Encilhei atei a cola Da minha égua estradeira E sai num trote largo Desses de buscar parteira Cruzei três ou quatro campos E uma dúzia de porteira Procurando um baile xucro Pra rebolear a ?coaieira? Esfolar as botas novas Judiar calos e frieiras.
Era num rancho de barro Desfoiado na cumieira No salão um gentirío Se amontoava pelas beiras E eu já gritei lá da porta Num jeito de brincadeira Danço de espora e mango Mesmo que o diabo não queira Ainda sirvo azevém Pras gurias caroneiras
Foi mexer nos ?camotim? E cutucar as cruzeiras. Já me prenderam o grito Vou surrar o bagaceira. Se esta com sarna no lombo Eu te tiro as coceiras, Manusiei o ?Dom Formiga? E uma adaga companheira E já fui servindo bóia Pr'um montão de varejeiras.
A gaita ninguém ouvia Com tamanha lambanceira Os caramelos zuniam Parecia uma abeieira Facilita nessa feita Tou virado em peneira Me grudei numa gorducha E fiz ela de trincheira Peleei que nem tamanduá Recostado na tronqueira.
O lampeão já tinha ido Só ficava a fumaceira E eu buscava no escuro Um buraco na ratoeira, Quando avistei o clarão Fui derrubando cadeiras Medi o vão da janela E a altura da soleira E saltei que nem um gato Em cima d'uma roseira
Me escapei todo lanhado Mas a carcaça inteira Minha égua ?benza Deus? Me esperava na porteira, Montei sem tocar estrivo Descambei numa ladeira Sem tomar nenhuma canha Sem dançar uma vanera, Por causa desse surungo Hoje vivo na fronteira.
Compositores: Severino Rudes dos Santos Moreira (Severino Rudes Moreira), Zulmar Benites de Oliveira (Zulmar Benitez) ECAD: Obra #1778881