O alvorecer no Sertão Canta o galo no poleiro Ronca o porco no chiqueiro, Berra o bode no oilão Levanta-se a bicharada, Desperta-se a passarada Trazendo o Sol pro Sertão
Canta golinha, canta Canta bigode, canta
O gato salta um miado Pelo cachorro insultado Enraivando a cozinheira O guiné faz alarido E tesouro solta um mugido Que abala toda ribeira
Canta rolinha, canta Canta juriti, canta
O mocó se desentoca Da parte fria da loca Pra pegar sol no serrote Um gavião deixa o ninho Em busca de um passarinho Pra alimentar seu filhote
Canta pacu, canta Canta gangarra, canta
Siriema canta longe No bebedouro a cambonje Salta um cantar matinal Pica-pau despensa o bico Furando o pé de angico Batendo a língua no pau
Canta canário, canta Canta garrincha, canta
Sabiá canta
Sabiá, concriz, Viana Fazem o show mais bacana Na copa de uma mangueira E o sebito tão minúsculo Pulando na catingueira Canta vem-vem, canta Canta azulão, canta
Duas casacas-de-couro Soltam seu canto de ouro Tecendo o ninho seu Embelezando o baichio Dizendo que amanheceu
Canta xexéu, canta
Canta bem-te-vi, canta
Esta grande sinfonia Enche o sertão de alegria Com belos toques divinos Só quem vive essa beleza É roceiro sem riqueza Nos catingais nordestinos