Eles eram do outro lado, Vieram na vila casar. E atravessaram a serra, O noivo com a noiva dele Cada qual no seu cavalo.
Antes que chegasse a noite Se lembraram de voltar. Disseram adeus pra todos E se puserem de novo Pelos atalhos da serra Cada qual no seu cavalo.
Os dois estavam felizes, Na altura tudo era paz. Pelos caminhos estreitos Ele na frente, ela atrás. E riam. Como eles riam! Riam até sem razão.
A Serra do Rola-Moça Não tinha esse nome não.
As tribos rubras da tarde Rapidamente fugiam E apressadas se escondiam Lá embaixo nos socavões, Temendo a noite que vinha.
Porém os dois continuavam Cada qual no seu cavalo, E riam. Como eles riam! E os risos também casavam Com as risadas dos cascalhos, Que pulando levianinhos Da vereda se soltavam, Buscando o despenhadeiro.
Ali, Fortuna inviolável! O casco pisara em falso. Dão noiva e cavalo um salto Precipitados no abismo. Nem o baque se escutou. Faz um silêncio de morte, Na altura tudo era paz ... Chicoteado o seu cavalo, No vão do despenhadeiro O noivo se despenhou.
E a Serra do Rola-Moça Rola-Moça se chamou.
Compositores: Martinho Jose Ferreira (Martinho da Vila), Mario de Andrade ECAD: Obra #458060 Fonograma #1362961