Eu tinha ido a cidade, Eu vinha vindo tão bem, Não tinha crise de asmas, Os meus negócios iam bem, Mas de repente, um minuto, Tudo mudou só eu sei, Aquela voz sussurrando, Aquela voz a dizer:
Estação Glória.
Que voz, que coisa esquisita, Eu nunca vi coisa igual, Era uma voz de fantasma, A voz de um morto no trem, Eu tinha ido ao trabalho, Eu vinha vindo tão bem, E aquela voz sussurrando, Aquela voz outra vez:
Estação Catete.
Eu fui perdendo o controle, Eu tava dentro do trem, Na minha frente um babaca, Tu tá me olhando por que ? Eu vivo sempre sozinho, Eu vinha vindo tão bem, E aquela voz sussurrando, Aquela voz outra vez:
Estação Largo Do Machado.
Tô indo não sei pra onde, Se eu vim não sei de onde foi, Eu tô por cima dos trilhos, Eu nunca sei quem eu sou, A voz me dá calafrios, A voz me enche de horror, E lá vem ela subindo, Aquela voz, não, não...
Estação Flamengo.
Eu olho pela janela, Eu vejo só escuridão, Eu tô debaixo da terra, Será que tudo é ilusão? Aqui parece o Infermo, Eu não consigo entender, Aquela voz sussurrando, Aquela voz a dizer:
Estação Botafogo.
Os nervos à flor da pele, Os olhos em combustão, Os dedos todos tremendo, O meu coração na mão. Eu tô chegando no ponto, O que será que eu vou ver? E aquela voz sussurrando, Aquela voz a dizer: