Ricardo Bergha
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Aqui As Sombras Mateiam

Ricardo Bergha


Aqui as sombras mateiam
Quando o Sol cruza a janela
Arrastando luzes claras
Pintando o chĂŁo numa tela
Tremeluzindo as imagens
Qual chama escassa de vela!

Aqui as sombras mateiam
Quando o Sol, lĂĄ pelas nove
Sem nem nos pedir licença
Qualquer contorno demove
E inventa seus fantasmas
Quando lĂĄ fora nĂŁo chove

Aqui as sombras mateiam
De chapéu e nazarenas
E os senhores dos galpÔes
Gente de almas serenas
Lhe emprestam silhuetas
Pra desenhar estas cenas

Lhe emprestam silhuetas
Pra desenhar estas cenas

Aqui as sombras mateiam
Junto ao silĂȘncio que habita
As rodas grandes de mate
Por onde a cuia transita
Espantando a escuridĂŁo
Que, Ă s vezes, nos faz visita

Aqui as sombras mateiam
Quando o fogo em labaredas
Vai espantando a penumbra
Embora a noite conceda
E faz dançar, nas paredes
A sombra leve das sedas

Aqui as sombras mateiam
Em gestos breves e lentos
SĂŁo eternas condenadas
À lucidez de um momento
Compondo a luz ao avesso
Copiando seus movimentos

Compondo a luz ao avesso
Copiando seus movimentos

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