Meus 80
A tanto tempo eu me lembro quando era pequeno brincando na rua descalço e a chuva era meu chuveiro
Viajando e pensando nos anos que eu já vivi de criança á terceira idade não é tarde pra refletir
Tive tempo de falar e tempo de ficar calado, tempo de rasgar e costurar o que se foi rasgado
Tempo que foi tempo que não volta mais tempo que vivia á dois, agora só tempo de guerra e Paz
Não pude parar o tempo nem mudar a curva do vento mas com dificuldade eu tento tirar proveito do meu sofrimento
Meu pensamento lento quanto raciocínio olhos de visão nublada, com os dedos pouco domínio
Somos todos como fruta que amadurece e logo apodrece nasce como a flor e murcha como a sombra some não permanece
Num piscar de olhos se lembra e depois esquece alegra e se entristece acorda e logo adormece
Tem quem envelhece e não investe pra amadurecer, enriquece de tanto estresse diminui ao invés de crescer
O esporte que ainda pratico invisto é meu bom humor, a oração diária ao Pai analgésico que alivia a dor
Sou testemunha do passado, inspirador do futuro sei que de passo calmo eu vivo o presente e sigo o rumo
Andando, parando, dorme, acorda, levanta, senta, vencendo,vivendo, me envolvendo nos meus oitenta.
Refrão
Vou na Paz
Vou com o Pai, que ele traz
A lâmpada que me ilumina
O que através da morte traz a vida, o que cura o corte cicatriza
Vou na Paz
Vou com o Pai que ele traz
O som que a trombeta toca
Não vejo a hora de ir embora, de dormir e acordar na Glória
Lembrei do meu criador nos dias da minha mocidade com força no redentor em vigor, cheguei nessa idade
Quero sempre trazer a lembrança o que me dá esperança tentar fazer com que meu coração seja igual de criança
Mas a preocupação e o desespero fez meu rosto enrugar mais cedo o cabelo que era preto, branco, o passo que antes rápido, lento
Quando novo quis ficar velho pra viver logo em liberdade e de velho quis ficar novo pra viver mais na vaidade
As dores do corpo me visitou antes que a minha experiência minha amiga bengala me conquistou e pra andar me deu mais resistência
Feliz aquele que entende que eu sou limitado e que fisicamente demorado eu chego ao destinatário
Feliz o que ignora o café que eu derrubei na mesa e com muita paciência me ensina o que seja pra que eu entenda
Feliz aquele que compreende a minha dificuldade pra ouvir e os que me dão atenção com satisfação me fazem sorrir
Feliz o que me faz sentir que por Deus eu sou muito amado e se todos se esquecerem de mim por ele jamais abandonado
Sei que pra muitos eu sou uma rocha de tropeço e até pros meus próprios filhos no mesmo sonho eu sou um pesadelo
Vejo mas esqueço, não deixo afetar o meu coração percebo e sei que esse é o preço a ser pago com humilhação
Mas sou cristão, e por isso que insisto o velho aqui agüenta, lamento por ser tão rápida a chegada dos meus oitenta vou...
Refrão
Vou na Paz
Vou com o Pai, que ele traz
A lâmpada que me ilumina
O que através da morte traz a vida, o que cura o corte cicatriza
Vou na Paz
Vou com o Pai que ele traz
O som que a trombeta toca
Não vejo a hora de ir embora, de dormir e acordar na Glória
Agilidade com as mãos me lembro de quando tinha rápido com as pernas, membros, ossos, saúde em cima
Com lágrimas plantei, alegrias foi o que coli com enfermidades andei e na Fé cheguei até aqui
Ao meu redor, desbota a cor o meu canto desafinou eu perdi o perfume da flor meu arco íris ficou incolor
Tento ser otimista mesmo quando me sinto triste sento no meu canto, escrevo e canto vou no limite do tom da minha voz trêmula gasta e meio baixa
Perdendo o dom desafinado compunha o que cantava deixo pegadas de exemplo marcadas de bom aqui
Quero ensinar o que eu aprendi, até com os erros que eu já cometi vivi mais do que vou viver, mas ainda tenho alguns dias
Pra onde eu vou não existe dor, sofredor vai pra eterna vida obrigado Deus por manter em mim sua chama viva
Apesar de toda fadiga eu vou até o fim na minha árdua corrida entendo agora que a morte é melhor do que o nascimento
E que o final das coisas é melhor do que o seu começo as vezes a mágoa é melhor que o sorriso no rosto envelhecer é melhor que tentar ficar cada vez mais novo
Prefiro que vão á meu velório pra reflexão dos que irão me ver do que irem á meu aniversário por que pouco proveito vão ter
aguardo a morte, disposto e forte o velho coração agüenta com visto de Cristo no passaporte no porte dos meus oitenta
- A nossa vida é como um vapor, como a neblina que aparece e logo vai embora NE?
Combati o bom combate, completei a carreira e guardei a Fé.
Os nosso dias chegam até setenta, oitenta anos, passou disso é canseira e é enfado.
Os nossos dias passam muito rápido e nós voamos.
O velho tá cansado, mas tá firme e forte, em Deus.
Refrão
Vou na Paz
Vou com o Pai, que ele traz
A lâmpada que me ilumina
O que através da morte traz a vida, o que cura o corte cicatriza
Vou na Paz
Vou com o Pai que ele traz
O som que a trombeta toca
Não vejo a hora de ir embora, de dormir e acordar na Glória
Compositor: Luiz Claudio Alves Siqueira (Cacau)
ECAD: Obra #4546474 Fonograma #1847974