Lobo Mau / Eu Sou Terrível / Amante À Moda Antiga
(Roberto Carlos falando)
Logicamente que a gente sabe que o que a gente veste tem sempre muito a ver com a época que a gente vive, é claro. Espero estar vestindo a época certa, hoje. Pepe, por favor, traga algumas épocas da minha vida, algumas mais. Não pensei que fossem tantas, né? Mas agora, mas agora não dá mais. Na verdade vou fazer uma espécie de streap-tease poético. É, vou me despir de algumas coisas que pra mim são razoavelmente íntimas. Mas, afinal, afinal vocês merecem essas confidências. Olha só esse coletinho, aqui, não é? Esse coletinho aqui tem, tem pelo menos uns... bom, esse colete tem seus… Esse colete, na verdade, tem uns cinco anos. É, esse colete é da Jovem Guarda. Eu me lembro muito bem quando entrava com ele no Teatro Record.
(Trecho de Lobo Mau)
Eu sou do tipo que não gosta de casamento
E tudo que eu faço ou falo é fingimento
Eu pego o meu carro e começo a rodar
Eu tenho mil garotas uma em cada lugar
Me chamam lobo mau, me chamam lobo mau
Eu sou o tal, o tal, o tal, o tal, o tal
Eu rodo, rodo, rodo e nunca penso em parar
Se vejo um broto lindo logo vou conquistar
E quando estou rodando e não tenho onde ir
Fico então pensando com qual eu vou sair
Me chamam lobo mau, me chamam lobo mau
Eu sou o tal, o tal, o tal, o tal, o tal, o tal, o tal
(Roberto Carlos falando)
Bem, essa outra roupa ela faz parte da primeira, né, ainda é da seqüência, vamos dizer assim. Me lembro muito bem quando eu... é, com esse outro colete aqui e aquela calça ali que o Pepe queria que eu vestisse aqui...não pode, não dá, assim não dá... eu cantei pela primeira vez aqui, no Canecão. Sentado ali num Fórmula Ford eu comecei a pilotar os meus sonhos, os meus desafios, né, e sempre a uma velocidade quentíssima.
(Trecho de Eu sou Terrível)
Eu sou terrível e é bom parar
De desse jeito me provocar
Você não sabe de onde eu venho
O que eu sou e o que tenho
Eu sou terrível, vou lhe dizer
Que ponho mesmo pra derreter
Garota que andar do meu lado
Vai ver que eu ando mesmo apressado
Minha caranga é máquina quente
Eu sou terrível, eu sou terrível
(Roberto Carlos falando)
É, aqui as coisas mudaram um pouquinho, já foi uma época um pouco mais romântica. Foi a época do terninho e do cravinho, só falta o lencinho. É, mas com essa roupa eu vivi um personagem, um personagem muito simpático – pensei até que não abotoasse mais. É, vivi com essa roupa o simpático amante à moda antiga. Naquela época já era antigo, agora então...
(Trecho de Amante à Moda Antiga)
Eu sou aquele amante à moda antiga
Tipo que ainda manda flores
Apesar do velho tênis e da calça desbotada
Ainda chamo de querida a namorada.
(Roberto Carlos falando)
Com essa roupa aqui eu vivi uma das maiores emoções de toda a minha vida. É, está meio enxurriadinha, é claro, afinal de contas depois de, depois de quatro anos, não é? É, me lembro muito bem quando eu cheguei em San Remo, quatro anos atrás. E tremia, tremia no aeroporto, tremia, e aí, no hotel, tremia ainda mais. Então abri a mala, aquelas coisas todas, então peguei essa roupa aqui, e tremia, tremia ainda mais. Mas valeu, talvez até se eu soubesse até o que ia acontecer eu não tinha tremido tanto, ou de repente até tinha tremido mais. É, mas eu disse, é com essa que eu vou. E foi assim mesmo que naquela noite maravilhosa com Sérgio Endrigo eu vivi aquela emoção toda.
Compositores: Erasmo Esteves (Erasmo Carlos), Roberto Carlos Braga (Roberto Carlos)
ECAD: Obra #18539646 Fonograma #9554