Tamara Franklin

Fugio

Tamara Franklin

Fugio - rotas de fuga pro aquilombamento


Tirando uma rimas do armário
armando meu novo cenário, amando meu próprio trabalho
com convicção pra rasgar
cartas marcadas nesse baralho

O homem é falho
mulheres trazem marcas que doem pra caralho
Desculpa mãe
Nem sou de falar palavrão

Palavras caindo num vão
E quem chama o nome de Deus em vão
é porque não sabe
que a senhora é muito ocupada

E eu te prometi, férias na Bahia
que é pra compensar os banhos na bacia
em tempos de dias tão quentes
e de noites tão frias

Mas tudo o que eu tenho é conta na gaveta
umas rimas guardadas na ponta da minha caneta
e aquela vontade de vencer as tretas
que começam na minha mente

Agora eu cresci, finalmente
Entendi que o tempo não mente
Passa e arrasta implacavelmente
tudo e todos que vê pela frente

Os carro e as lente, os rolezin diferente
Os boy sorridente, seu corpo docente
seus papos fúteis, sua faculdade e seus pentes
não foram feitos pra gente

E o que que cês querem da gente?
Tiraram tudo da gente!
Mas hoje eu ressurjo, leoa
Savana é olho por olho e é dente por dente

Se um de nós cair, vai cair um de lá
se um dos meus quer subir, ajudo a levantar
e pões nós nos baile (Ó, ó)
e põe nós nas foto (Ó, ó)
O que que aqueles boy tão bebendo ali?
Enche meu copo, enche meu copo
e pões nós nos baile (Ó, ó)
e põe nós nas foto (Ó, ó)
O que que aqueles boy tão bebendo ali?

Meu preto vem, deita do meu lado
fica calado, beija minha nuca
Eu me arrepio, ele me abraça e eu suspiro
Deus! Tô ficando maluca

Ele nem imagina, que eu tô a milhão na pista
ideação terrorista
Puta, quando ele me conta
que tomou outro pulão dos policia

Morte aos racistas!
beija minha boca e bebe os venenos que eu passo sozinha
e me fala: calma, vai vendo pretinha
a nossa união é política

E eu sinto paz no caos de não saber
quando entra o próximo cachê
Mantendo o equilíbrio onde papo de
carteira e calcinha já virou clichê

Quase cinco anos entre xerox e lanche
e eu ainda contando moeda
dando pulão nos balai pra estudar
e contrariar quem contava com a queda

Vou construir vitória com vibranium
por mim e por todo bom Wakandano
Erguer do tombo, novo quilombo
nosso orgulho nos versos que eu canto

Se um de nós cair, vai cair um de lá
se um dos meus quer subir, ajudo a levantar
e pões nós nos baile (Ó, ó)
e põe nós nas foto (Ó, ó)
O que que aqueles boy tão bebendo ali?
Enche meu copo, enche meu copo
e pões nós nos baile (Ó, ó)
e põe nós nas foto (Ó, ó)
O que que aqueles boy tão bebendo ali?


Vizinhança ainda é do barulho
rolê de respeito por esse bagulho
Uma Dose de sonho eu trouxe do subúrbio
pra minha sobrinha cantar com orgulho

Lutei, não dormi no barulho
cavei, poços no meio do entulho
fugi do que tinham pra mim no futuro
tracei minhas rotas, quebrando seus muros

Fugi do que tinham pra mim no futuro
tracei minhas rotas, quebrando seus muros
(Fugi, eu fugi... eu fugi...)

e pões nós nos baile (Ó, ó)
e põe nós nas foto (Ó, ó)
O que que aqueles boy tão bebendo ali?
Enche meu copo, enche meu copo
e pões nós nos baile (Ó, ó)
e põe nós nas foto (Ó, ó)
O que que aqueles boy tão bebendo ali?

Compositor: Tamara Mangabeira Franklin (Tamara Franklin)
ECAD: Obra #38749539 Fonograma #21860819

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