma vida e devolva a voz do meu coração mudo

Mudei meu modo de enxergar a vida, o mundo
Mandei meu mal ficar aprisionado lá no fundo
Porque se até meu bem já pensa em matar alguém
Meu mal porém, já teria matado sem dó, porque

Mataram um amigo meu e eu até nem sei
Quem tem mais culpa: quem matou ou eu que não salvei
Ou o sistema sujo que dá arma pro neguinho
Dá miséria e transforma em sangue a água e o vinho

Transforma em saudade uma amizade sem perdão
Me sinto fraco, perna bêbada, me jogo ao chão
Me benzi, me rendi ali caí em depressão
A vida é um pivete brincando de lego,
Se cansa desmonta, sem coração
Malditos minutos tão tenso, tão frio
Governo escroto, tão mal, tão vil
Plantaram ódio no coração do Brasil
Agora colherão corpos sem vida boiando num rio

A gente dorme achando que tá tudo bem
Que a morte é uma amiga distante que promete e nunca vem
Se o inferno existe mermo, conheço e é aqui
A maldade borbulha e o demônio se orgulha
Vi quando mataram um amigo meu
Que meu coração tentou parar
Como se quisesse que fosse eu

Meu sentimento cai sobre o papel
Como a tentativa de que o vento encaminhe ao céu
E essa moda de querer ser mais, querer ter mais
Faz com que a gente se torne tão menos do que fomos lá atrás
Lembro que ele me olhou triste, não percebi
Uma conversa poderia ter te segurado aqui
E ficam fotos e fica o arrependimento, mano
Machista demais pra ter te dito que te amo
Olha por mim, porque eu tô precisando
E quando chegar minha hora me chama pro rolê que digo: vamo!

Um bilhete de adeus em letras garrafais
Uma caixa vazia de comprimidos letais
Finalmente ele encontrou a paz
Assassinado pela sociedade que cobrou demais
Mataram um amigo meu

Larissa O

Compositores: Carlos Henrique Benigno (Caique), Jose Tiago Sabino Pereira (Projota)
ECAD: Obra #18016010 Fonograma #3684802

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