Eu escuto, eu vejo e leio com receio A loucura nas telas em meus devaneios Pessoas ligadas, mas tão solitárias E desesperadas pra serem notadas Se mostram demais e falam demais Não pensam jamais nos desfechos finais Apontando, ferindo, brigando e seguindo Sofrendo, sorrindo, ostentando e fingindo Discutem o que é fútil, o que é raso e inútil Ao invés do que melhoraria seu mundo Uma bunda, o cabelo, um palhaço de terno Cagando pela boca um discurso perverso Que escancara a fraqueza da nossa nobreza Da falta de alguma ideia coesa Que surja, inclua, instrua e nos una E preencha a lacuna dessa vida soturna
Um relacionamento, bonito e sincero Transmutado tormento do abuso indiscreto Difamada, traída foi retransmitida Assombrosa ferida jamais esquecida Ações libidinais se tornando virais É sua intimidade em vários canais A verdade exaurida foi emudecida Pela conveniência das horas corridas É o vício profundo do microssegundo O moderno usufruto do poço sem fundo Fora a selvageria de todos os dias Tem a psicopatia que para alguns é alegria Violências carnais em cenas medievais Compartilhadas na rede como imagens banais A risada imunda de uma alma moribunda Nos lembra onde nossa decência chafurda
Há mais dispositivos que gente na terra Um reflexo de um estilo de vida de merda Tanta informação bem na palma da mão Mas é quase impossível mudar de opinião Se há certeza demais haverá o grito voraz Temos muito pavor do que a mudança nos traz E assim produzindo mais que consumindo Concentrando riquezas e ao resto oprimindo A manipulação digital polariza E com a televisão tudo se potencializa Enquanto irmão mata irmão por algum motivo idiota O verdadeiro vilão bebe uísque em xoxotas Você é burro, eu sou burro, somos burros não esqueça Todos manipulados dos pés à cabeça Importante mesmo é poder me mostrar Num tussouds online pra minha imbecilidade imortalizar
Compositor: Marcelo da Costa e Souza (Rufus Lumberjack) ECAD: Obra #20445724