Esse cara que tá ali E o outro acolá Fazem parte do sistema Não enxergam o problema Não conseguem acordar
É o mesmo pai e mãe É o mesmo educar O que falta de poema Sobra mais em um dilema Triste sina de sofá
Pode ser que vá crescer Um desejo de lutar Mas não tem a ferramenta Não se sabe, não sustenta Não se pode governar
Cedo ou tarde vai sair Sem destino pra pousar Tantos já sumiram antes Até bem mais importantes Não sabe, não saberá
É a vida derramada Numa escada de favela O choro não é de graça Custa mais que uma vela O menino já se foi Toda mãe chorou com ela Todo pai perdeu a fome O emprego, a espera
No jornal até fala Mas nada se faz É mais fácil dizer que Somos marginais E mostrar para o povo Que é certo aceitar Seu destino de morte Sem sequer lutar
Mas o dia passou E o povo esqueceu A memória é tão curta O banco já abriu A novela acabou Agora vai ter luta
Amanhã corre a sena Vai ter mais de milhão Vou fazer uma figa E cruzar os meus dedos Para que os meus medos Sejam só ilusão
A história que ouvimos é que quem lutar Pelos seus direitos pode se matar Por entre os becos, vielas sem fim Tantos já morreram tão perto de mim E quanto aos vivos que insistem em querer Um mundo mais justo pro filho crescer
Podem acabar na prisão federal Pois ser consciente é ser marginal Vamos juntos meu povo levanta daí Temos muitos direitos para exigir Arrancar desse peito a inércia, a dor Não deixar que nos parem com o seu terror
Com suor e coragem se fazem heróis Com amor e esperança nos fazemos nós Heróis do dia-a-dia, na vida que tem A luz que esperamos um dia já vem
Empunhemos a espada da educação Estejamos atentos e fortes, irmão Pois a luta é diária e interna também Mas o amor sempre vence, amem!
Compositor: Ricardo Almeida Ayade ECAD: Obra #21792008 Fonograma #16119253