Arrecebi uma carta que veio lá de pardinho Pra terminar uma empreitada que eu peguei com Ferreirinha Pra buscar aquele mestiço no campo do espraiadinho Aquilo no coração atravessou como espinho Não tinha mais companheiro tinha que seguir sozinho
Por não ter outro vaqueano resolvi ir no redomão Trouxe o potro na mangueira lacei e passeio no mourão Arriei com garantia duas barrigueiras e um chinchão Quando ganhei o zarreio o potro virou um leão Preguei a espora no peito pra limpar meu coração
Sozinho praqueles campo bati todos maiador Achei o lugar fresquinho onde o mestiço posou Segui a batida do boi que desceu pro bebedor O mestiço vinha vindo e de longe me avistou Alembrei no Ferreirinha e a coragem redobrou
O mestiço furioso pro meu lado ele partiu Que nem faísca de raio no potro ele investiu Joguei o laço de tirão que os tentos até ringiu A laçada fez um oito quando nas guampas caiu O redomão veiacava virava de corrupio
Com o boi no chinchador me custou pra por na linha Queria limpar meu nome também o do ferreirinha Terminar aquele trabalho empreitada tão mesquinha Labutei com o mestiço com traquejo que eu tinha Depois de muito trabalho que mostrei a ciência minha
Ao passar uma restinga o potro e o boi levei Naquele lugar tão triste que morto o rapaz achei Soluçando de saudade um cruz ali finquei Com a ponta de minha faca essas palavras eu gravei Descansa em paz Ferreirinha que a empreitada terminei
Compositores: Antonio Pinheiro de Moraes (Pinheirinho), Germano Galdino ECAD: Obra #48791 Fonograma #364010