Levei uma porrada no mictório, Caí em cima da merda, bebi uréia, Corri pro lavatório: não tinha água. Olhei pelo espelho: que sacanagem!!!!
Saí pela avenida desatinado, Chamaram até polícia, fui autoado, Fui preso numa cela, de madrugada Vieram dois crioulos e me curraram.
Mas na manhã seguinte, Que maravilha!!!! Me deram armistício, Tive alforria, Saí pela avenida desembestado, Veio uma viatura e nova porrada.
Pus sangue pela boca, pelos ouvidos, Caí em estado-de-coma, hemorragia, E até os transeuntes que ali passavam, Sentiam um arrepio e viravam a cara.
O sangue foi correndo pela cidade, Desembocou na praça, encheu as casas, Correu no meio fio, pela calçada E desaguou no meio de um mar de náufragos.
O mundo estava em crise, Como é que eu posso?! Fizeram alquimia com a hemoglobina, O monstro foi nascendo em laboratório E de repente o sangue virou petróleo. Primeiro foram os presos da Ilha Grande, Depois os brasileiros de oitenta anos, Chegou a vez dos índios, dos traficantes, E por fim foram os mendigos e os delirantes.
Fizeram um monumento em minha homenagem, Tirei fotografia, ganhei aplausos. Falei com o presidente Da rede Globo E fui condecorado com o prêmio Nobel.
Levei uma porrada no mictório, Caí em cima da merda, bebi uréia, Corri pro lavatório: não tinha água. Olhei pelo espelho: QUE SACANAGEM!!!!!!